• capítulo 21 •

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➴ 𝐘𝐨𝐮𝐧𝐠-𝐈𝐋 𝐩𝐨𝐢𝐧𝐭 𝐨𝐟 𝐯𝐢𝐞𝐰 ❠

     Nunca gostei tanto de filmes, mas assistiriamos no sofá da minha casa, a Soo-Min havia feito uma viagem de negócios poucos dias atrás, então era bom pra passar um tempo com ele sem pensar no turbilhão de outras coisas nas nossas cabeças.
       O filme tinha um longe tempo de duração. Era um suspense antigo americano, não era o melhor filme que eu já havia visto, era longe disso. A pipoca acabou rápido, o refrigerante acabou logo depois. Não vimos a hora passar. Já havia lua no céu e a única coisa que iluminava a sala era o abajur e a TV que agora passava os créditos finais.  Senti o braço do Hyunjin envolta do meu pescoço, com os olhos fixos na TV, enquanto meus olhos estavam fixos nele sem eu nem mesmo perceber. O reflexo da imagem refletia no olhar dele, a pele notoriamente branca mesmo com pouca iluminação, e um silêncio confortável que ficava entre nós. Não me fazia sentir culpada por não falar nada.
       Me acomodei um pouco mais nele mesmo, ligando meu telefone pra ver as mensagens que eu ainda não havia visto.

— Me convidaram pra ser conselheira do clube de artes na KArts — disse olhando minha caixa de emails

— Devia aceitar — ele aconselhou

— E por que? Não sou formada em artes

— Não, mas ao menos teria uma chance de passar mais tempo comigo.

       Ri da atitude dele, mas a intenção não era errada.

— Só cursei artes uma vez, quando ainda não sabia o que eu queria fazer, então fiz qualquer coisa. Não sou a melhor pessoa pra ser conselheira. A arte mudou com o tempo, os estilos mudaram, assim como os ângulos de uma câmera. Tudo acaba mudando, a diferença é que eu me adaptei bem em uma dessas coisas, que no qual, foi a fotógrafia. — justifiquei — Não precisa que eu trabalhe na sua suposta faculdade pra passar mais tempo comigo.

— As vezes parece que precisa

— Não fala besteira, eu tô com você agora, isso que importa — bati no peitoral dele com o punho fechado

— Você é agressiva demais — ele riu e logo voltou a seriedade do assunto — Vou mandar o meu currículo o quanto antes. Assim, eu posso começar a estudar logo no próximo mês.

— Você se esforça bastante por aquilo que gosta — passava os dedos por cima do moletom, circulando símbolos do infinito e pequenos corações com a minha imaginação

       Ele soltou uma risada anasalada e segurou meu rosto com a palma da mão. Olhava fundo nos dois olhos que ele tinha, mudando o foco de um pra outro, analisando cada parte do rosto do Hyunjin, que eu nunca imaginei que veria tão de perto.

— Eu posso cometer um erro agora? — ele perguntou com ironia, oque né lembrava da primeira vez que nos beijamos

      Não consegui dar uma resposta sem rir de nervosismo, então a única coisa que eu senti depois disso, foram os beijos curtos que o Hyunjin dava no meu rosto corado e risonho.

➴ 𝐌𝐢-𝐇𝐢 𝐩𝐨𝐢𝐧𝐭 𝐨𝐟 𝐯𝐢𝐞𝐰 ❠


    Parece que tudo na minha vida tinha voltado ao lugar. Meus sentimentos, meu trabalho, meus pensamentos, e eu odiava isso. Antes, diria que amo, mas com o passar do tempo percebi o quanto viver uma vida bagunçada e desajustada parecia o certo.
      Todos os dramas em relação as fotos para a galeria enfim tinham acabado. Felix me entregaria o pendrive ainda hoje, e com sorte, ele não jogaria esse pela janela.
       O relógio contava, quase 15:00. Eles chegaria aqui a qualquer momento e iria acabar com todo esse trabalho. Provavelmente essa seria a última vez que fossemos nos ver, e ao contrário da felicidade que eu sentia no começo quando ele assinou o contrato de entrega, agora, eu desejava poder parar a contagem do tempo e ter a sensação de tanto a situação como Felix estivessem no meu controle, mas eu não controlava nenhum dos dois, e sim ao contrário.
       Ele entrou pela porta, e senti alguma coisa prender a minha garganta. Talvez fosse desgosto.

— Vim no horário que você marcou, pra te entregar as fotos que você pediu. Paisagens naturais, fotos casuais, abstratas e obscuras, tudo o que você pediu, incluindo os modelos que você mesma havia escolhido como base — ele estendeu a mão segurando o pendrive

— Esquece isso — me levantei da cadeira — Eu fico com as fotos. Mas quero que você continue trabalhando pra mim

      Ele não parecia feliz com a proposta

— Você entrou quantas vezes na fila da arrogância?

— É meu dom natural

— Não se cansou de mandar em mim por algumas semanas?

       Ele parecia mais arisco do que o normal. Talvez meu jeito arrogante tenha o deixado assim, e se deixei, assumo que a culpa seja minha.

— Sorria pra mim — ordenei — Mandei sorrir

— Eu não tenho mais motivo pra sorrir na sua frente.

— Você é desagradável, garoto — rebati — Irritante e desagradável. Você me faz questionar se eu quero você ou suas fotografias, e eu admito, mesmo que Annie Leibovitz e Henri Cartier se ajoelhassem pedindo por mim, eu ainda ainda escolheria você, por que eu gosto de você. Então se você não quiser trabalhar mais pra mim, então pelo menos queria que soubesse de tudo o que eu sinto.

— Você me chama de garoto, mas é mais infantil que eu.

     Ele deixou o pendrive na mesinha de vidro, fazendo um barulho alto e vindo rápido demais na minha direção com o sorriso que eu sentia falta de ver.
     Ele me puxou e mal tive tempo de pensar antes de ele me beijar. Com uma das mãos na minha cintura, me segurando perto, a outra mão na minha nuca, os beijos eram firmes e deliberados. Parei de pensar. Tudo no que havia feito pra não admitir que sentia alguma coisa por ele. Agora eu não era nada a não ser coração, e estava puxando mais perto, eu o beijei de volta.
       Me afastei, ofegante, e ele me puxou de novo para junto de si como um abraço que se recusava a me soltar, como se precisasse de mim mais do que precisava de ar.

𝙋𝙄𝙉𝙏𝙐𝙍𝘼 • 𝐻𝑦𝑢𝑛𝑗𝑖𝑛Onde histórias criam vida. Descubra agora