O Retorno

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— Droga — Harding exclamou. — Olhe só isso.
Eles estavam sentados no jipe a gasolina de Harding, acompanhando o movimento ritmado dos limpadores de pára-brisa que faziam flic, flic,. A luz amarelada dos faróis iluminava uma grande árvore bloqueando a estrada.
— Deve ter sido um raio — Gennaro deduziu. — Maldita árvore.
— Não podemos passar — Harding disse. — Melhor chamar Arnold na sala de controle.
Ele pegou o rádio e percorreu o dial.
— Alô, John, pode me ouvir? John? — Não se ouvia nada, fora a estática. — Não compreendo. O rádio ficou mudo.
— Deve ser por causa da tempestade — Gennaro falou.
— Tente os Land Cruisers — Ellie sugeriu. Harding tentou os outros canais, sem sucesso.
— Nada. Provavelmente já voltaram para o alojamento, a esta altura, ou saíram do alcance deste equipamento, que é limitado. De qualquer maneira, acho melhor não ficarmos aqui. A manutenção demorará horas até remover esta árvore.
Ele desligou o rádio e engatou a marcha a ré no jipe.
— O que pretende fazer? — Ellie perguntou.
— Voltar até a bifurcação e pegar a estrada de manutenção.
Felizmente temos outro sistema viário — Harding explicou. — Uma estrada para visitantes, e outra para tratadores de animais, caminhões de alimentos e assim por diante. Vamos voltar para pegar a estrada de serviço. Demorará um pouco mais, e não tem tantas atrações. Mas vão achá-la interessante. Se a chuva permitir, veremos alguns animais noturnos. Estaremos de volta em trinta ou quarenta minutos, se eu não me perder.
Manobrando o jipe na escuridão da noite, ele seguiu novamente para o sul.
Os relâmpagos se sucediam e todos os monitores da sala de controle ficaram pretos. Arnold inclinou-se para a frente, o corpo rígido e tenso. Agora não, pelo amor de Deus, agora não. Era só isso que faltava — o sistema inteiro entrando em colapso, bem na hora da tempestade. Todos os circuitos de força eram superprotegidos, claro, mas Arnold não podia garantir os modems que Nedry utilizava em suas transmissões. Muitas pessoas não se davam conta de que era possível arruinar um sistema inteiro através de um modem: a eletricidade do raio entrava no computador pela linha telefônica e bang! Era o fim da placa principal. O fim da RAM. Acabava-se o computador, interrompia-se o acesso aos arquivos.
As telas piscaram. E depois, uma a uma, voltaram a funcionar.
Arnold suspirou, jogando o corpo na cadeira.
O sumiço de Nedry o intrigava. Há cinco minutos mandara que os guardas revistassem o prédio para localizá-lo. O gordo desgraçado provavelmente se escondera no banheiro para ler gibi. Mas os guardas ainda não tinham voltado, nem Nedry.
Cinco minutos. Se Nedry estivesse no prédio, já deveriam tê-lo encontrado.
— Alguém saiu com o jipe, diacho — Muldoon disse ao retornar para a sala. — Já conseguiu contato com os Land Cruisers?
— Não consigo pegá-los no rádio — Arnold contou. — Precisei usar este, porque o sistema principal saiu do ar. É fraco, mas deveria funcionar. Tentei os seis canais e nada. Sei que possuem rádios no carro, mas não obtive nenhuma resposta.
— Não estou gostando nem um pouco de tudo isso — Muldoon resmungou.
— Se quiser ir procurá-los, pegue um dos veículos da manutenção.
— Eu gostaria — Muldoon disse. — Mas guardaram todos na garagem leste, a quase dois quilômetros daqui. Onde está Harding?
— Calculei que já estivesse a caminho.
— Ele poderia recolher o pessoal dos Land Cruisers.
— Creio que sim.
— Alguém já contou a Hammond que seus netos ainda não voltaram?
— Ainda não — Arnold disse. — Eu não quero aquele filho da mãe circulando por aqui, gritando comigo. Temos tudo sob controle por enquanto. Os Land Cruisers ficaram presos na chuva, é só. Eles bem que podem esperar um pouco, até que Harding os traga. Ou até que Nedry apareça, e eu obrigue o filho da mãe e ligar os sistemas novamente.
— Não sabe fazer isso? — Muldoon perguntou. Arnold balançou a cabeça.
— Estou tentando. Mas Nedry modificou o sistema. Eu não sei bem o que andou aprontando, mas será necessário acessar o código, e isso levará horas. Precisamos de Nedry. Precisamos encontrar o filho da mãe imediatamente.

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