Parte 9.

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Severus estava se sentindo estranho, não um estranho ruim, não, um estranho bom, ele queria, mais do que tudo, descobrir quem ele era, realizar seus sonhos e conseguir sua independência. Ele queria ser livre. Se desprender de suas amarras, ele não tinha mais sua mãe ou seu pai para ter que se esconder. Mas ele ainda sentia que era quase livre. Ainda faltava algo e ele não sabia o que era.

O fim de semana havia sido indescritível, foi maravilhoso! Ele nunca havia se divertido tanto como se divertiu naquele dia.

Harry havia entrado em sua vida de um jeito tão repentino e ele não queria perder isso, em todos esses anos de vida, ele nunca se sentiu especial até Harry chegar com uma voadora nas portas congeladas de seu coração. Harry ficava constantemente o chamando de mamãe, dizia o quanto ele era bonita e que não deveria se esconder, o quanto ele era malvada, mas mesmo assim doce.

Ele não sabia que era possível começar a amar alguém em menos de 24 horas como estava amando esse menino. 

Severus tinha muitas perguntas, muitas dúvidas, mas sabia que Harry estava tão sem respostas quanto qualquer um deles. Mas ele estava feliz! Pela primeira vez em sua vida, ele tinha alguém com quem realmente se importar, alguém com quem ele tinha vontade de realmente viver por. 

Pois ele sabia que apesar das circunstâncias, sua amizade com Lily estava meio abalada devido aos preconceitos de sua casa e da própria casa dela. Sonserina e Grifinória sempre viveram em pé de guerra por uma briga que nem deles eram, e sim de seus fundadores, era uma coisa mesquinha e idiota se ele fosse parar um pequeno momento para pensar sobre isso. 

E tudo isso por causa de uma fala que poderia ser interpretada de vários modos, sentidos e significados.

"Eu não quero esses sangues ruins na minha escola!"

Isso foi dito por Salazar Slytherin na época em que crianças trouxas estavam apresentando magia acidentais em um tempo onde tinha caça às bruxas rolando solta como se fosse uma brincadeira de pega-pega na fogueira e jogo da força, homens e mulheres, crianças e até animais estavam sendo mortos por pessoas que estavam se achando no direito de Deus, só por que a Igreja Católica do Vaticano da época falou que magia era coisa do demônio.

Salazar Slytherin, poderia muito bem estar falando de trouxas que estavam pedindo abrigo ou até mesmo trouxas que abusavam de crianças nascidas trouxas.

Mas parecia que ninguém havia parado para pensar naquilo, era uma época difícil, conturbada e perigosa, uma frase assim, poderia ser por qualquer motivo, mas...

Isso se distorceu por pessoas e com o passar do tempo isso se tornou algo de proporções inimagináveis.

Por experiência própria, ele sabia que palavras distorcidas e até mesmo falas próprias, poderiam acabar com a vida de alguém, ele tinha cicatrizes em seu pulso como lembrete, palavras gravadas em suas costas para que soubesse e lembrasse que ser uma garota era uma coisa ruim.

Ele sabe por experiência própria, que palavras podem mudar uma vida, ficar marcadas na pele e tirar todas suas esperanças.

— Não quero esses sangues ruins na minha escola! — Severus murmurou para si mesmo de modo pensativo.

— Que? — Sirius questionou confuso.

— Salazar Slytherin disse isso: "Não quero esses sangues ruins na minha escola!" — Severus repetiu em voz alta observando Harry brincar na neve em frente a casa dos gritos.

— Sim, eu conheço a história. — Sirius respondeu.

— Mas... Você sabe por que ele disse isso? — Severus questionou curioso.

Ele... é ela?Onde histórias criam vida. Descubra agora