3. Questionamentos

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WANDA MAXIMOFF

Encarei o prédio da escola infantil com o coração acelerado. O nervosismo estava me batendo tão forte que eu só queria voltar para minha cama e me enrolar em torno da minha coberta.

Aja como uma adulta, Wanda!

Minha consciência ordenou e com isso adentrei a escola. O ambiente era agradável e caloroso e diversas crianças e pais me desejavam bom dia pelo caminho. Sorri para os pequenos corpos que corriam apressados com suas mochilas nas costas. Aquilo me acalmou um pouco.

Passei rapidamente na sala da direção apenas para pegar meu material e me apresentar formalmente e então me encaminhei para a sala dos professores. Não era uma escola muito grande, o que me deixava mais tranquila, a propósito.

- Wanda? É você? -Ágatha Harkness falou com empolgação ao me reconhecer. - Meu Deus, você não mudou nadinha.

Minha amiga de dez anos atrás se apressou em me abraçar, apertando meu corpo contra o seu com entusiasmo.

- Ágatha, não esperava encontrá-la aqui. -sorri, estando realmente surpresa.

Éramos amigas de infância, quando fugi há dez anos atrás deixei tudo, inclusive meus amigos para trás. Tentamos manter o contato, mas as coisas apenas foram se distanciando mais e mais.

- Ensino aqui há dois anos. Foi o meu primeiro emprego depois que voltei da faculdade. -era animador ver um rosto conhecido e isso acalmou bastante meus nervos. - Ouvi burburinhos de uma professora nova, mas não sabia que era você.

- Voltei há apenas alguns dias. -tentei não entrar muito naquele assunto. Não queria explicar todos os motivos por trás da minha volta. - Fico feliz de termos nos encontrado.

- Eu também! Estou um pouco atrasada agora, mas podemos nos ver no fim do dia e conversar um pouco mais! -ela disse já indo em direção à porta. - Foi uma alegria tremenda te ver aqui, até mais tarde.

Sorri para a porta a qual ela havia saído e comecei a arrumar minhas coisas no armário que estava destinado a mim. Organizei o material que usaria somente depois e coloquei na bolsa os que usaria hoje.

Já me sentindo menos nervosa e pronta, caminhei em direção a minha sala de aula. Aos poucos ela foi se enchendo de crianças e me senti em casa. Ensinar era onde eu me encontrava e estar perto de crianças era o meu refúgio.

A manhã passou quase rápido demais. Não tinham muitos alunos na minha turma, mas eles estavam bastante agitados pelo primeiro dia de aula. No começo foi um pouco difícil de contê-los, mas logo peguei o jeito.

No fim da aula Ágatha já estava na porta me esperando com um sorriso caloroso nos lábios. Caminhamos com tranquilidade até o portão de saída, conversando sobre o primeiro dia de aula.

- Coloque aqui seu telefone para que eu possa ligar para você e marcarmos algo. -ela disse me entregando seu celular. - Temos tanto que colocar em dia.

Não sabia se estava pronta para tamanho convívio social, mas lembrei da voz da minha mãe me dizendo que eu deveria começar a tentar socializar um pouco, então coloquei meu número no aparelho. Uma vez que todos nossos alunos estavam entregues aos seus pais, Ágatha e eu nos despedimos com a promessa de marcar um jantar depois.

Caminhei até o estacionamento, me sentindo um pouco cansada e querendo o conforto da minha cama. Lidar com a vida adulta ainda drenava muito de mim, mesmo que estivesse melhorando aos poucos.

Já dentro do carro me olhei pelo espelho retrovisor, satisfeita comigo mesma. Eu havia vencido o primeiro dia.

Girei a chave uma, duas, três vezes e nada.

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