• capítulo 22 •

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➴ 𝐅𝐞𝐥𝐢𝐱 𝐩𝐨𝐢𝐧𝐭 𝐨𝐟 𝐯𝐢𝐞𝐰 ❠

       Eu sei bem que a intenção de beijar foi primeiro da minha parte. A Mi-Hi podia ser arrogante, difícil, insensível e com certeza com quase nenhuma empatia, e eu como um idiota, ainda continuava gostando dela com a consciência de que isso era errado.
       Ela tinha consciência de que tudo o que fez e as atitudes que tomou no passado eram erradas, e agora parecia querer o meu perdão, me ajudando nas mínimas coisas. Ela elogiou o meu trabalho assim que eu o entreguei, e me levou em casa no carro dela sem que pedisse por isso. Passamos o caminho todo sem dizer uma palavra. O que deveria ter nos aproximado, nos transformou em dois estranhos que tinham a vontade de se conhecer do jeito certo.
      Sai do carro assim que chegamos, e ela saiu junto comigo, dando a volta no carro pra me ver cara a cara uma última vez.

— Valeu, boa noite — tentei encerrar a conversa antes mesmo de começar

— Eu posso te dar espaço e tempo pra pensar, mas eu também quero uma resposta sua. Não sei o que eu quero ser pra você a partir daqui.

— Talvez você continue sem saber, um beijo pode não significar nada no final. Eu também não sei o que eu quero ser pra você, então o melhor é focar no meu trabalho, e te enxergar como uma chefe, por que é o que você é pra mim — fui direto, o que me deixava orgulhoso de mim mesmo — Mas independente do que você fizer ou qual atitude escolher, eu ainda vou gostar de você, e eu odeio isso.

      Tudo acabou sem nenhum drama a mais pra minha noite. Entrei em casa com o corpo cansado e a minha cabeça que não parava de girar e dar sugestões do que eu deveria fazer, mas não sobre como fazer.
      O Hyunjin também estava em casa a essa hora. Ele estava procurando alguma coisa por todos os cantos como um manico, nem ao menos notou quando eu cheguei, e estava cansado demais pra questionar ou oferecer a minha ajuda pra procurar. Me joguei no sofá, e pensei comigo mesmo por um longo tempo.
       Nunca estive em um relacionamento, e não me faltaram oportunidades pra isso, só nunca senti alguma coisa que realmente me fizesse ficar por alguém, mas agora, eu sentia a necessidade de ficar, e não só a vontade.
        O barulho finalmente parou, e o Hyunjin se sentou do meu lado no sofá. Ele segurava uma caixa pequena, que de dentro, tirou dois pares de lentes de contato. Já vi ele usando óculos, mas nunca as lentes.
        Aparentemente, ele mal sabia como colocar, já que me agoniava ver ele se complicar tanto com uma coisa tão simples como aquela. Inspirei fundo tomei paciência.

— Você sabe colocar essa coisa? — ele questionou, e eu assenti

— Minha irmã usava a um tempo atrás.

— Eu nunca usei, costumo usar óculos, mas eu não acho eles aqui

— É complicado...

       Ficamos de frente um pro outro, peguei a lente de contato na ponta do dedo, e com a outra mão, segurei o queixo do Hyunjin, aproximando um pouco mais até que pudesse colocar a lente. Sentia a respiração quente dele, talvez ficar um tanto próximos um do outro era estranhamente cômico pra mim.
       Os olhos dele era realmente finos vistos tão de perto.

— Não acha isso estranho? — questionei de pertinho

— Tem alguma coisa errada com a lente?

— Não, com a lente não. É que a gente tá bem perto. Eu sinto uma coisa dentro dos seus olhos

— Então sente isso de longe — ele disse me afastando

       Pode ter sido estranho no começo, mas depois de um esforço, ele colocou a lente sem a minha ajuda.
       Quando a situação se normalizou de novo como antes o Hyunjin notou que eu estava diferente quando eu cheguei, e também disse que viu o carro da Srta Mi-Hi na frente de casa antes de eu entrar, não dava para esconder o fato de que ela realmente estava aqui antes.
        Acabei contando sobre o beijo, o que acabou o deixando boquiaberto e uma expressão bem dramática. Pedi também que ele não contasse para mais ninguém sobre isso, eu contaria pra Young-IL quando fosse a hora certa.

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𝟚 𝒅𝒂𝒚𝒔 𝒍𝒂𝒕𝒆𝒓

        Ao menos uma vez ao dia eu recebi uma mensagem da secretaria da Modelle falando em nome da Mi-Hi. Diziam que ela queria conversar comigo e resolver certos assuntos, e também pedir desculpas, mas depois de pensar bastante sobre isso, percebi que ela não precisava pedir desculpa por nada. Ela errou muito, não só comigo, mas o fato de que ela se arrepende disso, e pretende demonstrar que mudou do que só falar, talvez fosse um sinal de que ela realmente tinha intenção de ser uma pessoa melhor.
        Já haviam se passado dois dias, e eu concordei, muito contra minha vontade, a conversar com ela uma última vez no parque central de Busan. Era perto do mar aberto, dava pra ver a praia logo dali. Eu só precisava de uma chance de conversar com ela, para ser totalmente sincero, assim como ela foi comigo aquele dia.

— Que Irritante — foi a primeira coisa que eu ouvi sair da boca dela assim que chegamos á vista do mar, separados por uma grade do parque

       Sentia o cheiro da maresia, e o sol forte e a brisa destacava a Mi-Hi apesar de tudo isso.

— Eu sou irritante? — disse com ironia, e ela sabia disso

— Eu tô irritada, porque eu arranjei um tempo, mas cheguei 10 minutos atrasada.

— Não faz mal se atrasar. Ninguém consegue ser pontual sempre.

— Eu conseguia, antes

— É muito legal saber que você arranjou um tempo para ficar comigo.

— Eu não devia ter vindo até aqui. Eu não tô nada bem, eu arranjo tempo quando não posso só para ficar com você, mas no fim eu nunca sei o que você quer exatamente, não sei que tipo de resposta tá procurando... Pra mim você tem sido o meu conforto e as vezes o meu desespero.

— Desespero?

— tudo piorou quando eu comecei a sentir a sua falta. Eu odiava isso.

       Nunca sabia quando a Mi-Hi me dava a liberdade de ser quem eu era, mas as vezes, acho que ela gostava de cada detalhe meu.
       Segurei o antebraço dela e puxei pra um abraço. Se eu era o conforto dela, então queria ser em todo momento que ela precisasse.

— Mesmo reclamando de tudo, você continua fofa.

— Garoto, eu nunca te deixei me chamar de fofa

— E você continua me chamando de garoto.

— E do que mais que te chamaria, garoto?

— Quando eu me formar na faculdade, do que vai me chamar?

— Folgado.

— E se desistir do curso?

— Desistente.

— Quando vai parar de em chamar de garoto?

— Quando tiver uma vida bem sucedida. Mas gosto que ainda seja um garoto.

— Gosta de mim por isso?

— Claro que não. Gosto de você por quem você é, e não pelo seu título.

       Sabia desde o início que entrar em um relacionamento com a Mi-Hi era um sinal de muitas complicações, e eu, aceitei tudo isso logo de início. Talvez eu seja realmente só um garoto bem inexperiente, mas nem ligava pra isso.

𝙋𝙄𝙉𝙏𝙐𝙍𝘼 • 𝐻𝑦𝑢𝑛𝑗𝑖𝑛Onde histórias criam vida. Descubra agora