• capítulo 9 •

680 75 9
                                    

       Esperei o tempo passar até que o horário de almoço chegasse. Cheguei no restaurante um pouco mais cedo do que devia.
        O restaurante era decorado com tons brancos e dourados, que destacavam o cardápio tão acima da média. Peguei uma mesa de dois assentos no centro do saguão do restaurante. Disse que ainda estava á espera de alguém.
        Desde que a viagem a Jeju chegou ao fim, todos foram pra uma direção diferente, o que era horrível. Hyunjin pensava seriamente em acabar com o contrário com a Modelle, uma coisa que a Young-IL até então não fazia ideia, a Yeji não estava mais na Coreia, o que acabava com a popularidade da Modelle. A Young-IL se tornou alguém mais importante do que deveria pro Hyunjin, o que também me afetava. Não faço ideia do que eles tem ou tiveram juntos, e pouco me importa, odeio o simples fato de me afetar nessa situação.
         Ela chegou no restaurante com uma feição fechada. Colocou a bolsa pendurada na lateral da cadeira e se sentou. A principal diferença entre nós não era só o jeito de se vestir, até por que eu usava palitós femininos com strass, e ela, uma blusa azul claro um pouco maior do que uma blusa convencional pro tamanho dela.
           Assim que ela me olhou nos olhos, sorri de canto e fiz questão de bater palmas no meio de todas as outras pessoas no restaurante.

— Soube que fez um ótimo trabalho em Jeju. Você não é só um capacho do Deputado Kim, também é alguém muito útil.

— Esse foi o início de conversa mais estranho que eu já vivi — ela suspirou — Foi pra isso que você me ligou?

        Eu exclamei e balancei a cabeça, afastando os pensamentos aleatórios

— Preciso te pagar, mas não tenho sua conta. Não sei quanto você cobra pelo seu trabalho, mas vou pagar o suficiente.

         Ela se encheu de autoconfiança e me tratava de igual pra igual, e não como uma chefe.

— Soube que a Yeji voltou pra Suiça. A Modelle deve ter perdido bastante público, não é?

         Eu assenti prensando a mandíbula

— É inevitável. Acho que a Yeji chama atenção por estar noiva de cara sueco. O amor deixa as pessoas mais bonitas. E faz tempo que o Hyunjin não gosta de alguém.

— E como sabe disso?

— Fui a última de quem ele gostou

        Ela empalideceu por um segundo enquanto seus olhos pareciam perdidos. Ela parecia procurar um argumento dentro de si mesma pra uma discussão sem sentido.

— Não me interessa a vida amorosa dele — ela respondeu com agressividade — Ele mesmo pode me contar se quiser

— Então quer ouvir isso dele? Sabe, Young-IL, eu sinto pena de você, por gostar da pessoa errada, por ser uma pessoa tão confusa, e por todas as coisas que você se submeteu quando ainda estava na escola — ri anasalada — Tudo por dinheiro...

— Não diga nada sobre aquela época. Você não tem esse direito... Já terminou de brincar comigo?

— Ainda não — peguei minha bolsa e coloquei no meu colo

         Procurei pelo meu celular e desbloquiei a tela assim que o achei. Abri os contatos e procurei o número do Hyunjin.
         Coloquei o celular com a tela virada á mostra em cima da mesa, e encarei os olhos castanhos da Young-IL

— Liga pra ele, é o que eu duvido que você faça — eu desafiei — Se sentiu bem enquanto tava com ele, então por que não liga?

        Ela prendeu a respiração enquanto olhava o contato do Hyunjin.
        Se dependesse da vontade dela, ela nunca ligaria. Não por falta de vontade, mas por falta de coragem. Esperei até que ela dissesse alguma coisa, mas ela ignorava a existência do celular, se auto convencendo de que a ligação não era necessária.

— Não vai ligar?

         Ela negou em silêncio com uma postura firme.
         Suspirei e toquei no botão de “ligar”. O celular tocou duas vezes e ela o agarrou na mesa, levando ele pro lado de fora do restaurante pra atender a ligação.
         Se fosse fácil desde o início, eu não teria esperado tanto.

➴ 𝐘𝐨𝐮𝐧𝐠-𝐈𝐋 𝐏𝐨𝐢𝐧𝐭 𝐨𝐟 𝐯𝐢𝐞𝐰 ❠

       Levei o celular da Mi-Hi comigo pra fora do restaurante. Se o Hyunjin atendesse a ligação, não queria que ela ouvisse nem sequer um segundo da conversa. Ela é tão venenosa quanto uma víbora.
        Ela ainda conseguia me ver através das janelas do restaurante, mas não me concentrei nisso depois de notei que a ligação havia sido atendida.
        Pensei em mil coisas pra dizer, mas não disse nada, o que me fazia odiar a mim mesma por isso. Ele provavelmente achava que era a Mi-Hi, e talvez ele tenha atendido por que era ela, e o fato da voz da Mi-Hi percorrer a minha cabeça repetindo “Fui a última pessoa de quem ele gostou” só me fazia pensar que ele não atenderia se soubesse que era eu.

— Está pensando em sair da Modelle?

        Ele tomou um silêncio pra raciocinar que era minha voz

— Como soube?

— A Mi-Hi queria me ver. Conversamos sobre algumas coisas. Por isso estou com o celular dela.

Estranho. Ela não gosta de ver ninguém. Muito menos pra conversar

— Pois é... Eu queria te ver. Não nos vemos desde a viagem pra Jeju. Por isso a Mi-Hi me convenceu a te ligar

       Não queria admitir que fui pressionada a isso.

— Talvez seja bom. Preciso te devolver uma coisa. Ainda que eu possa cometer um erro se te encontrar agora, mas eu te passo o endereço.

        Ele desligou a ligação depois de dizer isso, e logo, recebi um endereço no celular da Mi-Hi, o contato do Hyunjin nem ao menos estava salvo...
         Voltei pro restaurante, e devolvi o celular pra ela. Não respondi nenhuma das suas perguntas, só peguei minhas coisas e pedi o primeiro táxi que vi pela rua.
         Por alguma razão, o endereço que o Hyunjin havia passado no meu celular também, era de um hotel. Como alguém famoso, imaginei que ele ao menos tivesse uma casa própria. Não fazia sentido considerar o hotel sua própria casa.
        A recepção pediu minha identificação, e mesmo com o estômago retorcido, entrei no elevador, que foi uma passagem clara de “agora não tem mais volta”. Eu disse que queria vê-lo, e realmente queria. Então me sentia mal por querer dar meia volta e desistir disso.
         Pensei tanto no que eu poderia fazer e no que eu deveria, que quando me dei conta, estava na frente do quarto de hotel que ele estava hospedado, mas não sentia coragem o suficiente pra bater naquela maldita porta.
        Tudo o que a Mi-Hi disse, e tudo o que ela faz, é um sinal claro de que ela tem tudo o que quer na palma da mão, inclusive, meus sentimentos.

𝙋𝙄𝙉𝙏𝙐𝙍𝘼 • 𝐻𝑦𝑢𝑛𝑗𝑖𝑛Onde histórias criam vida. Descubra agora