Ficaram em silêncio, ambos imaginando se da rua se podia ver a luz dos abajures da sala. As cortinas pesadas talvez a vedassem. Mesmo assim Jimin desligou um deles e empurrou um tapete pequeno até a fresta inferior da porta. Ouviram passos, provavelmente de duas pessoas, depois um toque de campainha. O toque pareceu multiplicar o silêncio interior.
Os cães começaram a latir. Um imprevisto incontrolável e assustador. Colaram os ouvidos na madeira à escuta. Novo toque de campainha, seguido de um terceiro. E os dálmatas latindo.
— Será que ela saiu? — ouviram. — Não pode ser.
— Se saiu foi com os dois, mas para onde?
— A ordem era para reter os pivetes aqui. O que teria havido?
— Está ouvindo os cachorros?
— Estou.
Novos toques de campainha.
— Onde aquela louca foi a esta hora!
A voz que soou em seguida denotou apreensão.
— E se dominaram a doutora? Lá na igreja deram uma cadeirada na ruiva.
— Ou ela fugiu com o dinheiro.
— A perua velha?
— Quando telefonou não sabia que os dólares estavam com os garotos.
A conversa passou a se expressar mais pelas pausas que pelas palavras.
— Descontente com dinheiro ela andava — o outro admitiu.
— Pode ser ainda que tenha entrado em acordo com os dois...
Dentro, os dois trocaram-se novos olhares. Ouvia-se bem o que se dizia do outro lado da porta, a não ser quando os cachorros latiam demais.
— Vamos tirar a dúvida na marra — decidiu um deles.
— Como?
— Arrebentando a porta.
— Vamos, Kwan.
Esse nome provocou nos um dois verdadeiro choque elétrico.
— Arrebente a fechadura.
Jungkook e Jimin recuaram, dando-se as mãos. Um precisava da força do outro, da energia. Logo ouviram ruídos metálicos na fechadura. O loiro puxou o outro rapaz para a porta da cozinha. E falou pela primeira vez durante a situação:
— Não vamos deixar os cachorros passarem pra sala.
Quando ele cuidadosamente abriu a porta os cães voltaram a latir e com muito mais estridência. Jimin entrou na cozinha, seguido de Jeon. Estava às escuras mas o menor se arriscou a acender a luz. Havia uma porta, no fundo, que devia dar para um quintal ou jardim. Mas, azar, estava fechada a chave.
Jungkook apontou para outra porta, ao lado do fogão, e abriu-a. Era uma pequena despensa, ocupada por prateleiras cheias de alimentos enlatados ou embrulhados. Não havia outro lugar para se esconderem. Jimin desligou a luz e os dois entraram no estreito e abafado compartimento. Para caberem tinham de ficar colados, corpo a corpo. Jeon sentia o perfume que o outro usava e, logo mais, as batidas de seu coração. Atrás da porta da despensa os dálmatas fungavam.
— Os cães vão nos denunciar — temeu Park.
Minutos depois ouviam um forte estalido. A porta da rua cedera. Aí a tensão chegou ao máximo. Ouviram vozes já na sala.
— Abajures acesos. Alguém deve estar aqui.
— Vamos subir.
— Não, é melhor olhar primeiro a cozinha.
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Doze horas de terror • Jjk + Pjm
Fanfiction[CONCLUÍDA] Quanto tempo pode durar um pesadelo? Certamente muito mais do que você imagina. E ele ainda pode ser mais terrível: está acontecendo de verdade. Ao voltar para casa depois de mais um dia normal de trabalho, Jungkook descobre que seu pio...