Capítulo 6

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     Eu me troquei e peguei o diário da minha bisavó levando ele pra sala esperando que o Yong estivesse lá. Deixei o diário em cima do sofá enquanto ainda procurava por ele, eu estava ficando preocupada, não estava sentindo que ele estava ali. Fui até a cozinha mas ainda nada.

—Yong?

   Andei pela casa chamando por ele mas não sentia nada... Já sentia o desespero aumentar em mim, eu não estava pronta pra isso, mesmo que eu soubesse que uma hora ou outra ele sumiria e não voltaria mais, eu não gostava de me imaginar sem ele. Ele foi o único que ficou, mas era o único que eu tinha a certeza de que iria uma hora ou outra.

   Já estava segurando o choro mais uma vez. Quando meu coração acelerou ao ouvir algo batendo na porta. O Yong nunca batia, até porque sempre estava aqui, quem mais seria? Mas não podia ser mais ninguém além dele... Minha bisavó dizia que a criatura não conseguia entrar na casa então também não podia ser... Pra minha sorte.

   Andei até a porta sentindo as minhas mãos tremendo, respirei fundo e abri ela... Um garoto maior que eu, loiro, estava sorrindo fazendo seus olhos se tornarem dois risquinhos, na mesma hora senti a presença do Yong.

—S/N.

   Como... Isso era possível?

—Entra. —Ele entrou e eu fechei a porta. —Como você fez isso?

(Yong): É estranho mas eu também não sei.

—Então como aconteceu? Mesmo que fosse algo como uma reencarnação você não conseguiria se lembrar de nada.

(Yong): Eu estava andando ela floresta e acho que acabei saindo dela... Então eu voltei assim.

—Mais uma coisa pra pesquisar. Mas... Está vivo?

(Yong): Me sinto vivo.

—Já checou a pulsação?

(Yong): Sinto meu coração de novo.

—Como pode estar vivo? —Pergunto ainda em choque.

   Isso não fazia sentido nenhum. Mas nada fazia também, afinal eu tinha um garoto fantasma que passou a maior parte da minha infância ao meu lado sem que eu tivesse a mínima noção disso.

(Yong): Está bem?

—Estava te procurando. Achei uma caixa na prateleira de cima do closet. Dentro dela estava o diário da minha bisavó, ela disse que o meu avô disse a ela que a criatura prendia algumas almas aqui, normalmente almas que tinham alguma pendência. Algo pra resolver em vida que não foi resolvido. Mas acho que agora... Isso não é mais o que precisamos. —Concluo um pouco frustrada.

(Yong): Talvez ao passar dos limites da floresta eu tenha voltado por não estar nem vivo nem morto... E ao entrar em contato com a vida isso tenha me puxado de alguma forma.

—Ainda não faz sentido, mas eu não vou tentar procurar lógica nisso. Pode ser, você não estava realmente morto, por alguma razão.

(Yong): Precisamos ter certeza disso?

—Não. O que me importa é que está bem. Agora o que me preocupa é o fato de que se está vivo, talvez a criatura te queira, e dessa vez talvez não te deixe entre a vida e a morte.

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