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Fast food não era a comida mais indicada para uma pessoa com um ferimento infeccionado, mas Itachi não sentia vontade de comer outra coisa senão as batatas fritas da lanchonete de esquina, há pouco mais de quinze minutos de caminhada da sua casa. Naruto caminhou ao seu lado com as mãos nos bolsos da calça, o motorista os seguindo poucos passos atrás deles. Itachi sabia que a expressão distraída e até entediada daquele homem era enganosa, pois não seria qualquer um escolhido para ser o segurança pessoal de um cara como Naruto.
Caminharam junto com o pôr do sol pelas ruas silenciosas do bairro onde cresceu. Conhecia bem cada rua, lembrava-se de cada casa. Quando descia por aquele mesmo caminho com Madara, os moradores mais antigos curvavam a cabeça em sinal de respeito, as crianças acenavam de longe e não importava qual loja ou comércio entravam, os responsáveis insistiam para que eles levassem os itens sem pagar e Madara praticamente os ameaçava para aceitar o dinheiro. Todos respeitavam muito seu tio, pois ele fez o melhor por aquelas pessoas durante o seu tempo como o primeiro em comando. Uma vez Itachi perguntou porque ele gostava parte do seu dinheiro pagando o tratamento de saúde do senhor que morava na frente do posto ou porque ele comprava os doces da senhora que tinha uma barraquinha no parque perto da escola e nunca esqueceu o que ouviu dele.
"Não importa quanto mal você faça na sua vida, desde que faça o bem para os que merecem o bem."
Lembrar disso o fez entender porque o silêncio das ruas parecia tão frio.
A lanchonete na esquina parecia bem comum. Servem hambúrgueres e bebidas comuns nos filmes americanos, por isso seu design é o mais diferente da rua. Passaram pelas portas automáticas e se viram dentro de um ambiente comum em filmes, o piso quadriculado como um tabuleiro de xadrez, mesas retangulares e assentos de couro vinho para duas pessoas, cadeiras coloridas e quadros dos mais diversos cantores nas paredes. Entrar ali o fez lembrar da sutil alegria de se imaginar em uma série sempre que ia ali.
Muito divertido, muito útil.
Um homem alto e com cabelos compridos presos numa trança acenou para os recém chegados com educação. Seus olhos opacos ganharam um novo foco quando reconheceu um dos clientes.
-Bou-chan! Há quanto tempo!
-Kenjirou-san, como tem passado? - Itachi inclinou-se em direção ao homem - Sua saúde está boa?
-Boa, muito boa! - Ele ergueu um dos braços e bateu nos músculos - Estou em remissão há quatro anos, maia um ano e estarei oficialmente curado!
-Fico feliz por saber disso.
-Tudo graças ao wakagashira - Kenjirou mudou seu tom de voz, sua tristeza era real - Ainda não acredito que isso aconteceu, é um desastre, um desastre...
-Obrigado.
-Bom, pelo menos o bou-chan está de volta, ainda há esperanças! Veio checar os negócios?
Madara não ia naquela lanchonete uma vez por semana só pelo seu milk-shake de morango preferido, mas sim porque ali era um dos pontos onde as drogas eram separadas para a distribuição local. Itachi passou horas com aquele senhor repassando a contabilidade.
-Hoje não, Kenjirou-san. Eu vim comer alguma coisa...
-Deixa eu adivinhar, o bou-chan vai querer o número 11?
-Isso mesmo - Sorriu por ele lembrar-se do seu pedido preferido: batatas fritas, cheeseburguer com fatias de bacon extra e milk-shake de chocolate.
-Certo... e o estrangeiro...
Kenjirou não tinha olhado para Naruto com atenção antes e quando o fez, seu rosto empalideceu-se e sua voz morreu de uma vez. Itachi olhou para o homem de cabeça baixa digitando no celular como se estivesse alheio àquele momento, mas o sorrisinho torto nos seus lábios cheios lhe entregaram.

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Pragnieinie
FanfictionHavia um acordo de paz assinado entre a máfia Uchiha - líderes do tráfego de drogas e a máfia Uzumaki, que controla o tráfego de armas de fogo. O clã Uzumaki, de imigrantes poloneses, é tão temido que até a polícia prefere manter distância. Na véspe...