— E então, o que ele disse? — Alícia entregou uma xícara com chá a Raquel e se sentou ao seu lado na mesa.
A loira refletiu as palavras de Sérgio em mente, a cena se passava como um filme: ela ainda se lembrava do cheiro do perfume dele e sentia seus braços apertando seu corpo.
Ambas estavam tomando café da manhã, então Raquel aproveitou para contar o ocorrido de horas atrás.
— Ele disse que aquilo era muito para a cabeça dele. — ela rodou a colher na xícara enquanto observava o líquido se mover. — Em partes eu entendo, não é como se apenas um "eu te amo" mudasse tudo.
Alícia sentiu o peso daquela frase e apertou a mão da amiga: — Às vezes, somente amor não basta, Raquel. — passou o braço ao redor da loira. — Dê tempo ao tempo.
— Não sei o que eu estava pensando quando falei aquilo tudo. — negou com a cabeça. — O que eu esperava? Que ele voltasse pra mim como um passe de mágica? — apoiou o rosto nas mãos sentindo pena de si mesma.
— Você foi sincera, não se culpe por isso. — colocou o rosto próximo ao dela — E pelo visto ele também não te esqueceu. — conseguiu atrair o olhar da loira. — Se tudo o que ele disse for verdade, talvez vocês ainda tenham uma chance.
— Você... Acha mesmo?
— Acho, mas como eu disse antes, dê tempo a ele. — tocou seu braço. — Ele ainda está noivo.
— Eu sei. — suspirou e bebeu o chá em sua xícara.
Enquanto Alícia consolava Raquel, longe dali se mantinha um Sérgio pensativo. Sua mente vagava pela conversa com Raquel horas atrás e a cena dela indo ao encontro do chão. Sérgio notou que aquela não era a primeira vez que a viu tão nervosa, a sua mão tremendo e seu olhar indicando que algo estava errado o fez lembrar do dia que ela esteve em sua casa e ficou da mesma forma apenas com uma pergunta.
— O que há de errado com você? — perguntou a si mesmo enquanto pensava na loira.
— Falou algo, amor? — Larissa desviou o olhar da televisão para o noivo. Só então Sérgio percebeu estar distraído a um bom tempo.
— Desculpe, pensei alto.
— Posso saber o que se passa nessa cabecinha aqui? — sorriu acariciando os cabelos de Sérgio, mas sentiu ele se desvencilhar do toque.
— Não é nada importante Larissa, não se preocupe. — seu tom era normal.
Larissa ficou em silêncio sem desviar o olhar de Sérgio, ele não havia percebido, mas tinha a magoado.
— Larissa? — sentiu um nó na garganta. — Você nunca me chama assim.
Sérgio então percebeu o que havia feito. Em todos os anos de namoro foram poucas as vezes que ambos se tratavam pelo nome, aqueles termos indicavam que algo estava errado, e ela sabia.
— Desculpa, eu não quis te chamar assim. — passou as mãos no rosto. — Estava distraído.
— Você quis sim. — Sérgio viu os olhos dela se encherem de lágrimas. — Algo aconteceu Sérgio, você está diferente. — ele ia dizer algo, mas foi interrompido. — Não tente negar, eu sei que aconteceu.
O homem ficou em silêncio sem saber o que responder, ele não podia simplesmente dizer tudo o que se passava em mente. Principalmente sobre Raquel.
— Tudo bem, não precisa contar se não quiser. — se levantou e saiu do quarto.
Sérgio esfregou as mãos no cabelo e se sentiu culpado. Ele não queria admitir, mas ela tinha razão, algo havia mudado: os sentimentos dele. Não tendo coragem o suficiente para encarar Larissa naquele momento, Sérgio continuou deitado na cama e deixou o som da televisão acompanhar seus pensamentos. Pensamento esses que retornaram a loira em uma bela lembrança:
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Eu ainda te amo
Lãng mạnSérgio e Raquel namoraram durante a adolescência, mas seus planos foram interrompidos quando Raquel iniciou sua faculdade em outro país. Mesmo após o término e seguindo suas vidas, o amor ainda existia entre ambos e as lembranças eram as memórias ma...