14 ▪︎ CU-CO, CU-CO, CU-CO, CU-CO, CU-CO: CINCO HORAS

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A mulher de cabelos vermelhos acompanhou a esposa do acidentado até a recepção do hospital, enquanto o marido, na maca, era levado às pressas para o interior.

Uma atendente, a mesma que preenchera a ficha de Lucas, começou a fazer as perguntas de praxe à moça desesperada. Em sua companhia, Ludmila passava como parente. Mas bem atenta examinava o hospital, fixando o olhar nas portas.

— A senhora é da família? — perguntou a atendente.

A de cabelos vermelhos, que não esperava pela pergunta, respondeu:

— Da família não — querendo dar a entender que era apenas uma conhecida. A atendente em seguida conduziu as duas a uma pequena sala vazia.

— Esperem aqui.

— Ele será atendido logo? — perguntou a mulher do acidentado.

— Primeiro tirarão chapas e darão antibióticos. O cirurgião ainda não chegou.

— Ele virá quando? — foi a pergunta ansiosa.

— Não vai demorar. Já foi chamado para outro caso.

Outro caso. Talvez se trate de Lucas, supôs a mulher de cabelos vermelhos.

Quando a atendente se retirou, a jovem esposa começou a chorar.

— Quer um pouco de água? Posso ir buscar — prontificou-se Ludmila, para começar a abrir portas à procura de Lucas.

— Quero — disse ela.

Mas no mesmo instante chegava a prestativa atendente com uma bandeja, dois copos e alguns comprimidos.

— Isto é um calmante para as senhoras.

A moça pegou o copo e o comprimido, que tomou, mas a falsa acompanhante os recusou.

Ao se virem a sós novamente a infeliz esposa do acidentado, por achar excessiva a generosidade de uma simples mulher que passava pela rua quando a ambulância chegara, disse:

— Não precisa se preocupar mais comigo. Vou ficar bem depois do calmante.

— Eu também tenho um parente aqui. Fui avisada de que levou um tiro.

Outra pergunta embaraçosa:

— Quando foi isso?

— Não sei exatamente... Bem, vou procurar por ele. Com licença.

Ludmila, a mulher de cabelos vermelhos, a bruxa, começou a circular livremente pelos corredores desertos do pequeno hospital. Abriu a primeira porta. Era uma cozinha. Foi em frente. Abriu outra.

Um quarto vazio. Abriu a terceira porta. Um homem dormia com a cabeça coberta por um cobertor. Entrou.

JIN, O SALVADOR

Espiando pela janela da cozinha da casa de Minji, Jungkook e Jimin viram no alto, como um trapezista no poleiro, o verde Cae. Ele também os percebeu e intensificou seu espetáculo. Até penas voavam.

— Será que ele está assim por causa da luz? — perguntou Jungkook.

— Minji não está aí.

— Será que veio fazer um chá e esqueceu a luz acesa?

— E por que não ouve o papagaio? — indagou-se Jimin. Jungkook se pôs nas pontas dos pés e espiou mais para o canto da cozinha. Ao voltar à posição normal estava abalado.

— Minji está amarrada numa cadeira.

— O quê?

— Minji está amarrada numa cadeira.

Doze horas de terror • Jjk + PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora