8 ▪︎ Quase meia-noite.

272 56 9
                                    

Jungkook olhou a construção charmosa e elegante, e pensou que se os pais a vissem iriam chama-la de bangalô. Mas na Seul de hoje ninguém devia conhecer o significado dessa palavra que ele ouvia desde pequeno.

Jimin tocou a campainha. Latidos de cães foram ouvidos.

— Ela tem dois dálmatas. — comentou o mesmo.

— O marido dela faz o quê?

— É uma solteirona. — Respondeu Jimin. — Por aqui tem fama de ser uma excelente cirurgiã.

A porta se abriu e os dálmatas, com suas manchas pretas, acesos, apareceram no jardim fronteiro saltando e latindo. Uma mulher de meia-idade, baixa e gorda, como um barril cortado ao meio, lembrando ilustrações de livros infantis, de blusa e calça comprida, surgiu no retângulo iluminado.

— Quem é?

— Eu. — Disse o menor. — Jimin. O amigo de Lucas. Lembra-se?

— Claro! — Exclamou a doutora após uma pausa. E foi abrir o portão. — Não tenham medo que eles não mordem.

— Este é Jungkook, irmão de Lucas. — Apresentou Jimin.

— Muito prazer. Eu e seu irmão somos muito amigos. Vamos entrando.

Os três entraram no bangalô acompanhados pela ruidosa cachorrada, que não parava de saltar, numa recepção festiva.

— Esta casa é uma gracinha. — comentou o loiro.

E era mesmo, um ambiente fofo e aconchegante, graças ao revestimento de lambris, imitando o interior de um iate de luxo, e a mundo de almofadões coloridos com certeza de agrado dos dálmatas. Depois daquela maratona era um alívio, uma recompensa, pisar uma sala como aquela.

— O que querem beber? — Perguntou a dona da casa, preocupada em oferecer uma boa acolhida. — Eu não bebo nada, pois passo horas, todos os dias, operando. Mas o meu bar não é de se jogar fora.

— Eu mesmo posso fazer um coquetel. — Apresentou-se Jimin, já se colocando atrás de um balcão. — Jungkook, desta vez, nada de refrigerantes. Precisamos relaxar um pouco.

— Fique à vontade. — Permitiu a doutora. — Lucas, no mês que passou aqui, preparou dezenas de coquetéis.

— E com quem pensa que aprendi?

— Lucas é um rapaz encantador. E seu irmão parece que também é.

— Sou muito mais tímido que ele. — Disse Jungkook. — Aliás, falando nele...

Jimin interrompeu-o:

— Não se precipite, Kook. Tudo tem a sua hora. Espere. Vamos tomar nosso coquetel, a não ser que a doutora esteja com sono.

— Não opero aos sábados. — Disse ela. — Amanhã posso dormir até tarde.

— Em que hospital a senhora trabalha? — Perguntou Jeon, sempre curioso.

— Em hospitais populares. Se operasse somente gente rica, moraria num bairro melhor que este.

Jimin trouxe o coquetel de Jeon, no qual mergulhara uma cereja.

— Experimente.

O moreno experimentou.

— Como é doce! Parece bebida para crianças.

— Vai nessa. Bastam três para embriagar. — Preveniu o loiro, sentando-se. — Agora a gente pode tratar do assunto. A senhora tem visto Lucas?

— Se tenho visto Lucas? — A senhora franziu o cenho. — Não.

— E ele tem telefonado?

— Por quê? Aconteceu alguma coisa?

Doze horas de terror • Jjk + PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora