Cap. 5

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"Saudade? Não, não é isto: é desespero, raiva, um peso enorme no coração." - São Bernardo, Graciliano Ramos.

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[Hailee]

Era quase duas horas da tarde quando terminei todas as tarefas indicadas pela Madre para aquele dia e, finalmente, eu me via livre para resolver todas as questões pessoais que ainda tinha pendentes. É claro, resolver todas em um só dia era impossível e muitas delas demandavam muito mais tempo e esforço não só da minha parte, mas de outras pessoas que, no entanto, eu não sabia se podia contatar ou, ao menos, contar com elas.

Me livrei do uniforme e resolvi que a primeira coisa que faria dali em diante seria encontrar um lugar para ficar. Eu não conhecia nada nem ninguém naquela cidade, quero dizer, haviam poucas pessoas com as quais eu já tinha estabelecido algum contato, mas não sabia se alguma delas poderia me ajudar de alguma forma a encontrar uma moradia qualquer. Além disso, até onde eu sabia, não havia uma imobiliária sequer naquele lugar, então me passou pela cabeça que um bom lugar para perguntar seria na delegacia, então me dirigi para lá.

- Hailee! Hailee, espere! - Eu caminhava para fora do portão quando ouvi Alice me chamar e, por isso, me virei para atendê-la. - Está indo ao centro?

- Não sei se podemos dizer que tenha um "centro" por aqui. Mas sim, estou. Você sabe se existe alguma imobiliária na cidade?

- Não, não temos. Normalmente, as casas disponíveis para serem alugadas são arrendadas diretamente com os donos.

Mordi o canto do lábio e olhei ao redor um tanto apreensiva, para quem eu iria pedir uma casa? E tinha que ser, preferencialmente, onde houvesse uma ou mais mulheres que tivessem relações com o dono do imóvel ou, na melhor das hipóteses, eu preferia que elas fossem donas dele, pois eu não confiava em homens a ponto de morar nos imóveis em que apenas eles tivessem acesso ao local além de mim. Desta forma resolvi questionar Alice sobre o assunto.

- Alice, você não sabe de alguém... Digo, alguém confiável que esteja alugando um quarto ou uma casa pequena e simples mesmo? Eu não ligo e nem preciso de muito espaço.

Ela pensou por alguns instantes tentando buscar na sua mente a informação que eu pedia e logo disse:

- Olha, no momento eu não sei de ninguém, mas me lembro que há um tempo, o Delegado Hartmann estava alugando um cômodo no fundo de sua casa, mas com saída independente. Entretanto, ninguém quis alugá-lo.

- Bem, o Delegado Hartmann... - Comecei mas depois quem ficou nervosa e se interrompeu brevemente fui eu ao me lembrar de que ele era o pai de (SeuNome). - Vamos perguntar a ele. Você vem comigo, por favor?

A freira assentiu que sim e deixou o Saint School ao meu lado com certa euforia que eu não compreendia. A caminhada até o local não era de todo muito longa, mas ainda assim, depois de ter esfregado pelo menos oito corredores e umas cinco salas, eu me sentia um pouco cansada daquele percurso e, por isso, agradeci mentalmente quando chegamos ao local. Entramos e uma guarda que havia acabado de encerrar uma ligação nos atendeu.

- Em que posso ajudá-las, senhoritas?

- Olá, Oficial... Evans... - Li no crachá da mulher. - Eu gostaria de falar com o Delegado Hartmann.

- Ele está ocupado agora, mas pod...

Nesse momento a porta do escritório do delegado abriu e por ela passou uma (SeuNome) com uma expressão nada boa no rosto e, logo atrás dela, surgiu um homem robusto e alto - muito mais alto que todas as quatro mulheres que ocupavam o mesmo recinto que ele - usando óculos quadrados e uma barba rala grisalha, assim como o cabelo, e que devia ter seus 48 a 50 anos, o qual tentava a todo custo fazer com ela parasse para ouvi-lo. Entretanto, eis aí uma tarefa que parecia extremamente difícil naquele momento não fosse o fato de que, quando a garota resolveu que iria parar para encarar o pai, seus olhos pararam diretamente sobre mim e me fuzilaram com uma frieza insuportavelmente dolorosa. Mas ela não disse nada a mim, apenas ignorou que eu estava ali, era como se tivesse encarado o ponto em que eu estava com um olhar tão perdido que não identificava nada, não via coisa nenhuma.

(In)Finito [Hailee Steinfeld/You]Onde histórias criam vida. Descubra agora