5 ▪︎ Dez para as nove

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Jungkook sentiu que palmilhava duas histórias, a atual, a do chão que pisava, e a história passada de Jimin. Haveria um momento, para ele já ansiosamente aguardado, em que as duas se encontrariam. Mas, por enquanto, não podia identificar o garoto usado como mascote no homem decidido que seguia ao seu lado. E, onde, em que encruzilhada, em que circunstâncias, seu destino emparelhara com o de Lucas? O que os aproximara? Tinha muito a descobrir naquela noite.

— Ninguém sabia que o dinheiro estava guardado na rodoviária? — Perguntou, enquanto caminhava com Jimin pela calçada, coalhada de gente que ia e vinha carregando malas.

— Apenas Lucas e eu... suponho.

— Para onde estamos indo?

Park não respondeu, olhando inquieto para os lados. Em seguida, atravessou ligeiro a rua e fez um taxi parar enquanto com um sinal pedia a Jungkook que se apressasse.

— Tive a impressão de que estávamos sendo seguidos. — Disse o menor ao entrarem no carro.

— Pelo grandalhão de óculos escuros?

— Não, por uma mulher de cabelos vermelhos, ruiva.

— Você a conhece?

— Eu vi essa mulher uma vez. — Respondeu, e soltou um longo suspiro. — É da quadrilha.

— Como sabe?

— Lucas me apresentou a ela em um clube. É estrangeira.

— Se estava pelas imediações da rodoviária talvez soubesse onde Lucas guardava o dinheiro. — Calculou Jeon.

— Pode ser que a gangue esteja bloqueando algumas saídas da cidade. — Disse-lhe o loiro ao ouvido.

— Quem quer fugir, foge até a pé. — Argumentou, fazendo Jimin soltar um risinho baixo.

— Mas devem saber que Lucas ainda está na cidade e que não fugiria deixando nós dois expostos ao perigo. Por isso, se não pegarem Lucas, podem tentar nos reter como reféns. — E ergueu a voz ao motorista: — Pare aqui.

O taxi parou diante de um escuro terreno baldio entre casas térreas. Jungkook entendeu que se tratava de uma precaução para que evitassem que vissem os dois ao descer do carro. Com Jimin à frente, em silêncio, atravessaram a passos rápidos o terreno, que terminava na rua paralela. Mas não era ainda ali o lugar de encontro. Havia um logo além uma escadaria rústica, de pedras, dividida em dois lances, comunicando com a parte baixa do bairro. Uma mulher forte subia os degraus lentamente, equilibrando uma enorme trouxa de roupas à cabeça. Passaram por ela e chegaram a uma pequena praça na inusitada forma de um triângulo.

— Estamos chegando. — Avisou Jimin.

Pararam diante de um casarão desbotado, cuja cor original seria impossível identificar. Sua fachada e parte lateral, toda recortada de janelas fechadas, davam um aspecto sombrio à construção, a qual se entrava por um portão de ferro, com barras retorcidas ou soltas, em franca decrepitude.

Jimin foi entrando por um corredor aberto de cimento esburacado, seguido por Jungkook, que mostrava não se sentir nada bem. O fato de não saber o que sucederia agravava seu febril estado de espírito. O loiro bateu três vezes seguidas, ritmicamente, com o punho, na porta no fundo do corredor, como se fosse um sinal combinado. Ouviram logo passos leves, mas demoraram a atender, com certeza para antes observar pelo visor.

Quando a porta abriu, sentiu-se um bafo de ervas amargas, algo sufocante, e viram uma mulher baixa e carnuda que usava um turbante na cabeça.

— Quem é esse aí? — Perguntou a Jimin, com desconfiança.

Doze horas de terror • Jjk + PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora