Passeio

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— Por aqui. Venham todos por aqui — Ed Regis comandou. A seu lado, uma moça entregava capacetes de segurança com o nome Parque Jurássico estampado ao lado de um pequeno dinossauro azul.
Uma fila de Land Cruisers da Toyota saiu de uma garagem subterrânea, sob o centro de visitantes. Os carros avançaram, silenciosos, sem motorista. Dois rapazes negros, em roupa de safári, abriram as portas para os passageiros.
— Duas a quatro pessoas por carro, por favor, duas a quatro pessoas. — A mensagem era gravada. — As crianças devem estar acompanhadas por um adulto. Duas a quatro pessoas...
Tim observou a entrada de Grant, Ellie e Malcolm no primeiro Land Cruiser, junto com Gennaro, o advogado. Depois olhou para Alexis, que batia com a mão fechada na luva de beisebol.
O menino apontou para o primeiro carro e perguntou a Ed:
— Posso ir com eles?
— Lamento, mas eles precisam discutir alguns detalhes técnicos — Ed Regis respondeu.
— Eu me interesso por detalhes técnicos — Tim afirmou. — Prefiro ir com eles.
— Não precisa, podemos ouvir a conversa — Regis explicou. — Temos um canal de rádio aberto entre os dois carros.
O segundo carro estacionou. Tim e a irmã entraram, e Ed Regis acomodou-se junto com as crianças.
Temos carros elétricos, guiados por um cabo na estrada.
Tim ficou contente por pegar o lugar na frente, pois no painel havia duas telas de computador e uma caixa parecida com um CD-ROM, um drive para disco laser operado por computador. Havia também um walkie-talkie portátil e uma espécie de transmissor de rádio. Duas antenas projetavam-se no teto, e no porta-luvas encontrou dois binóculos para observação noturna.
Os rapazes negros fecharam as portas do Land Cruiser. O carro arrancou, com um zumbido elétrico. Um pouco à frente, os três cientistas e Gennaro conversavam e gesticulavam, visivelmente excitados.
— Vamos escutar o que estão dizendo — Regis sugeriu. O intercomunicador estalou.
— Eu não sei que diabo você pensa que está fazendo aqui — Gennaro dizia. Parecia muito irritado.
— Sei muito bem porque estou aqui — Malcolm retrucou.
— Veio para me aconselhar, não para fazer brincadeiras intelectuais. Tenho cinco por cento desta empresa, e a responsabilidade de assegurar que Hammond faça um trabalho seguro. Agora você chega, droga, e começa...
Ed Regis desligou o botão do intercomunicador e disse:
— De acordo com a política antipoluição da companhia, estes Land Cruisers elétricos leves foram construídos especialmente para nós pela Toyota, em Osaka. Um dia esperamos poder circular entre os animais, como nas reservas africanas. Por enquanto, acomodem-se e aproveitem o passeio. — Ele fez uma pausa. — Como perceberam, podemos ouvir a conversa de vocês aqui.
— Essa não — Gennaro reclamou. — Preciso falar à vontade.
Não pedi para trazer as crianças.
Ed Regis sorriu complacente e apertou outro botão.
— Vamos começar o espetáculo, está bem?
Eles ouviram soar as trombetas, e as telas no interior dos veículos exibiram a mensagem "Bem-vindos ao Parque Jurássico". Uma voz de locutor disse:
— Bem-vindos ao Parque Jurássico. Vocês acabam de penetrar no mundo perdido do passado pré-histórico, um mundo de criaturas magníficas há muito desaparecidas da face da Terra. Desfrutarão do privilégio de vê-las pela primeira vez.
— Contratamos Richard Kiley como locutor — Ed Regis explicou. — Não economizamos em nada.
O Land Cruiser atravessou um bosque de palmeiras baixas, atarracadas. Richard Kiley continuava:
— Notem, antes de mais nada, as plantas que os rodeiam. As árvores em ambos os lados da pista chamam-se cicas, predecessoras pré-históricas das palmeiras. As cicas constituem o alimento favorito dos dinossauros. Temos também Bennetitaleans e nogueiras do Japão.
O mundo dos dinossauros inclui algumas plantas modernas, como pinheiros e abetos, além de ciprestes do pântano. Logo poderão vê-las.
O Land Cruiser avançava lentamente entre as folhagens. Tim notou que as cercas e muros eram disfarçadas pela vegetação, para dar a impressão de que cruzavam uma selva real.
— Imaginamos o mundo dos dinossauros — prosseguiu a voz de Richard Kiley — como um mundo de animais vegetarianos imensos, alimentando-se nas gigantescas florestas úmidas dos períodos Jurássico e Cretáceo, há cem milhões de anos. Mas muitos dinossauros não são tão grandes como as pessoas os imaginam. O menor dinossauro conhecido não é muito maior do que um gato doméstico, e o dinossauro médio tem o tamanho de um pônei. Vamos começar nossa excursão por esses animais de porte médio, chamados de hypsilophodontes. Se olharem à esquerda, poderão observá-los agora.
Todos olharam para a esquerda.
O Land Cruiser parou numa elevação, onde uma falha na vegetação permitia uma vista da parte leste. A mata descia uma encosta, terminando numa área aberta, coberta por uma grama amarela com cerca de um metro de altura. Não havia dinossauros.
— Onde estão eles? — Alexis perguntou.
Tim olhou para o painel. O transmissor piscou, e o CD-ROM fez um ruído. Obviamente o disco era acessado por algum sistema automático. Ele adivinhou que os mesmos sensores de movimento que localizavam os animais também controlavam as telas do Land Cruiser.
Elas agora exibiam imagens de hypsilophodontes, acompanhadas de dados sobre esses animais.
A voz disse:
Os hypsilophodontes são as gazelas do mundo dos dinossauros:
pequenos e ágeis, existiam em toda parte, da Inglaterra à Ásia Central e América do Norte. Acreditamos que estes dinossauros eram tão numerosos porque possuíam mandíbulas e dentes melhores para mascar as plantas do que outros do período. Na verdade, o nome hypsilophodontid significa "dente pontudo", referindo-se aos dentes típicos do animal, capazes de permanecer afiados. Podem encontrá-los na área aberta à frente, e talvez entre os ramos das árvores.
— Nas árvores? — Alexis exclamou. — Dinossauros nas árvores? Tim procurava-os com os binóculos.
— Do lado direito — ele avisou. — Na metade daquele tronco verde grande...
Entre as sombras recortadas da árvore, um animal verde, imóvel, mais ou menos do tamanho de um babuíno, estava parado em cima de um galho. Parecia um lagarto, de pé sobre as patas traseiras.
Equilibrava-se com a ajuda de um rabo comprido.
— É um Othnielia — Tim afirmou.
— Estes pequenos animais receberam o nome de Othnielia — explicou a voz —, em homenagem ao estudioso de dinossauros do século XIX chamado Othniel Marsh, de Yale.
Tim achou outros dois animais, em galhos mais altos da mesma árvore. Eram mais ou menos do mesmo tamanho. Nenhum deles se mexia.
— Que chato! — Alexis reclamou. — Eles não fazem nada.
—- Os bandos mais numerosos encontram-se na parte plana, abaixo de vocês — disse a voz. — Podemos fazer com que se levantem com um simples chamado de acasalamento. — Um alto-falante próximo à cerca emitiu um longo silvo anasalado, como o grasnar de um ganso.
No meio da grama, à esquerda deles, seis cabeças de lagarto ergueram-se, uma depois da outra. O efeito era cômico, e Tim riu.
As cabeças desapareceram. O alto-falante lançou o grito novamente, e outra vez as cabeças surgiram — exatamente da mesma maneira, uma depois da outra. A repetição exata do comportamento chamou a atenção das pessoas.
— Os hypsilophodontes não são animais dotados de muita esperteza—a voz explicou. — Possuem a inteligência de uma vaca, no máximo.
As cabeças eram verdes, com pontinhos marrons e pretos que desciam pelos pescoços esguios. A julgar pelo tamanho da cabeça, Tim calculou que teriam cerca de um metro e vinte, mais o menos a altura de um veado.
Alguns dos hypsilophodontes mastigavam algo. Um deles cocou a cabeça, com uma pata de cinco dedos. O gesto deu à criatura um ar pensativo.
— Eles costumam se cocar por causa dos problemas na pele. Os veterinários do Parque Jurássico acreditam que se trata de um fungo, ou uma espécie de alergia. Ainda não temos certeza. Afinal de contas, falamos dos primeiros dinossauros da história que permitem um estudo ao vivo.
O motor do carro elétrico foi acionado e as engrenagens arranharam. Com o som inesperado, o bando de hypsilophodontes subitamente pulou no ar e saiu pela grama como se fossem cangurus, mostrando todo o corpo, as pernas traseiras fortes e as caudas longas iluminadas pelo sol da tarde. Em poucos saltos desapareceram de vista.
— Agora que já demos uma olhada nesses herbívoros fascinantes, passaremos a dinossauros um pouco maiores. Muito maiores, para dizer a verdade os Land Cruisers seguiram em frente, para o sul, cruzando o Parque Jurássico.

O parque dos DinossaurosOnde histórias criam vida. Descubra agora