• capítulo 24 •

300 40 0
                                    

➴ 𝐘𝐨𝐮𝐧𝐠-𝐈𝐋 𝐏𝐨𝐢𝐧𝐭 𝐨𝐟 𝐯𝐢𝐞𝐰 ❠

       Depois de algum tempo, pareceu que tudo estava no lugar que deveria estar. A Mi-Hi não me mandou mensagens desde então, o Felix quase nunca parece estar em casa, e a Soo-Min não se importa de ver o Hyunjin em casa quase todos os fins de semana (e alguns dias úteis da semana também). Nenhum deles me contaria se eu perguntasse, mas tinha certeza de que o Felix e a Mi-Hi estavam namorando.
        O Hyunjin ficava em casa quase o dia inteiro, aproveitávamos o tempo juntos sem a necessidade dizer alguma coisa. Ele me passava conforto.
Já era tarde de noite. Desliguei meu computador, e com os olhos cansados e marejados da tela do computador, me deitei na minha cama, onde o Hyunjin já estava a algum tempo.

— Fazia um tempo que eu não deitava em uma cama — ele disse sem tirar os olhos do caderno de desenho

— O Felix faz você dormir no chão?

— Não, no sofá, assim como quando eu morava aqui

       Ri, por que tristemente era verdade.
       Os desenhos do Hyunjin se retratavam sempre com linhas finas e rabiscos delicados que se chamam de arte. As vezes usando aquarela, ou um rascunho, que se torna um rabisco, e logo, se torna exatamente o que deveria ser.
       Ele estava desenhando um rosto feminino, com o cabelo um pouco abaixo dos ombros, e um óculos de leitura olhando para o "nada". Uma parte de mim dizia que era eu, mas seria egocêntrico da minha parte pensar assim

- Fico orgulhosa que você tenha decidido estudar na KArts.

- Eu não tô velho demais pra você sentir orgulho de mim?

- Será que é tão velho? - questionei com ironia enquanto puxava a pele do rosto dele, com a certeza de que ela não era flácida como a de um "velho"

Ele deixou o lápis de desenho de lado, e arranjou um pouco de atenção pra mim.

- Quem é a menina que você estava desenhando?

- É você. Quando você ficou horas na frente do computador, foi o tempo necessário pra te desenhar

- Vou tentar ficar ocupada mais vezes

Folheando o caderno de desenhos dele, percebi como ele gostava de desenhar pessoas, flores, ou até ele mesmo. Não conseguia ver exatamente o motivo de desenhar esse tipo de coisa, mas não questionei, afinal ele parecia gostar.
Olhando agora, com os olhos dele quase fechados de cansaço, não conseguia acreditar que há dois meses atrás ele era um modelo nacional da Coreia, e agora, era um calouro universitário da KArts, e meu namorado.
Talvez eu tenha feito uma coisa muito boa na vida passada pra ter ele na minha vida agora

- Você sempre se esforça muito - disse tirando uma mexa de cabelo dele do meio do rosto

Fechei o livro de desenhos e coloquei na mesinha ao lado da cama.
Até esse horário, achei que ele tivesse caído completamente no sono. Ele se ajeitou perto de mim, e sussurrou algo inaudível antes de sua boca tocar a minha. Era algo tão delicado que me fazia cócegas, e sorria mesmo com nossas bocas juntas. Minhas mãos vão para seu peito, meus lábios se separam quando ele me beija. Eu beijei poucos garotos na minha cidade. Fiquei com alguns deles também, mas isso parece diferente do que vivi. Talvez seja porque meus sentimentos por Hyunjin são mais fortes, ou porque Hyunjin não beija como um garoto desleixado e inseguro, com as mãos como uma bagunça. Com ele, eu sentia mais confiança, do tipo que não me fazia me sentir inferior, e sim, do tipo que destacava cada coisa em mim.

꧁꧂
𝒕𝒉𝒆 𝒏𝒆𝒙𝒕 𝒎𝒐𝒓𝒏𝒊𝒏𝒈

Acordei antes do meu despertador. O Hyunjin ainda parecia que iria dormir bem mais do que só alguns minutos, então não tentei acordá-lo. Me sentei na beirada da cama quando vi uma notificação no meu celular enviada minutos atrás. Era a Mi-Hi, me convidando pra tomar café em Changnyeong. Disse que só iria se ela me desse uma carona, e ela aceitou sem retrucar.
Também não perguntei o motivo, mas aceitei por que ela se ofereceu pra me levar e pagaria por isso. Ela é rica, não deve fazer diferença.
Senti as mãos frias do Hyunjin lentamente passarem por baixo da minha blusa e abraçarem o meu dorso por completo. Ele ainda continuava com os os olhos fechados enquanto murmurava algo quase inaudível, mas em certos pontos, eu conseguia entender.

-Vou tomar café com a Mi-Hi.

- Tão cedo? - ele disse com uma voz arrastada

- É uma cafeteria em Changnyeong, é um pouco longe daqui.

- E desde quando você é amiga da Mi-Hi?

- Nunca fui, mas ela vai pagar tudo - me levantei, tirando as mãos dele de mim

Provavelmente ele não lembraria de nada depois que acordasse de verdade.

- Trago alguma coisa pra você assim que eu voltar - beijei a testa dele, e ainda que ele não tenha dito nada, Realmente traria algo de Changnyeong

Peguei as roupas no armário, com cautela na intenção de fazer o mínimo de barulho, e me troquei no banheiro, e esperei na frente de casa até que a Mi-Hi viesse. Ela provavelmente lembrava o endereço depois de ter vindo beber de madrugada na minha casa.

Durante todo o trajeto, a Mi-Hi tinha as regras dela. Não falar no carro, não colocar músicas e não ouvir músicas no próprio fone de ouvido, tudo isso desconcentrava ela. Sorte que não demorou pra chegarmos a cafeteria, eu estava com fome, frio, e irritadiça com a lista de regras da Mi-Hi.
Pegamos a mesa próxima á janela, e fizemos os nossos pedidos. Achava meramente estranho que a Mi-Hi não tenha dito nada relevante até agora, na realidade, não havia dito nada desde que chegamos.
Ambas mexiamos no celular esperando o café de cada uma, mas eu não conseguia deixar de encará-la em certos momentos.
Desliguei o celular e respirei fundo antes de me arriscar a falar com ela.

- Se não tem nada pra fazer hoje, vá ficar com ele. - ela desligou o celular e me encarou com os olhos baixos - Você sempre se mete na minha vida amorosa, então achei que pudesse fazer o mesmo.

- Eu não tenho vida amorosa - ela disse com uma risada anasalada

- Como consegue ser tão sínica? Por que me trouxe até aqui?

- Não queria tomar café sozinha dessa vez. E se eu trouxesse um homem comigo, a mídia poderia falar em cima. Essas coisas acontecem. E se me acusassem de namorar um universitário, seria o fim pra mim - levantei às sobrancelhas impressionada de que ela realmente falava isso com uma emoção sincera

- Isso não é errado. Não faz sentido te acusarem como uma criminosa.

- Essa é a primeira vez que eu concordo com você. Me deixa até arrepiada

- Também é difícil pra mim - admiti - Tô sentindo empatia por você... Aqui as coisas são muito caras? Prometi que levaria alguma coisa pro Hyunjin.

- Escolha o que quiser dar. Eu pago por você.

- Isso é o seu dinheiro ou sua gentileza me ajudando?

Ela buscou com os olhos, como se estivesse realmente pensando nisso.

- Vou pensar nisso e te falo mais tarde - ela respondeu com sinceridade

Tomamos o café rápido e em silêncio. Qualquer minuto a menos que pudéssemos passar juntas, valia a pena.
Por um momento me questionei se estavamos realmente nos tornamos amigas, mas se eu pensasse muito nisso, seria internada em um hospital local.

𝙋𝙄𝙉𝙏𝙐𝙍𝘼 • 𝐻𝑦𝑢𝑛𝑗𝑖𝑛Onde histórias criam vida. Descubra agora