Entrega

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Sérgio

Acendi a última vela que faltava e olhei com atenção cada detalhe da mesa, estava tudo como planejei. Quando a campainha da minha casa tocou eu praticamente corri até a porta para abrir, já sabendo que minha loira havia chegado:

— Eu tenho um encontro com um tal de Sérgio Marquina, ele se encontra? — disse assim que eu abri a porta.

Céus! Como ela estava linda naquele vestido vermelho, com os cabelos dourados soltos e moldando perfeitamente o rosto. Senti-me o homem mais sortudo do mundo por ter aquela mulher só para mim.

— Você está linda. — me aproximei beijando os lábios vermelhos dela, que facilmente me beijou de volta.

— Moço, eu sou comprometida. — falou ao se afastar e negou com a cabeça. — Se ele descobre que você me beijou, as coisas não vão ficar boas para o seu lado. — sorriu travessa.

— É mesmo? — entrei na brincadeira. — Pois diga a ele que o que é bom tem que ser compartilhado, entra.

Rimos e entramos em casa. Acompanhei Raquel até a sala de estar onde eu havia preparado um jantar a luz de velas, pelo sorriso da loira eu percebi ela havia gostado da surpresa.

Coloquei uma música aleatória para tocar e servi uma taça de vinho a ela, ficamos conversando assuntos aleatórios até que eu servi o jantar que havia preparado: a massa favorita dela.

Com direito a muitos elogios pela comida seguimos o jantar num clima totalmente romântico. Ela me contava um caso aleatório que teve no trabalho meses atrás, mas eu não prestei muita atenção porque só conseguia admirar a beleza da mulher a minha frente. E não, Raquel não era bonita apenas por fora, era ela incrível como pessoa. Talvez não exista elogio o suficiente que chegue aos pés do que ela é, ela tinha um certo magnetismo que me fazia ficar cada vez mais apaixonado, uma luz própria.

— Amor? — me olhou confusa.

— Ahn? Do que falava? — ajeitei meus óculos percebendo que eu estava tempo demais admirando ela.

— Eu perguntei se você toca piano. — ela apontou com o olhar para o piano mais ao fundo da sala.

— Sim. — sorri envergonhado. — Não é lá essas coisas, mas eu consigo tocar algumas músicas.

— Toca uma música pra mim? Eu amaria ouvir. — ela pediu com os olhos brilhando e eu não tive como dizer não.

Deixei minha taça de vinho sobre a mesa e fui até o piano com Raquel ao meu lado, abri a parte de madeira onde ficavam as teclas e me sentei no banco de couro perto no instrumento.

— Vem aqui. — dei espaço para ela se sentar ao meu lado. — Tem alguma música em mente?

— Não. — ela deitou seu rosto em meu ombro. — Toca a sua preferida.

Ouçam: The entertainer — Scott Joplin

Comecei a tocar as notas me lembrando da música em mente para não errar. Raquel sorriu surpresa ao reconhecer a música e começou a balançar a cabeça no ritmo que eu tocava. Ela tinha um sorriso sereno no rosto enquanto ouvia, parecia realmente amar aquele som em total devoção. Algumas vezes eu quase erro as notas por me deixar levar pela presença dela ao meu lado.

Raquel se levantou do banco e começou a dançar enquanto eu tocava. Sem deixar de sorrir para mim ela rodava o vestido em mãos e dançava conforme as notas aumentavam. Eu poderia gravar aquele sorriso em mente milhões de vezes que ele seria sempre mais bonito pessoalmente, especialmente quando eles eram para mim.

Ela me chamou com o dedo indicador para me juntar a ela na dança. Mesmo eu parando de tocar o som do piano ainda ecoava em nossas mentes em total sincronia. Coloquei minhas mãos ao redor da sua cintura e ela se deitou apoiada em meu peito. Dançamos em passos lentos aproveitando a companhia um do outro, ali lado a lado eu tive a certeza que o melhor lugar do mundo seria com ela em meus braços.

Eu ainda te amoOnde histórias criam vida. Descubra agora