5. Esclarecimentos

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WANDA MAXIMOFF

Clint voou em minha direção no momento em que Natasha saiu correndo pela porta.

- Você ficou maluca? -ele gritou a plenos pulmões, sua expressão furiosa enquanto me encarava. - Que porra foi essa?

A sua reação me deixou assustada e, junto a isso, aquela voz no fundo da minha mente me dizendo que eu tinha feito uma grande bobagem, me tirava a concentração.

Ele continuava gritando coisas raivosas em direção a mim, mas tudo o que eu podia pensar era que, talvez, minhas ações tivessem passado dos limites.

- Clint! Clint! -Laura chamou sua atenção, ficando entre nós dois. - Por favor, agora não. A Natasha está sozinha, ela pode fazer alguma besteira. Você precisa ir atrás dela.

Me perguntei que tipo de besteiras Natasha poderia fazer. Besteiras irresponsáveis que causariam problemas para os outros ou besteiras que prejudicariam a sua própria vida?

O pensamento me fez gelar por inteira.

- Eu juro por Deus, se algo acontecer com a Natasha, você me paga. -Clint ameaçou sem receio, seu dedo indicador apontado para mim.

Ele saiu correndo pela porta e as duas mulheres ficaram lá me encarando como se eu fosse uma aberração.

E naquele momento eu me sentia como tal.

Peguei minha bolsa e marchei para fora da casa sem dizer nenhuma palavra. Naquela noite quando sai de casa, senti que algo daria errado, mas a empolgação de Ágatha me deixou sem graça de recusar o seu convite. Aparentemente meu caminho nessa cidade estava atrelado ao de Natasha, por mais que eu odiasse isso.

Liguei o carro e comecei a dirigir para casa, a lembrança dos olhos de Natasha indo e voltando de mim para cerveja me assombrando constantemente. O olhar costumeiro triste, havia se transformado em pânico e me perguntei quando foi que os papéis tinham se invertido.

Quando eu passei a ser a pessoa que aterrorizava alguém?

Pietro estava no sofá da sala quando entrei e me encarou com um olhar curioso. Ele iria fazer alguma de suas piadinhas sem graças, mas desistiu ao ver minha expressão.

- Aconteceu alguma coisa no jantar com sua amiga? -perguntou com curiosidade, batendo no lugar ao seu lado, indicando que era pra eu me sentar.

- Deu tudo errado, Pi. -assumi encolhendo os ombros.

Foi então que contei tudo a ele. Era claro que ele sabia sobre o meu receio de voltar e o trauma que Natasha tinha me deixado, mas deixei tudo sair. Os nossos encontros pela cidade, o fato dela parecer sempre triste e cautelosa perto de mim, o discurso de Clint e Ágatha sobre ela ser uma nova pessoa.

Até mesmo o seu jeito com Lila. Durante toda semana eu tinha visto Natasha se esgueirar na entrada da escola para pegar a garotinha, eu sabia que ela estava tentando se manter distante de mim, mas a observava de longe.

Pietro me ouviu falar tudo, sua expressão ficando um pouco chocada quando contei sobre minha atitude de hoje.

- Não precisa me olhar assim. -pedi porque o seu julgamento era demais pra mim. - Sei que fui uma babaca, mas é a Natasha!

- Isso não te dá passe livre pra ser cruel, maninha. -Pietro parecia desapontando e isso me quebrou.

- Eu achei que aquilo não era real...

- Não, você quis machucá-la assim como ela te machucou. Você quis que ela sentisse um pouco do que te fez sentir. -ele levantou do sofá e me olhou uma última vez- Talvez você deva começar a admitir que não é tão diferente de Natasha quanto pensa. Aliás, alcoolismo transforma uma pessoa. Qual é a sua desculpa?

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