Entrei naquele apartamento sentindo minha cabeça girar, meu estômago revirava como nunca. Meus olhos estavam cheios de lágrimas, era como se eu não acreditasse no que eu fiz, coloquei a sacola de empanados intacta no balcão da sala e me joguei no sofá deixando as lágrimas caírem. Tudo o que eu abominava, acabei fazendo a sangue frio.
— Como se sente? — Depois de uns minutos de silêncio, Billie finalmente se pronuncia.
Respirei fundo sentindo meus lábios se chocarem uns com os outros pelo tremor em meu corpo.
— E-eu... e-eu matei.. matei alguém — Neguei ainda de cabeça baixa. Senti as mãos de Billie tocarem meu rosto me fazendo a olhar.
Seu rosto estava próximo do meu, pude olhar seus olhos azuis, sua pupilas estavam extremamente dilatadas, ela tinha uma expressão totalmente neutra mas seus olhos já expressavam toda sua reação.
— Me escute. Tudo bem? — Assenti ainda extasiada.
— Aqueles homens.. eles queriam explodir nosso carro. São a mando de seu pai, algum traidor o contou sobre nosso noivado. Estão atrás de nós, você fez certo.. ou era eles, ou nós.
Encarei mais uma vez aquelas orbes azuis e assenti levemente com a cabeça. Billie sorriu, sorriu lindamente e se levantou.
— Trate de comer todos esses empanados. Acho que a partir de hoje você vai ter trauma deles — Ri baixo.
— Você sabe onde é seu quarto, estarei no escritório — Ela passou pela porta e a trancou, olhou uma última vez para mim e piscou sumindo pelo corredor.
Peguei a sacola cheia de empanados e me sentei no sofá ligando a televisão, vou tentar me distrair, a cena daquele carro explodindo do outro lado da estrada não saí da minha cabeça.
-
— Sara cariño? — Mamãe passou pela porta segurando uma pequena mala preta. Seus cabelos estavam soltos, ela usava roupas simples.
— Olha mamãe... vestido amarelo — Pulei da cama abraçando seu corpo.
— Está linda cariño... lembra do que combinamos? Silêncio absoluto, iremos fazer uma viagem — Assenti com um sorriso. Minha mãe deixou um beijo em minha testa e segurou minhas mãos.
Hoje iremos viajar, mamãe falou que iríamos para um lugar beeeeem distante. Ela disse que estaríamos livres, fiquei feliz, não é que eu não goste do meu papai, mas ele é mal com a mamãe, ele é mal com as pessoas. Eu não gosto disso.
A casa estava toda escura, era bem de noite, mamãe teve que me manter acordada, descemos as escadas devagar, mamãe pediu para que eu ficasse em silêncio para não chamar a atenção de ninguém. Passamos pela sala, estava tudo vazio, entramos na cozinha e fomos até a porta dos fundos.
— Mierda! — Disse baixo ao não conseguir sair pela porta.
— Mamãe.. mamãe eu tô com medo — Grudei em seu corpo.
— Tá tudo bem cariño.. nós iremos sair daqui — Mamãe estava estranha naquele dia, quieta como nunca, seus olhos pareciam mais escuros, seus cabelos estavam mais curtos que o normal, mas ignorei isso.
Um barulho alto de tiro atravessou nossos ouvidos, minha mãe se agarrou em mim, na intenção de me proteger, tremi em seus braços.
— Mamãe...?
— Então estavam querendo fugir? — A luz foi acesa. Aquela voz que eu tanto conhecia...
Lá estava o papai, com uma arma apontada para nós, seu rosto não esboçou nenhuma expressão.
— Fernando... abaixe a arma — Mamãe pediu baixo.
— Eu sempre soube que você era uma vadia Lúcia. Desde o dia em que eu te conheci, vi o quão estúpida você é, você teve sorte de ser gostosa, é só mais uma cachorra que não tem nada nem ninguém — Cuspiu as palavras.
— Nos deixe Fernando, você não nos ama, minha filha não precisa crescer nesse bordel que você faz — Meus olhos estavam fechados, eu estava com medo.
— Diga suas últimas palavras Lúcia — Meu coração se acelerou, minha mãe se abaixou e deu um beijo em minha bochecha.
— Eu sempre estarei aqui — Apontou para meu coração — Eu te amo mais que tudo cariño — Logo escutei o barulho de tiro novamente. Abri meus olhos vendo sangue em minha roupa, e os miolos de minha mãe espalhados pelo chão.
O desespero tomou conta do meu corpo, comecei a chorar desesperadamente pedindo a deus para trazê-la de volta.
— Vamos chica... está na hora de dormir — Meu pai sorriu e me pegou no colo
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As lágrimas caíam como nunca, meu corpo começou a ficar trêmulo, meu peito doía cada vez mais, me encolhi no sofá sentindo toda a força de meu corpo acabar. Lembrar disso sempre me deixava da pior forma possível, era como se eu esquecesse de tudo em minha volta, focasse apenas naquilo.
Meus soluços eram altos, minha cabeça estava doendo. Senti meu estômago se revirar.
— Sara, ainda está acordad... MERDA — Billie correu até o sofá e se abaixou em minha frente, sua mão deu leves batidas em meu rosto.
— O que aconteceu Sara? — Perguntou em desespero.
Comecei a chorar mais ainda, suas mãos rodearam meu corpo em um abraço apertado. Pude sentir seu forte perfume em minhas narinas.
— Fique calma... eu estou aqui — Nunca pensei que ouviria aquilo de Billie.
Eu sentia um vazio enorme em meu peito, era como se cada vez que eu lembrasse do dia de hoje, vinha a cena de minha mãe morta no chão.
— Brilha brilha estrelinha... quero ver você brilhar — Cantarolou Billie. Em meio das lágrimas, comecei a rir como nunca. Ok, a mafiosa que me sequestrou está cantando brilha brilha estrelinha para mim.
— Não ria. Minha mãe cantava essa música para nós duas quando tínhamos pesadelos — Saí do abraço e olhei para seu rosto.
— Quer dizer... Finneas e eu — Afirmou mordendo os lábios. Assenti ainda meio desconfiada.
Suspirei limpando as lágrimas que ainda insistiam em cair.
— Porque estava em desespero? — Respirei fundo. Não queria falar aquilo para ela, parece estúpido. Aconteceu a muito tempo. Apenas neguei com a cabeça.
— Só... lembranças ruins — Assentiu ainda me encarando.
— Vá dormir. Temos um longo dia pela manhã, passarei para te acordar — Assenti me levantando. Olhei a última vez para Billie antes de correr pra o quarto.
— Merda — Prendi o ar.
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Acordei no outro dia escutando batidas altas na porta, resmunguei abrindo a mesma. Lá estava Billie, vestida com um conjunto vermelho escuro. Seus cabelos estavam perfeitamente arrumados.
— Achei que já estava acordada. Vamos, se arrume, o almoço será daqui uma hora.
•••
Oioi gente, como estão.
Vou explicar duas coisas aqui: A Sara tem problemas com ansiedade e depressão desde a morte da mãe, normalmente ela entra em pânico quando esse assunto é retratado.
Para algumas pessoas que tem dúvidas, o porque a Sara está levando esse "sequestro" de uma boa forma. Nesse tipo de situação, dá duas ou uma, ou você aceita, ou não aceita, ela escolheu aceitar pelo bem dela.
Fernando (o pai da Sara) tem cinquenta e dois anos, ou seja, já é um velho.
•••
Também queria dizer que talvez eu fique fora por um tempo, não estou conseguindo escrever nada de bom, já pensei em desistir e apagar minhas fics dnv. Espero que me entendam, minhas aulas começam em fevereiro, até o final de janeiro eu prometo voltar com mais capítulos de ambas as fics. Eh isso
Se cuidem, amo vocês!!
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Hostage - Billie Eilish G!P
FanfictionBillie O'Connell, comandante da maior máfia italiana de todos os tempos, viaja ao México na intenção de resolver negócios importantes. Mas tudo começa a dar errado, quando um de seus maiores inimigos, Fernando Campana Ricci, acaba assassinando seu p...