Fuga

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Mamãe tinha nos acordado no meio da noite e nos tirado da casa do tio Vander, estava frio do lado de fora e a Powpow estava dormindo no colo da mamãe e eu segurando a sua mão. Perguntei várias vezes para onde ela estava nos levando, mas ela não me respondeu e eu fiquei com uma sensação ruim.

Depois de muitas horas de caminhadas na noite escura, chegamos ao local dos meus pesadelo, na hora que vi aquela "casa" velha que ficava perto do porto meus olhos começaram a encher de lágrimas e eu só queria correr dali.

Passamos pela porta enferrujada que fez um barulho altíssimo, lá dentro estava todas as pessoas que trabalhavam para nosso outro tio Silco, enquanto tio Vander era um lutador de box em acessão, tio Silco era um dos maiores traficantes de Piltover. E infelizmente usava nossa mãe de cobaia para drogas novas e a nos como seus aviões, não só a mim ou a Powpow como também outras crianças que ele encontrava na rua e lhes prometia uma família, comida quente e um teto sobre suas cabeças.

Assim que chegamos, mamãe colocou Powpow em um colchão velho que estava num canto do que parecia uma sala e nesse instante ele entrou, alto, cabelos grisalhos e sempre vestido com um terno preto e um vermelho cor de vinho.

- Olha quem voltou, a rata que chamo de irmã e suas duas crias - Falou com nojo na voz enquanto nos olhava, mamãe me puxou para trás dela mas eu queria voar no pescoço dele.

- Silco, não mexa com elas, eu só vim porque... - Mamãe tentou falar mas parecia que ela ia desabar.

- Não consegue ficar limpa né ? - Disse ele chegando perto e encarando minha mãe e desviou o olhar - Tudo bem... Sustento o seu vício mas temos condições aqui - Segurou o rosto dela a fazendo encarar ele - Violet e Powder vão precisar trabalhar para pagar a sua dívida e para eu não colocar elas para fora

- Mamãe não, vamos embora para casa do Tio Vander - Disse puxando a blusa dela tentando fazer ela olhar para mim e enxergar o meu desespero, mas sem resposta...

- ... Tudo bem, eu aceito - Fechou os olhos e nesse momento eu desabei de chorar.

- Ótimo - Soltou o rosto dela com nojo, virou as costas e antes que ele saísse da sala nos olhos por cima do ombro direito e disse - Elas começam amanhã - E saiu fechando a porta.

Nesse momento minha mãe caiu de joelhos no chão e começou a chorar, cheguei devagar perto dela e a abracei, um abraço desleixado, eu não sentia raiva dela, eu sentia raiva do que esse vício fez com ela, do vício ter tomado conta dela, sabia que ela queria mudar mas também sabia que era extremamente difícil para ela. E lá estávamos nós duas, chorando, no chão frio e eu só escutei um "Me desculpe, minha filha".

Mamãe nem sempre foi assim, tudo começou depois da morte de nosso pai, pouco tempo depois da Powpow nascer, a mãe nunca me contou o que aconteceu mas sei que a deixou tão abalada que a única forma de consolo que ela encontrou foi usando Cintila, começou com uma vez na semana, depois duas, depois três... até chegar ao ponto de precisar de cintila 4 vezes ao dias.

Quando acordamos, a mamãe não estava mais lá e as únicas pessoas no quarto era, eu, Powpow e outros dois meninos que eu já tinha visto das outras vezes ficamos aqui, se não me engano eles se chamavam Claggor, o gordinho simpático, e o magrelo rabugento era o Mylo. Uma das várias crianças que Silco pegava das ruas para trazer a essa trágica vida.

- Acho que vamos trabalhar juntos hoje - Disse Claggor se aproximando com um copo de água e esticando para mim - Você é a Violet ne?

- Sou sim... - Peguei o copo com um pouco de receio e tomei um gole, parecia que havia anos que eu não tomava um copo de água - Infelizmente vou trabalhar contra a minha vontade.

You're not alone anymoreOnde histórias criam vida. Descubra agora