Capítulo 05

75 15 72
                                    

Não poderia ter acontecido pior

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Não poderia ter acontecido pior. Luciano olhou para mim com uma expressão de estranheza e perguntou a quem pertencia aquele apelido o qual tinha acabado de escapar dos meus lábios.

Palavras me faltaram e eu não sabia muito bem como reagir àquele olhar confuso e questionador. A minha mente estava a ponto de explodir com o turbilhão de desculpas que estava tentando formular, mas nenhuma parecia ser convincente.

E então eu percebi que o melhor a se fazer era contar a verdade. Toda a verdade, por mais dolorosa que fosse.

--- Eu... Eu não sei bem como te explicar.

--- Está desejando outro, Helena?

Suspirei. Se fosse apenas desejar, talvez fosse mais fácil falar.

--- Não, eu... Sim, estou. - confessei.

Não consegui mais olhar para ele, então fechei os olhos. A dor da culpa e vergonha é muito difícil de suportar com aqueles olhos castanhos me julgando.

Luciano se afastou de mim devagar e sentou na ponta da cama, dando-me as costas. O seu corpo curvado sobe e desce por conta de sua forte respiração, e a cabeça baixa, demonstrando uma postura derrotada, parte o meu coração.

O que eu fiz?

--- Quem é ele?

--- Um cara que conheci em um bar.

--- Entendi.

O silêncio que se formou é esmagador. Eu queria tanto que ele gritasse, que brigasse comigo, que me apontasse o dedo e me enchesse de acusações e me expulssasse de sua casa. Mas a sua falta de reação só piora tudo. Não saber o que ele está sentindo ou pensando, acaba comigo.

Então eu mesma me acuso e questiono. O porquê de eu ter sido tão idiota, eu não sei responder. Quando foi que me tornei uma mulher tão sem caráter e horrível é uma questão a qual também não tenho uma boa reposta. Como que eu fui capaz de fazer algo tão terrível com uma pessoa tão boa como Luciano?

--- Fala alguma coisa. - pedi.

--- O que quer que eu fale, Helena?

--- Eu não sei.

--- E nem eu.

--- Faça perguntas. O que quer saber? Eu te respondo.

--- Eu não quero saber de mais nada. Só o fato de você estar desejando outra pessoa, e ter a capacidade de citar o nome dela enquanto transa comigo, é uma grande decepção.

A calmaria com que ele fala me faz entrar em desespero.

--- Eu não só o desejo, Lu. Eu transei com ele também. Eu transo com ele há meses. Todas as vezes em que não pude estar com você, não foi porquê tive que estudar, é porque eu estava com ele.

Não sei o que deu em mim para derramar tudo isso em cima dele. Não discutir sobre isso me deixou perturbada e eu precisava falar alguma coisa. Eu precisava despertar Luciano para que ele reagisse e fizesse o que qualquer pessoa faria em seu lugar.

Mas ele não é qualquer pessoa. Ele tem a porcaria de um bom coração. Infelizmente ele é gentil e é honroso. Ele não é o tipo de pessoa que surta e tem ações precipitadas. Luciano não perde o controle quando está com raiva.

O meu coração acelerou consideravelmente, quando o meu namorado levantou da cama. E para a minha grande surpresa, ele colheu as roupas que jogamos no chão quando nos despimos, e me entregou as minhas. Ele olhou nos meus olhos, e eu não vi um sinal de ódio, apenas decepção e tristeza.

--- Vá pra casa, Helena. Não me procure. Foi bom o quanto durou, pelo menos para mim.

E assim, ele se afastou e saiu do quarto, deixando-me sozinha com os meus pensamentos de autocondenação.

[...]

Voltei para casa devastada. Assim que pisei os pés no chão da rua, chorei.

Por mais que os meus sentimentos por Luciano não sejam mais os mesmos, dói reconhecer que o nosso relacionamento acabou. Foram dois anos de união. Construímos sim uma história. Uma história bonita. Eu vivenciei momentos incríveis ao lado dele, e nunca esquecerei de tudo o que ele fez por mim.

Mas um par de olhos escuros me fez desviar do caminho, e é tarde demais para voltar atrás.

Talvez ter deixado o apelido de Adriel passar por entre os meus lábios tenha sido bom. Se não fosse isso, eu não sei quando tomaria coragem para terminar com Luciano. Existia um cordão que nos ligava e eu tinha medo de cortar e perder ele e tudo o que ele me proporcionava. Mas eu estava agindo de forma errada e cruel.

Manter uma pessoa presa a mim, apenas por amar a sua presença e seus agrados, é uma atitude que sinto vergonha de ter tomado. Mas agora que isso já teve o seu fim, tentarei correr atrás do prejuízo e do homem que realmente quero.

[...]

09 · 02 · 22

[...]

]

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Minha PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora