— Segure. — estendi a mão e ela agarrou.
Já vi isso nos filmes, tem que dar certo aqui também.
— Você tem dedos calejados. — ela comentou.
Revirei os olhos. O pouco treinamento que tive com Luciano resultou em mãos ásperas e cheias de calos.
— É, eu sei disso. Tenho mãos de guerreira. — falei de queixo erguido.
— Tudo bem, senhora guerreira — debochou — Agora, por favor, leve-me para Vrede.
— Calma, preciso me concentrar. — Peguei o medalhão. Que os céus me ajudem. — Será que você poderia me dar uma pequena descrição sobre Vrede? — Olhei para ela.
— É um lugar mágico. As pessoas lá estão sempre alegres. Não existe dor e nem sofrimento. Não existe tristeza e nem raiva. Apenas paz. As ruas são banhadas de prata. As casas são pequenas e coloridas. E também tem um grande lago azul no meio da cidade.
A minha mente não consegue projetar uma imagem nítida do lugar. São informações que me fazem pensar em várias coisas ao mesmo tempo. O risco de eu nos levar para um lugar nada a ver é grande.
— Eu gostaria de tentar algo — falei — Por favor, pense neste lugar e deixe-me ler a sua mente.
Ela me olhou com estranheza.
— A mente de uma pessoa é um lugar perigoso; de um deus, é mil vezes mais.
— Eu só quero ver como é Vrede. A sua descrição não está me ajudando. E se eu não souber como é o lugar, não tenho como nos tirar daqui. Apenas imagine o lugar e mostre para mim.
Ainda me encarando com uma sobrancelha erguida, desconfiada, ela suspirou.
— Tudo bem, faça.
Não sei se é necessário, mas fechei os olhos e toquei na cabeça dela. Senti uma forte onda de energia a percorrer por todo o meu corpo e quase afastei a mão, mas me mantive forte. É uma deusa exilada muito poderosa. E não está pensando apenas em Vrede; várias imagens confusas flutuam da mente dela para a minha.
— Concentre-se apenas em Vrede, por favor. — Abri os olhos e a olhei: o seu rosto está contraído e ela está ofegante — Por favor, deusa. Concentre-se em Vrede!
— Eu… — esforçou-se para falar — Eu não… consigo.
Ai, minha nossa. A minha cabeça está começando a doer. O que eu fiz? Baguncei com o cérebro dela. Cada vez mais ela me transmite uma forte energia, juntamente com pensamentos aleatórios. Consigo ver a sua antiga casa, os seus irmãos, as brigas, os poderes e…
— Aaaaaaah! — grito ao sentir uma dor insuportável na cabeça, que percorre pelo meu pescoço, ombros, tronco, pernas e logo sou jogada para longe. — Droga. — grunhi pondo a mão na cabeça.
Senti algo escorrer de meu nariz e ponho a mão. Verifico e vejo que é sangue. Caramba, a mente de um deus é realmente perigosa, ela não estava brincando.
Levanto e fico sentada. Ao longe, posso ver a deusa exilada de pé e cabeça baixa. Os ombros sobem e descem, devido a forte respiração. Ela parece frustrada, e a culpa é toda minha. Eu prometi que a tiraria daqui, e não estou fazendo muito progresso.
Logo, como um estalo de dedos diante dos meus olhos, lembro de algo. Como não pensei nisso antes?
Luci? — chamo. — Luciano, pode me ouvir?
Fecho os olhos, numa tentativa de buscar por ele, da mesma forma que fiz com a espada. Eu não consigo senti-lo, não consigo vê-lo. Sinto os meus olhos mexerem, inquietos debaixo das pálpebras, mas tudo o que encontro é escuridão.
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Minha Perdição
Fantasy🏅Obra vencedora do concurso Caneta de Ouro, na categoria de melhor reviravolta. 🔞contém conteúdo adulto. Helena tem o namorado perfeito, que faz tudo por ela e para ela. Mas por algum motivo inexplicável, ela não consegue ser fiel. Um certo cara d...