"They broke my heart and called me heartless." - Obito Uchiha
####################
[Narrador]
O fato de não ter lembranças tão claras de seu passado, não o fazia de todo mal, nem lhe deixava sem coração. Tinha nas mãos um caderno encouraçado e chamuscado pelas chamas, mas que, por algum motivo e sem saber ao certo qual, havia guardado com cuidado contra o peito debaixo de sua jaqueta. Não, não era mal, porém, depois de tão descontrolada fúria que havia descarregado como uma besta que escapou das correntes depois de tanto tempo presa, restava ali apenas um mórbido e silencioso vazio, mas que ressoava como um eco em meio a tanto escombro e cinzas... Cinza, sem brilho, fedendo a fumaça e fuligem. Encontrava-se sozinho, ou melhor, debaixo dos mesmos escombros de onde havia saído, também estavam ali algumas dezenas de mortos que já não significavam coisa alguma - e nem antes tiveram algum significado. Não se arrependia da decisão tomada e executada a fio como havia planejado por tanto tempo. Claramente percorreu o local devastado à procura de alguém que conhecesse, mas é claro que não encontrou, afinal, havia tomado todo o cuidado de tirá-la dali e, tão logo teve certeza de que ela não estava entre os diversos cadáveres, se lembrou que aquele caderno era o diário dela, sua irmã, Hailee.
"Está a salvo e livre", ponderava ele dentro de sua cabeça mais silenciosa e tranquila do que jamais havia estado em tanto tempo. Era como se a certeza de que a irmã havia se livrado daquele lugar lhe trouxesse uma paz de espírito que nunca tinha experimentado até então. E para ele o que restava? Não sabia, sequer tinha ideia do que faria, mas tinha certeza da sensação de alívio, completude e paz que carregava dentro do peito depois de tantos anos vivendo sob a pressão daqueles religiosos fanáticos. Não é que não precisasse de Deus, mas sabia que precisava de algo a mais, ainda que não fosse para si mesmo, mas para sua irmã, ao menos. Ele, na verdade, o que precisava era de terapia, pois convenhamos, todos os irmãos mais velhos precisam de terapia. Mas, na falta disso, encontrou sua libertação na tragédia que causara. E, novamente, não se arrependia e se sentia finalmente livre. Como pode um assassino sentir-se livre?
E após a fúria, não restou mais nada além de quietude e lembranças. Para onde iria agora? Para lugar nenhum e todo lugar, sobreviveu com ajuda que encontrava e pedia às pessoas pelos lugares onde passava até que, certo dia, chegou a Fairfield e ouviu o nome da irmã em uma conversa de mercado entre duas freiras. Podia ser apenas coincidência, mas ainda assim, buscou averiguar se a irmã, de fato, estava naquela cidade e, tão logo obteve a confirmação, resolveu procurá-la de imediato. O que diria à irmã? Como falariam sobre o incidente, o qual ela não tinha a menor ideia de que havia sido ele o causador? Quando a fez sair do internato às escondidas garantindo de que sairia e a encontraria ainda no mesmo dia, não pensou de modo algum em dizer a verdade de seus planos e esperava que ela entendesse e não voltasse para procurá-lo e fosse para o mais longe possível dali. Seria capaz de perdoá-lo sabendo da atrocidade que cometeu apenas para salvá-la e lhe dar a oportunidade de estar em um lugar melhor? Não sabia, mas esperava, do fundo de seu coração, que sim.
[Hailee]
- Ela parece legal. - Ouvi Griffin falar assim que fechei a porta. - Embora pareça não ter gostado muito de mim. Há quanto tempo estão juntas?
- Bem, nem sei exatamente, talvez uns 3 meses, eu acho. Mas já nos conhecemos há um pouco mais de tempo do que isso. - Respondi enquanto caminhava de volta até a cama ocupando o mesmo lugar de antes.
Eu mal conseguia acreditar que estava vendo meu irmão na minha frente, pois, até onde sabia ele estava morto, embora jamais houvesse conseguido recuperar os restos mortais dele e, bem, eis aí o motivo: ele estava vivo. Tinha tantas perguntas para fazer, tantas dúvidas para sanar e tinha certeza que ele estava ciente disso, então não hesitei mais:
VOCÊ ESTÁ LENDO
(In)Finito [Hailee Steinfeld/You]
Fanfiction(Não finalizada e sem previsões de continuação no momento). Nem sempre existem caminhos de volta, ainda que continuemos insistindo que queremos voltar. Talvez essa seja uma jornada que não possamos terminar e, por isso, damos um fim a ela e ao percu...