Ponto de separação

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Book of Promise

Capítulo XII; Ponto de separação

Os corações magoados de duas crianças batiam no mesmo compasso infeliz

Os corações magoados de duas crianças batiam no mesmo compasso infeliz. As pulsações frágeis acompanhavam o correr lento do martírio da madrugada. Boas lembranças da vida que tinham antes de 17 de Julho pareciam cada vez mais distantes.Não que isso amenizasse seus traumas.

Esse era o luto? Certo?

Entre as duas e três da madrugada Sasuke adormeceu abraçado [Nome] que sentia as pernas dormentes a algum tempo, tremia com o frio constante, ainda assim continuou quieta o observando, pois faltava a coragem para acordá-lo.

Sasuke havia chorado até desmaiar de exaustão, ambos derrubaram o prato penoso, mas em certo momento [Nome] tomou a decisão de parar, pois percebeu que com seus barulhos Sasuke sofria, chorava mais e não cessava. Somente quando [Nome] se forçou a calar Sasuke amenizou suas emoções.

Shimura não suportava mais o vento gélido soprando-lhe o rosto, cansada de encarar os túmulos ou sentir a temperatura baixa da pele fria do menino adormecido. Com sua mão tão gélida quanto, [Nome] tocou o rosto dele balançou com suavidade.

- Sasuke, acorda, por favor. Não aguento mais ficar aqui. - disse baixo como um sussurro, na sua garganta o incômodo indicava um resfriado certeiro.

Sasuke até o momento desacordado, contraiu alguns músculos da face.

- Hun? - abriu os olhos confusos, porém aos poucos, lembrou de estar no cemitério onde ele havia apagado. Sasuke levantou se livrando de toda neve acumulada em si, cambaleou num primeiro momento para depois encarar [Nome] silenciosamente procurando nela a resposta. Sua inexpressividade aumentava pelo o rosto estava inchado e os cabelos bagunçados.

[Nome] mudou, levou a mão até a dele, todavia Sasuke arredio, afastou o braço a trás a olhando insistentemente. Não sabia o quanto isso a incomodava, a insistência no olhar dele a impelia a esconder mais toda parte de seu corpo que pudesse ser vista, mesmo de relance.

[Nome] à apenas um passo de distância, buscou a mão dele repousada lateralmente e segurou, debaixo do capuz soou um murmuro:

- Vem. - Sasuke estava sem resistência, guiado, na frente.

Naquele momento tão vazio quanto se podia, o menino se deixava levar. Raciocinando, lentamente voltava à realidade onde lhe era dado um tratamento estranho e um contato tão frio de [Nome]. Sem esforço Sasuke se isolou de qualquer coisa ou pessoa ao redor, reparando unicamente na menina que lhe guiava. Os dedos dela curtos iguais aos próprios, duvidou que ela pudesse existir, pois foram muitas as vezes que seu cérebro pregou-lhe - muitas vezes - peças cruéis. E com melancolia em cada ação, passou o polegar pela e de pele que tinha acesso, tateou cada espaço de sua mão com as pontas dos dedos, irregularidades e texturas desagradáveis chamou atenção, reparou mais atentamente naquilo. Usando sua mão livre puxou para cima a manga felpuda do sobretudo, e lá — destacando-se de tudo viu — o estado das cicatrizes.

Shimura o observava com o rosto virado atrás, consciente das reações negativas. Mesmo preparada para repulsa e críticas acerca de suas cicatrizes, palavras cruéis seriam ainda mais dolorosas saídas da boca dele. Porém o Uchiha não fez nada. Nem alterou a expressão facial. [Nome] era amaldiçoada com aquele olhar vazio.. Para mal ou para bem, Sasuke não reagia.

Apertou os lábios convencendo-se a deixar essa situação de lado e escolheu continuar a andar.

Próximos à esquina final separadora dos Distritos Uchiha e Shimura, [Nome] desacelerou metros próximos da encruzilhada, quase parou cada vez mais perto.

Lost Kids Imagine SasukeOnde histórias criam vida. Descubra agora