Cap. 24

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“Deus! Ó Deus! onde estás que não respondes?

Em que mundo, em que estrela Tu te escondes

Embuçado nos céus?

Há dois mil anos te mandei meu grito,

Que embalde desde então corre o infinito…

Onde estás, Senhor Deus?” - Vozes da África, Castro Alves

P.S. A música é Here with me, d4vd

Como sempre, desconsiderar erros, por favor.

"Fire, and smoke, and gun..." - Emily Dickinson.

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[Hailee]

Levei (SeuNome) até próximo do portão do Saint School, mas não entramos juntas e, ainda que estivéssemos adentrando o mesmo local, nos separaríamos de qualquer forma, pois a biblioteca ficava de um lado da instalação e os empregados em uma repartição totalmente oposta e afastada. Eu só passava por lá mesmo porque precisava limpar praticamente todo o colégio.

Alice também não me acompanhou, pelo contrário, pela primeira vez ela abandonava a mim para se juntar a (SeuNome) e, a partir dali, percebi que elas compartilhariam a cumplicidade que, até então, eu pensei que poderia ser compartilhada entre meu irmão e a garota. Fiquei a observar as duas se afastando de mim enquanto conversavam - Alice, claramente, muito mais espontânea e animada que (SeuNome) - e gostei do que vi porque, a mim, parecia como se eu começasse a formar uma família que tinha perdido e que não podia negar sentir falta.

Quando entrei para pegar as coisas e começar a trabalhar, me deparei com a Madre no recinto conversando com alguns outros empregados e eu, em vez de cumprimentar, apenas segui em direção ao local de armazenamento dos utensílios de limpeza. Ela, porém, não deixou minha presença passar despercebida e, tampouco eu voltei a passar por ela mais uma vez já com os utensílios em mãos, me fez parar a fim de poder trocar algumas poucas palavras comigo, ou, para ser mais específica, me dar ordens.

- Senhorita Steinfeld. Bom dia. Que bom encontrá-la. - Ela abriu um sorriso claramente forçado e prosseguiu. - Uma de nossas funcionárias precisou ser afastada temporariamente e precisamos de alguém para ocupar o lugar dela.

- Contratem outra pessoa. Acho que Alice aceitaria vir trabalhar aqui por um tempo. - Já fui falando ao perceber que iria sobrar para mim.

- Garotinha petulante você, não? - A senhora comentou debochadamente e eu arregalei os olhos e engoli em seco ao ouvir aquilo. Jamais teria esperado tal insulto de uma mulher daquele padrão. - Alice não serve para esse tipo de serviço e, além disso, não temos verba suficiente para contratar outra pessoa nesse momento e, ainda que tivéssemos, levaria um tempo até encontrarmos uma pessoa adequada para o cargo.

“Mas acabei de te dar uma excelente sugestão, velha idiota!”, pensei eu, porém é claro que me mantive em absoluto silêncio, afinal, eu precisava do emprego para pagar as contas, sobreviver, a data de pagamento do aluguel já se aproximava e, além disso, eu precisava de dinheiro para poder mimar (SeuNome). Sejamos completamente sinceros e, digamos, até um pouco frios neste exato instante: até o amor está permeado de alguns interesses e exigências do capitalismo. Cativa como eu já estava por (SeuNome), ela voltava a aparecer em minha mente e eu pensava no medo que tinha não poder dar a ela o mundo, por mais simples que ele fosse. “Como vou cuidar de você se eu não mantiver este emprego?”, eu me via questionando a lembrança de (SeuNome) em minha mente. 

A freira prosseguiu:

- Assim, eu quero que você assuma as funções dela e, por isso, terá algumas mudanças em seu horário: às terças e quintas-feiras não mais irá trabalhar no turno da manhã, mas passará a fazer o horário da tarde e da noite.

(In)Finito [Hailee Steinfeld/You]Onde histórias criam vida. Descubra agora