"Some things I'll never know...
And I had to let them go". - Pressure, Paramore.
####################
[SeuNome]
Depois que o irmão de Hailee havia chegado na cidade, eu senti certa necessidade de estar um pouco longe dela. Não porque eu queria de fato estar longe, mas porque eu sentia que precisava dar espaço aos dois. Besteira da minha cabeça, é claro, pois ela insistiria inúmeras vezes para que eu desse abertura ao homem. Mas eu não conseguia, tanto porque a chegada inesperada dele abria mesmo um espaço entre nós como também sua presença me deixava incomodada e desconfiada de muitas coisas. Entretanto, é claro que não paramos de nos ver, porém, eu evitava ficar muito tempo com ela ou falar demais, sempre usando a desculpa de que precisava estudar para o vestibular, o qual, ingenuamente, eu ainda não sabia que jamais faria. E agora eu estava mais sozinha do que nunca, visto que Artie havia, inexplicavelmente, falecido. A mim parecia, é claro, que alguém havia feito algum tipo de maldade contra ele, mas sem provas e sem querer apontar suspeitos, guardei tal pensamento para mim e suportei a ausência do meu amigo em silêncio.
Em casa, eu via a relação de meu pai e Anne começando a esfriar, o que era óbvio que aconteceria em algum momento, e não por causa dele, mas por ela. Convenhamos, todos sabiam, exceto o pobre homem, que ela só estava ali para ficar perto de mim e até me vigiar se fosse necessário. Mas o delegado Hartmann, coitado, estava, de fato, atraído por ela e estava sempre tentando dar investidas, procurando por mais, o que às vezes ela era obrigada a atender. Tanto que, certa noite, já bem tarde para ser franca, eu ouvi algumas coisas em sequência e deixei meu quarto para verificar se estava tudo bem. Pois bem, quando alcancei a sala de estar, achei meu pai bêbado largado sobre Anne e tentando beijá-la, mas ela tentava a todo custo repeli-lo enquanto ele insistia. Ainda que tivéssemos nossas diferenças, eu não consegui deixar aquilo acontecer e o tirei de cima dela, o que o fez me olhar transtornado, mas, tão logo ele me reconheceu, tentou dizer várias coisas desconexas, as quais fui ignorando enquanto o fazia se apoiar sobre mim e o levava ao seu quarto.
Quando deixei meu pai em sua cama, tirei-lhe os sapatos e o cobri para que não sentisse frio. Ainda o ouvi murmurar algumas outras frases desconexas, mas não me detetive tanto tempo ali ao ponto de entender. No final, saí do quarto apenas ponderando que já fazia bastante tempo que eu não o via entregando-se à bebida desse jeito.
Retornei à sala e encontrei Anne sentada no sofá com as mãos cruzadas sobre os joelhos e o pé direito batendo impacientemente sobre o chão. Mas engano meu, não era impaciência, era ansiedade, pânico, desespero que ela não deixava sair de outro modo e reprimia assim.
- Ele já deve estar praticamente apagado agora. Você deveria dormir também. - Comentei tão logo ela me viu em sua frente. - Pode dormir no meu quarto se quiser, eu durmo aqui.
Eu não sabia de onde me vinha tal gentileza para com aquela mulher, mas verdade era que, se eu não ficasse ali, ela ficaria ou, então, se atreveria a sugerir que dormissemos no mesmo quarto, o que estava fora de ser cogitado. No último dos casos, só lhe restaria compartilhar a cama com meu pai e seu tenebroso cheiro de álcool.
- Não precisa. Eu vou para minha casa.
- Mas já está tarde para você sair assim. Não precisa disso, Anne. Pode ficar no meu quarto, eu não me importo de dormir aqui na sala.
Não protestou mais e aceitou minha oferta. Porém, maldita foi a hora em que a acompanhei ao quarto, pois, tão logo chegamos lá, a vi implorar para que eu ficasse ali com ela sob promessas de que não tentaria nada, que não faria nada que eu não quisesse.
VOCÊ ESTÁ LENDO
(In)Finito [Hailee Steinfeld/You]
Fanfiction(Não finalizada e sem previsões de continuação no momento). Nem sempre existem caminhos de volta, ainda que continuemos insistindo que queremos voltar. Talvez essa seja uma jornada que não possamos terminar e, por isso, damos um fim a ela e ao percu...