O festival

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Kore se vestiu com seu melhor vestido, correu até suas amigas e todas saíram juntas de braços dados.
-Vamos ver se assim a nossa Kore acha alguém para a divertir durante o aniversário... Talvez até um homem.-Ione brincou enquanto andavam para a cidade.
-Como se algum homem fosse agrada-lâ!- Aretusa retrucou rindo.
-Ei! Talvez seja uma boa experimentar algo diferente... Nunca nem conversei com um homem direito, vai que eu gosto.-Kore respondeu.
-Ah meninas, por favor! Kore é uma adulta agora! Ela tem coisas melhores para se preocupar do que relacionamentos.-Daphne disse.
-Daphne tem razão. Eu saí para ver o mundo não abrir as pernas.-Kore disse em seguida olhando os arredores com brilho nos olhos.
Em poucos minutos elas chegaram a cidade e o brilho dos olhos de Kore foi embora ao ver tanta desgraça, crianças pedindo por dráquimas, mulheres se vendendo, homens brigando, a maioria passando fome, a maioria doente e ferido.
Kore chegou a chorar olhando para aquilo.
-Isso é normal, Kore. Não deixe que isso a abale.-Daphne disse acariciando o ombro da amiga. Kore não a escutou e disse:
-Vão na frente, eu já irei me juntar a vocês.
-Mas...-Ione tentou reclamar mas Kore levantou a mão para ela parar.
-Vão.-Kore disse. Elas abaixaram a cabeça concordando e seguirem a frente.
Kore foi a primeira cortesã que achou e perguntou:
-Com licença, se não for incomodo, por que você se vende? Sabe, sexo é sobre amor e se conectar com quem ama, não algo brutal entre estranhos.
A cortesã riu alto, Kore abaixou a cabeça envergonhada.
-Minha querida, eu preciso sustentar minha casa! Não tenho uma dráquima sequer, nem comida direito.-A cortesã respondeu.
Kore então procurou alguém com sacos do dinheiro na cintura. Apareceu um grupo de homens com os mesmos sacos, ela sorriu de canto e invocou raízes nas quais criaram vida e puxaram os sacos de cada um dos homens, os deixando nos pés de Kore. Ela as desfez na hora que os homens começaram a gritar com ela.
Kore pegou os sacos e deu para a cortesã.
-Dê um saco para cada uma de suas colegas.-Kore disse e sumiu na hora.
Ela surgiu novamente em cima de uma casa. Kore riu consigo mesma.
-Kore! Não ria. Termine de ajudar os mortais.-Ela disse para sí. Então fechou os olhos e ergueu suas mãos imaginando a cidade ser consumida por vastas plantações, com diversas hortaliças e frutas. Ao abrir os olhos lá estava o que ela imaginou, o povo correu até lá animados para se alimentarem de graça e guardarem para depois. Kore sorriu e se preparou para seu próximo trabalho.
-Apolo, me perdoe pelo fora que te dei anos atrás. Eu sou sua irmã, então me ajude. Me dê um pouco de seu poder para que possa curar esses seres infelizes e feridos.-Ela sussurrou de olhos fechados, torcendo para Apolo a escutar e ajudar. Demorou, mas seu corpo ficou consumido por uma aura dourada.
-Obrigada.-Kore disse e distribuiu essa energia para os feridos, imaginando cada um deles curados e eles foram. Kore estava feliz.
Ela imaginou suas amigas e se teletransportou até elas.
-Desculpa a demora.-Kore falou se sentando ao lado de Aretusa .
-Nós não comemos nada ainda. Fique calma.-Aretusa respondeu.
-Aonde está Ione?-Kore perguntou.
-Arranjou o paquera do dia e saiu com ele.-Daphne respondeu trançando o seu próprio cabelo castanho avermelhado.
-Não ousem fazer isso e me deixar sozinha aqui!-Kore reclamou. As outras riram.
-Hoje tem um festival por aqui.-Aretusa começou a falar. -E já que a cidade virou um jardim dos sonhos do nada- Kore olhou para baixo corando.-Graças a Kore, todos estão mais animados e querem fazer com que seja melhor que o último.
-Isso é ótimo!-Kore exclamou animada.-Tomara que não seja um evento noturno para eu não me prender tanto a ele e não voltar para casa depois de meia noite.
-Bom, o sol está no seu ápice... Deve ser meio dia? O paquera de Ione disse que começa no por do sol. -Daphne disse pegando o pão da mesa ao lado que estava vazia.
-Daphne!-Aretusa reclamou.
-Que é? Não tinha ninguém ali para comer.-Daphne retrucou repartindo o pão com suas mãos e seguida comendo a primeira metade. Kore riu.
***
-O que acha desse tecido?-Kore perguntou mostrando um tecido rosa que estava na feira.
-Vai te deixar mais jovem.-Aretusa disse.
-Não compre ele.-Daphne respondeu e jogou um tecido lilás para Kore.-Esse irá combinar melhor com você.
Kore concordou com a cabeça e viu com o canto do olho uma carruagem preta sair literalmente do chão. Ela apertou os olhos surpresa, mas quando abriu, não tinha nada lá.
-Acho melhor a gente ir ao festival. É mais pro centro certo?-Kore disse com a voz trêmula. Aretusa e Daphne se entre olharam estranhando o jeito que Kore falou.
-Sim, é melhor irmos. Daqui a pouco a feira fecha mesmo.-Aretusa disse. As deixaram dráquimas na mesa dos tecidos e pegaram os que elas se interessaram.
***
Ione reapareceu junto de um homem. Eles estavam indo para juntos dos músicos, Kore presumiu que o paquera da amiga ia tocar ou cantar e Ione quis se juntar.
O centro já estava decorado com fitas, velas, colunas e desenhos no chão. Tinham mesas espalhadas com comidas e bebidas. Um espécie de bar para época com um balcão e cadeiras.
Kore sentiu o cheiro de pão fresco e abóbora, mas não achou quem estava os carregando, afinal já havia uma certa quantidade de pessoas por ali.
Ela se sentou num tronco que estava jogado no chão e respirou fundo. Kore estava em um novo mundo, um mundo estranho e cheio e de mistérios. Mas ela amava sua estranheza por ser diferente de seu mundo pessoal com Deméter e queria desvendar cada mistério que aparecesse em seu caminho. Começando pela carruagem.
Kore não a via em lugar nenhum. Nem alguém que ela associaria com a carruagem. Afinal todos estavam vestidos com vibrantes e alegres. Ela gostava do que via, mas ao mesmo tempo ela se enjoava de ver tanta felicidade e cores, talvez porque aquilo não era algo que ela estava acostumada.
Logo a música começou e Kore se levantou para dançar e quando ela começou, ela não quis parar.

A verdadeira rainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora