MANHÃ DE DOMINGO
Fui despertando lentamente e pouco tempo depois de abrir os olhos, já senti minha cabeça latejando. Eu não fui dormir tarde na noite anterior, pra falar a verdade eu até que dormi mais cedo do que de costume. Mas meu sono foi conturbado por algum motivo e eu acordei umas três vezes durante a madrugada — e é claro que não consegui voltar ao sono tão cedo.
Instantaneamente eu fiquei mal humorada. Sentir dor de cabeça me irritava mais do que o normal e tirava todo o meu ânimo, então eu detestava isso mais do que qualquer pessoa. E, além disso, ao acordar e vislumbrar a mesma cena da manhã anterior, fiquei pensativa e ainda sem motivações para fazer algo produtivo.
O vento que entrava pela janela ainda era tão gelado quanto na manhã de sexta. Acordei vendo o céu cinza lá fora e notei que uma tempestade estava prestes a chegar. Estava sem ânimo, pensativa, me sentindo estranha e um tanto angustiada. Desta forma não consegui não lembrar do sonho que tive com Jungwa um dia antes, pois quando acordei, me senti igual.
Entreguei-me aos meus pensamentos e voltei a relembrar daquelas cenas bobas, porém cheias de significados depois que parei para interpretá-las. Lembrei do rosto do meu pai dentre aqueles vislumbres e lembrei daquela garotinha que seria a minha meio-irmã. Lembrei do tempo que isso tudo permaneceu em minha mente e acabei ficando triste de novo.
Por que isso tinha que acontecer?
Que a mentira é uma coisa totalmente ruim e desonesta, todos sabem. Eu sempre vi tal coisa com este mesmo rótulo também. Mas depois de tudo que aconteceu com minha família por causa de uma grande mentira, tal coisa começou a se tornar algo imperdoável pra mim. Eu sentia novo, não conseguia superar algo deste tipo por mais simples que fosse.
E isso tudo graças a uma das pessoas que eu mais amei nessa vida. Graças ao meu pai, eu me tornei essa pessoa desconfiada, sem emoções e sem expectativas. Confio com dificuldade e não gosto de me envolver, pois no fim, eu sempre acredito que tudo vai dar errado por mais certo que pareça. Nada é garantido e é nisso que acredito.
Por um tempo me entreguei às minhas amarguras, mas depois de um tempo Yeosan apareceu no quarto a pedido de minha mãe. Sorridente como sempre, pulou em cima da cama depois que avisei que ele poderia entrar e logo ele disse que teríamos torta de cereja na sobremesa do almoço caso eu ajudasse minha mãe a fazer. O pequeno foi me implorar e eu acabei não resistindo.
Mas antes de lhe dar a resposta que tanto queria, o observei enquanto falava e invejei sua animação e seus sorrisos. San era uma criança cheia de vida, muito alegre e muito simpático também. Certamente era o oposto do que me tornei depois de tanta tempestade em minha infância. E mesmo não tendo muita atitude para mudar minha situação, eu tinha um único impulso: fazer de tudo para manter aquele sorriso por m ais que o meu tivesse sumido há tempos.
Não me sentia a vontade pra isso, mas resolvi fazer suas vontades. Me levantei, pedi alguns minutos e logo fui encontrá-los na cozinha.
Posso dizer que o sorriso de minha mãe também me invejava. Depois de tudo que rolou e depois de tudo que superou sozinha com duas crianças, ela deu a volta por cima e seguiu em frente. Foi derrubada da pior forma, mas ergueu a cabeça e continuou sua caminhada. Depois de tudo ela foi tudo que precisávamos e eu me orgulhava muito disso.
É, já estou me convencendo que eu sou a única que não consegue deixar o passado no passado. Isso tudo foi tão marcante pra mim, que era como se todos os dias eu recebesse a notícia da descoberta daquela grande mentira. Eu poderia pedir ajuda para melhorar assim como minha mãe fez — e me sugeriu — porém eu não tinha essa iniciativa. E enquanto eu não quisesse ou achasse que não conseguiria enfrentar tudo isso, nada ia mudar.
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I will find you
Ficção AdolescenteApós ser desafiada durante um jogo em uma festa, Haruna deve que beijar um estranho enquanto esteve vendada. Porém, ela não contava que aquele beijo a deixaria balançada e que um desejo surgiria disso. Mas, havia só um problema: Quem a beijou?