Antes de Kore

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O divino Monte Olimpo é normalmente lembrado pelo seu belo salão dos tronos e um palácio com estrutura de templos antigos. Mas ele é muito mais que isso, a natureza prospera naquele monte, afinal é o Monte Olimpo, não Palácio Olimpo, e por mais que os deuses não passasem tempo fora do palácio, a terceira deusa mais velha encontrava sua alegria nos jardins e campos do Monte.
E lá estava Deméter, linda e sorridente como sempre. Uma jovem adulta com seus 25 anos, mas com uma alma de criança, tão pura e inocente.
O sol batia em sua pele olivada cheia de sardas, os ventos fazia voar seu longo cabelo castanho que estava enfeitado por diversos tipos de flores.
Ela dançava nua, em harmonia com suas largas curvas, seus olhos verdes, fechados, e um grande sorriso dos lábios carnudos avermelhados.
A filha mais bela de Cronos.
-Deméter!-Ela escutou a voz firme de sua irmã Hera a chamar logo atrás de sí.
Deméter abriu os olhos e se virou para sua irmã. Se Deméter é o calor, Hera é o frio. Alta e esguia, com cabelos lisos castanho claro, tão claro que parecia loiro, ainda tinha várias mechas brancas, a pele branquissima de Hera não possuia nenhuma pinta, nenhuma sarda, nenhuma marca ou mancha, nada. Os seus olhos azuis claros olhava a irmã de cima para baixo e os lábios pintados de vermelho se contorceram. -Deméter, você está nua.-Ao contrário de Deméter, Hera vestia um longo vestido verde água, com cintos de ouro, assim como suas pulseiras, brincos e anéis. Seus braços estavam cobertos por uma echarpe longa de seda azul escuro e no topo de sua cabeça, estava uma gracisosa coroa prateada.
Deméter nunca entendeu o porque da irmã se arrumar tanto.
-Eu sei que estou.-Deméter respondeu calmamente.-É mais libertador ficar assim, do que me esconder em meio a vários panos.
Hera suspirou e enrolou a mais nova na sua echarpe.
-É questão de amor próprio, irmãzinha, e segurança.-A mais velha disse, Deméter deu de ombros.
-Apolo e Ártemis chegaram aos 21. Zeus ordenou uma festa que começará ao meio dia. É bom se arrumar.-Hera continuou a falar, pegando a irmã pelos ombros e andando com ela em direção ao palácio.
-Todos os deuses estão convidados?-Deméter perguntou.
-Todos eles.
-A mãe deles vem?
-Eu irei. E se não me aceitarem como mãe, eu os jogarei ao Tartáro.
Deméter riu.
-O pênis de Zeus que deveria ser enviado para o Tártaro, junto com os pedacinhos de nosso pai.
-Não diga isso, Mét.
-Estou errada? Hera, já lhe disse antes, milhares de vezes, maridos são problemas. Principalmente se o marido é Zeus, nosso irmão, o que piora tudo.
-Posso ter um casamento horrível, mas tenho poder e um trono. Então estou bem.
Deméter sabia que Hera estava mentindo, ela não estava bem.
***
As filhas do tempo estavam pouco se importando com a festa. Elas estavam juntas, e isso valia tudo.
Héstia aquecia a banheira enquanto Deméter colocava ervas na água.
Hera estava sentada com Hebe mamando em seu seio. Ela gemia de dor quando os dentinhos da filha mordiscavam seu mamilo.
Ilítia, entrou no quarto, ela era apenas uma adolescente de 14 anos, que se parecia horrores com Hera, sua mãe. Ela correu até a mãe e pegou sua irmã, o que custou um trabalho, pois Hebe havia grudado no peito de Hera.
-Lady Deméter, Lady Héstia.-A garota cumprimentou antes de sair.
-Querem uma dica? NUNCA tenham filhos!-Hera disse e as três caíram na risada.
Héstia entrou na banheira primeiro, com seu corpo de pele escura que mais parecia o de uma criança sendo consumido pelas ervas que grudavam em sua pele, a água estava bem quente, o que combinou com seus cabelos e olhos avermelhados. Logo em seguida Deméter entrou e por último Hera, algo estava estranho.
-Hera, o que é isso nas suas costas?-Héstia perguntou preocupada.
-Você sabe muito bem...-Hera respondeu se emergindo mais fundo na água. Héstia a puxou de volta com delicadeza e a abraçou forte, Deméter se juntou ao abraço.
-Eu vou acabar com Zeus.-Deméter resmungou.
Hera saiu do abraço nadando para longe.
-Não. Está tudo bem.-Ela disse.
-Hera, seu marido vem lhe atingindo com raios faz meses! Não está tudo bem!-Héstia gritou.
-Sim está!-Hera gritou também.-Eu tenho um trono, eu tenho poder, eu tenho filhos... Está tudo bem.-Ela disse mais calma e saiu da banheira.-Vou me banhar em meu quarto. Assim vocês não me pertubam.-Assim, ela saiu, pingando água pelo corpo junto de suas lágrimas.
***
A festa foi longa. Apolo deu o que falar, cantando a festa quase toda e se relacionando com quem o quisesse alí. Já Ártemis ficou escondida com sua amante, Calisto.
Após a festa, Deméter dormiu em seu trono de tão cansada que estava. Porém seu sono não foi calmo.
Ela sentiu algo levantar seu vestido, porém ignorou, achando que era o vento. Mas ela sentiu dor em sua área íntima, muita dor. Ela gritou, mas sua boca foi tampada por uma grande mão, quando abriu os olhos ela viu Zeus em cima dela, a abusando sem mostrar culpa.
Deméter chorou o ato todo e não conseguiu se mecher até o dia seguinte...
***
Deméter correu pelo Palácio, chorando de raiva. Foi até seu quarto, pegou suas coisas e fugiu para bem longe.
Foi uma longa viagem, durou meses e nesses meses, ela viu sua barriga crescer mais e mais...
-Aquele estrume me engravidou.-Ela resmungou. Porém jurou amar o seu bebê por toda a vida e cuida-lo bem longe de qualquer deus.
Assim, Deméter criou um imenso jardim, cheio de ninfas e criaturas da florestas.
E quando o momento chegou, Deméter deu a luz a menina mais bela que ela havia visto. Kore, a sua filhinha branca como o pai, mas com suas sardas, seus olhos e seus cabelos. Kore era de Deméter, apenas de Deméter e se alguém quiser a tomar, esse alguém irá morrer.

A verdadeira rainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora