Parte 1.

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Severus abaixou a cabeça em derrota, sabia que não poderia continuar com isso, odiava se esconder, odiava ser quem não era de verdade, odiava tudo o que poderia ter alcançado, mas não podia por odiar o fato de ser quem ele era. Uma garota. Ele odiava tudo relacionado a isso, pois ele gostava de brincar de bonecas, adorava se arrumar e passar maquiagem, adorava usar vestidos e saias, mas... Era tão difícil.

Desde que tinha 5 anos e começou a entender o que era certo e errado, ele aprendeu que ser uma garota era ruim, muito ruim, então, ele passou a odiar o fato que era uma menina, meninas eram fracas, meninas eram frágeis, meninas eram sinônimo de mal, meninas era coisas tolas e nojentas. E ele não queria ser isso.

Não queria ser uma menina se isso significasse ser essas coisas, ele queria ser um menino e decidiu ser um quando tinha sete anos e viu sua mãe apanhar pela primeira vez de seu pai.

Foi só ali que ele entendeu que ser uma menina era realmente muito, muito ruim.

Quando ele fez 9 anos, ele conheceu Lily, ela era uma menina, então, ele começou a odiá-la, mas não de verdade, Lily era legal com ele e o tratava bem, mas ainda era uma menina e isso o invejava, ela podia usar vestidos, ela podia brincar de bonecas e ser bonita. Já ele? Ele não podia e isso o fazia ter inveja.

Com o passar dos anos, Severus deixou de sentir inveja de Lily e passou a vê-la como uma irmãzinha que nunca teve e isso o fez prometeu a si mesmo que não deixaria ela sofrer com as coisas que ele acreditava que meninas deveriam ser.

Lily nunca soube que ele era menina, ela nunca desconfiou.

Ninguém o tratava como tal e ele nunca disse o contrário, afinal, ele não queria ser uma menina.

Quando ambos fizeram 11 anos, eles receberam suas cartas de Hogwarts e esse foi o momento mais difícil para Severus, pois seu corpo estava começando a mudar e ele não sabia o que fazer, ele já tinha um pouco de seios e sua primeira mestruação veio quando ele tinha 09 anos, sua mãe disse que ele poderia fazer poções para cortar isso e engrossar a voz se ele realmente queria ser alguém no mundo bruxo.

Então, determinado, Severus fez o que sua mãe aconselhou e fez essas poções. Com seu coração pesado e lágrimas nos olhos, mas ele fez.

Ele odiava tudo aquilo.

Ele odiava a si mesmo!

Então, ele conheceu os famigerados marotos, por mais que ele tentasse, por mais que ele quisesse esconder, esses meninos pareciam saber seu segredo, pois eles o tratavam como seu pai sempre tratou ele e sua mãe por serem meninas.

Ele sempre, sempre se odiou e esses meninos faziam questão de lembrá-lo que ele era uma menina fraca, frágil e mal, eles faziam questão de apontar o qual feio, seboso e horroroso ele era, o quão fraco, magro e desprezível ele era, e Severus sempre se lembrava de sua mãe apontando essas mesmas fraquezas nas meninas.

Severus não queria, não queria isso.

Ele odiava ser uma menina.

— Quem quer ver eu abaixar a calça do Snevillus? — James zombou e quando ele disse isso, Severus arregalou olhos e tentou alcançar sua varinha que havia caído a alguns metros dele, porém, James foi mais rápido e o ergueu no ar de novo.

— Para com isso! — Alguém gritou choroso e quando Severus conseguiu focar seus olhos marejados em quem disse, ele ficou confuso, porém, mais assustado do que antes quando viu uma criança de uns 8 ou 10 anos apontando sua varinha para James Potter e sua gangue, ele vestia roupas da Grifinória, o que indicava ser um primeiro ano, muito pequeno para a idade, mas ainda sim um primeiro ano. — Larga a minha mãe!

Ele... é ela?Onde histórias criam vida. Descubra agora