4 ▪︎ Oito em ponto

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A Rodoviária estava lotada, num contínuo entra-e-sai desordenado.

Não era possível andar dois passos sem esbarrar em malas e ouvir protestos. Desta vez Jimin tinha preferido um táxi. Durante o trajeto não proferira uma única palavra. Parecia que conversa atrapalhava no lugar de esclarecer, retardava a ação.

Na rodoviária subiram uma escada rolante, carregada de pessoas imóveis como manequins. Depois percorreram um corredor de guichês iluminados de empresas transportadoras.

— Acho que me enganei. — Disse o loiro. — É lá embaixo. Que cabeça!

— O que é lá embaixo?

Na outra extremidade do corredor havia a escada rolante que descia. Passaram a circular no térreo, Jimin apressado, trombando pessoas. Por fim pararam diante de um letreiro:

B A G A G E N S

— É aqui. — Jimin abriu a bolsa e retirou uma chave. Impaciente, pela primeira vez ele pôs todo seu nervosismo à mostra. Mordia os lábios carnudos e esfregava as mãos.

— Venha comigo. — Disse a Jeon.

— Você guardou alguma mala aí?

— Lucas guardou.

— Que mala?

— Quer calar a boca, por favor? — O menor explodiu, descontrolado.

Entraram numa sala ocupada de alto a baixo por malotes numerados. Era onde passageiros em trânsito guardavam suas bagagens. Park procurou um tanto aflito um número e parou do malote 113. Olhou-o como se fosse a entrada da caverna de Ali-Babá. Fez uma pausa que parecia conter espaço para uma reza. Depois, com as mãos trêmulas, girou a chave. Olhou dentro ansioso, como se o coração fosse explodir, como... mas soltou em seguida a respiração, aliviado, e dizendo sem som um graças a Deus, retirou uma sacola verde, bastante gorda. Bonitinha, trazia estampado em ambos os lados, em relevo, o simpático comedor de espinafre, marinheiro Popeye.

— O que tem aí? — Jungkook questionou. — Roupas de criança?

— Roupas de criança... — Repetiu Jimin, com desdém e soltou uma risada nasalada. — Você vai se assustar, garoto.

— O que é? Uma cascavel?

Jimin olhou ao redor e sussurrou no ouvido do maior, só para ele e Deus:

— São verdinhas.

— O quê?

— Quinhentos mil dólares. — Sussurrou novamente.

— Quinhentos mil? — Sussurrou de volta, espantado.

Como um professor, Jimin explicou:

— Transformando os dólares em wons, uma pessoa que não esbanje muito pode viver de renda até bater com as dez. Mas se preferir pode comprar vinte e cinco carros de boa qualidade. Ou um belíssimo apartamento na zona de classe alta.

— De quem é esse dinheiro? — Jungkook perguntou, já imaginando a resposta.

— De seu querido irmão.

— De Lucas?

Um sorriso enviesado: — Ou seu, se o matarem. Quinhentos mil dólares.

— Dinheiro de tráfico? — Fez uma careta.

— Dinheiro roubado de traficantes. — Jimin o corrigiu.

— Lucas roubou?

— Roubou.

Jungkook ficou atordoado. Mas precisava saber tudo.

— E você vai levar esse dinheiro para ele?

— Vou tentar.

— Por que tentar?

— Porque não sei direito onde ele está.

— Ele não disse ao telefone?

— Não, alguém devia estar muito perto ou escutando por uma extensão.

— Então como iremos encontrá-lo.

— Por adivinhação. Conheço alguns lugares que Lucas frequenta ou onde poderá deixar recado.

Jeon queria saber mais:

— O que acontecerá depois que o encontrarmos

— Eu entregarei a ele o dinheiro e você a caderneta. Aí ele poderá desaparecer. — Deu de ombros.

— E eu?

— Você volta correndo para Busan, não reapareça nos próximos dez anos.

Outra pergunta:

— E você, o que fará já que os bandidos sabem onde mora?

Jimin não respondeu logo, piscou lentamente algumas vezes até se virar para o moreno e confessar:

— Não sei, se Lucas não for contra, desaparecerei com ele. — E acrescentou sem olhá-lo, envergonhado, como se fosse uma confissão pecaminosa, um segredo: — Não tenho parente algum, fui criado em um laboratório. Passei a adolescência como mascote da quadrilha, até que Lucas me tirou de lá.

— Num laboratório?

— Não se lamente, é uma longa história. Espero ter ainda alguma chance. Acho que conhecerei meu futuro antes que amanheça. — Sorriu para amenizar o peso de sua frase. Em seguida, ajeitou sua touca sobre seus fios dourados e estendeu uma mão para que Jungkook a segurasse. 

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Doze horas de terror • Jjk + PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora