𝐕𝐎𝐋𝐓𝐀𝐑 𝐀𝐓𝐑𝐀𝐒, 𝗍𝗈𝗆 𝗁𝗈𝗅𝗅𝖺𝗇𝖽

❛ ⌗ 𝗖𝖺𝗉𝗂𝗍𝗎𝗅𝗈 03

{🥀} 𝐒/𝐍 𝐅𝐄𝐑𝐑𝐀𝐑𝐈
━━━ 𝐋𝐨𝐧𝐝𝐫𝐞𝐬

Já era noite e Bryan já havia acordado. Eu o alimentei com a sopa e ele comeu apenas a metade. Me doeu ver meu garotinho doente sem querer comer e sem ter disposição de brincar com todos os seus brinquedos.

── Dói, mamãe ── Bryan reclamou colocando a mão na cabeça e eu não sabia o que fazer.

Ela já tinha ficado doente antes mas do mesmo jeito eu fico preocupada, tenho medo de perdê-lo pois eu só tenho ele e Ayla.

Quando eu tinha treze anos eu perdi minha vó para o câncer. Ela era a única pessoa que se importava comigo e me apoiava quando eu dizia sem parar como eu queria ser pintora. Ela provavelmente iria amar o Bryan pois sempre dizia que a coisa que ela mais amava era seus filhos e seus netos.

Faltava uma hora para Bryan tomar o segundo remédio. De doze em doze horas ele tomava o remédio que o médico recomendou, eu estava tão desesperada que comprei três cartelas que eu provavelmente não iria usar.

Ele desceu da cadeirinha e veio até mim que estava sentada ao seu lado o ajudando a comer.

── Oh meu amor, você vai ficar bem logo logo, eu prometo ── O peguei e coloquei em meu colo

── Promete? ── Perguntou me olhando e eu assenti com a cabeça. Seus olhinhos cansados mesmo sem ter feito muito esforço fazia meu coração se partir em mil pedacinhos

── Prometo! ── Sorri de lado e dei um beijo em sua cabeça. Eu não queria fazê-lo pensar que eu estava mal com seu estado, apesar de Bryan ser novo ele percebe quando eu não estou bem ── Quer que eu cante para você? ── Questionei e seus olhinhos voltaram para mim ── You'll never know dear, how much i love you ── Cantei baixinho um verso da música em que eu sempre cantava para ele

── Don't take my sunshine away ── Completou o verso da música e eu dei um sorriso orgulhoso e em seguida deixei um beijo no topo da sua cabeça ── Soninho mamãe

── Quer dormir meu amor? ── Questionei e ele assentiu

Me levantei com Bryan no colo e ele encostou a cabeça no meu ombro. Recolhi os pratos e copos que sujamos e coloquei na pia para lavar assim que ele dormisse.

O levei para o seu quarto e o deitei na cama. Entreguei seu macaquinho de pelúcia que ele sempre dormia abraçado desde muito novo e ele agarrou o levando para perto do seu corpo.

Ele usava um conjunto do pijama de dinossauro verde em que Ayla deu de presente para ele quando completou seus dois aninhos de idade.

── Quer ouvir uma historinha para dormir, meu amor? ── Perguntei e ele assentiu enquanto se acomodava na cama

Peguei na prateleira um livrinho com uma história infantil e me sentei na poltrona ao lado da cama. Comecei a ler o livro com a voz baixa para assim ele dormir mais rápido.

Eu já estava na metade do livro quando eu parei de ler e fui ver se ele já havia dormido.

── Dormiu rápido, hein! ── Me levantei e coloquei o livro no mesmo lugar em que peguei ── Daqui a pouco mamãe vem aqui para você tomar o remédio, huh? ── Dei um beijo no topo de sua cabeça e sai devagar do quarto

Soltei o ar que eu nem sabia que eu estava prendendo. Coloquei minhas mãos no rosto e deixei as lágrimas caírem.

É só uma febre S/n, não precisa desse drama todo. Minha mente tentava avisar mas eu nunca conseguia dar ouvidos. Eu tinha medo mesmo assim. No começo do câncer da minha vó meus pais sempre falavam que era só uma febre, uma doença que logo logo iria passar, porém, ela se foi... Não era febre, não era uma "doençazinha", era câncer. O câncer a tirou de mim junto com um pedaço da minha alma.

Tenho medo disso se repetir outra vez, amo demais meu filho, ele é a única pessoa do sangue da minha família em que eu sou próxima. Não conheço muito bem meus primos, tios e tias, não sou próxima a eles. Meus pais são separados, minha mãe me odeia já meu pai trabalha demais para ligar para mim e perguntar como eu estou.

Bryan trouxe de volta para minha vida o pedaço da minha alma em que havia ido embora no dia em que menina vó partiu. Ele é o meu raio de sol.

Me lembro como se fosse ontem, era duas horas da manhã quando minha mãe me ligou e começou a me xingar de todos os nomes possíveis pois descobriu que eu estava grávida sem sequer ter um namorado ou estar junto com o pai do meu bebê. Eu chorei por dias, tudo o que ela disse ficava passando na minha cabeça sem parar.

Eu tinha medo de não saber cuidar de Bryan, de cuidar dele igual minha mãe cuidava de mim, sem ter amor. Mas logo depois de seu nascimento eu soube que eu nunca iria parar de ama-lo e protegê-lo, assim que eu pus meus olhos nos pequenos olhinhos castanhos eu pude ver que ele era a coisa mais preciosa que eu já tinha ganhado na minha vida, os xingamentos que eu ouvi da minha mãe não faziam mais sentido, "você é a vergonha da família". Aquilo sequer importava naquele momento para mim, depois que eu o coloquei no meu colo pela primeira vez eu tive certeza de que aquela foi a melhor escolha que eu havia feito em toda minha vida.

Vê-lo doente dói, dói e muito. Tenho a sensação de que ele vai embora a qualquer momento. Quando o levei no hospital eu implorei para o médico fazer mais exames nele para ver se o que ele tinha era realmente febre. Ayla estava do meu lado o tempo todo me acalmando e me ajudando a fazer o que eu provavelmente não conseguiria fazer sozinha, pelo menos sem ela ao meu lado.

Preencher os documentos foi difícil para mim, minha letra saiu torta e eu não parava de chorar, até manchei a folha. Ainda consigo lembrar do olhar de pena que a recepcionista deu para mim me vendo desesperada daquele jeito. Eu sequer ligava para ela, eu estava tão desesperada que nada mais importava além do meu filho.

Caminhei até a pia e comecei a lavar a louça, meus olhos estavam cheios de lágrimas. Minha mente insistia em dizer que era só uma febre porém meu coração não conseguia entender.

━━━ ¹Deu 1.000 palavras certinho ha-ha 😅

━━━ ²Esse capítulo saiu melhor do que eu esperava *choque*

━━━ ³Tá aí a explicação do porquê ela tem medo do Bryan doente. Ainda tem uma outra explicação porém vou deixar pra explicar mais pra frente hehehe. (Sou malvada? Simmmmm!! 😈😈😈)