CAPITULO 25

392 42 27
                                    

• K i e r a •

Aparentemente minha mãe não desconfiava de nada, ou estava se fazendo de desentendida. Até aquele momento enquanto eu me arrumava para ir no cinema, ela não havia sequer tocado no assunto sobre ontem. Eu sei que ela se lembrava de tudo que aconteceu, talvez ela só estive esperando o momento certo e eu apenas torcia para que Rachel não percebesse que sua caixinha misteriosa tinha sumido.

Olho para o espelho na minha frente, com certeza o dia seria longo, ir ao cinema com John e Tayler foi de longe a pior ideia que eu já tive, onde já se viu por dois garotos que gostam de você, ou melhor, de Emma, em um mesmo lugar?
Respiro fundo prendendo o cabelo, de maquiagem apenas um gloss rosado, de roupa apenas vesti uma calça jeans claro mais larguinha e com rasgos e uma blusa de alcinha vermelha. Aquilo não era um encontro, então eu não me vestiria como se fosse.

Pego a bolsa e desço encontrando Rachel na cozinha preparando a janta.

_Onde você vai? Achei que jantaríamos juntas.
_Ahn, desculpa. Eu vou no cinema.
_Com o Tayler? -ela pergunta sustentando um sorriso travesso no rosto, sinto minhas bochechas queimarem.
_Sim, e com o John também. - respondo percebendo seu semblante tomar uma forma confusa. - Volto as 22hrs. -digo já dando as costas tentando evitar mais perguntas.
Por um momento eu achei que ela me chamaria para falar sobre a noite anterior, talvez uma parte de mim queira isso, uma parte que não aguentava mais todo aquele joguinho e incertezas. Mas ela não me chamou de volta e eu teria que descobrir tudo sozinha.


***

Às 19hrs John chegou, às 20hrs após várias mensagens e ligações ignoradas por Tayler decidimos assistir o filme sozinhos, o que fez meu estômago revirar, as tais borboletas aparentemente eram acrobatas.
O filme não era chato, longe disso, o público ria, na tela várias cenas de explosões aconteciam, havia o drama, o romance mais principalmente a ação. Mas nada daquilo me prendia a atenção, eu só conseguia pensar em como agir com o garoto que estava ao meu lado. Eu não sabia se minha irmã já havia saído com ele sozinho, eu não sabia como ele iria se comportar no decorrer da noite. Será que ele tentaria me beijar? E se ele tentar, eu devo retribuir? Eu gostaria que ele tentasse. Eu gostaria de beija-lo. Mas seria errado não?

As luzes da sala se acendem, e eu pisco percebendo que o filme havia acabado enquanto eu enlouquecia com meus pensamentos. Olho para John que esticava os braços para o alto se alongando, seu cabelo estava arrumado, não sei se prefiro assim ou quando seus cachos estão bagunçados.

_Sei que não é bem o teu gênero preferido, mas gostou? -ele pergunta olhando nos meus olhos e sorrindo.

Eu assunto com a cabaça e ele se levanta, eu o acompanho, John por sua vez me dá o braço para que eu apoie ao descer as escadas, como sempre gentil. Talvez tenha sido isso que me fez gostar um pouco mais dele.

_Emma? -ele me chama quando estamos saindo do cinema, eu ainda mantinha a mão em volta do seu bíceps.
_Hum?
_Por que me chamou? Quer dizer, todo mundo sabe que morre de amores pelo garanhão de olhos claros -o riso baixo escapa pela minha boca - Era sua chance de ficar com ele, por que estragou me chamando?

Fico em silêncio tentando encontrar a resposta perfeita para aquilo sem atrapalhar a vida da minha irmã. Aquela era a vida dela, tudo que eu fizer pode ter consequências pra ela, eu não podia sair colocando tudo a perder.

_Emma? -ele me chama de novo enquanto caminhamos pela rua quase vazia até em casa.

_Eu não sei, John. - digo, o que era verdade até certo ponto. O silêncio paira sobre nós é minha cabeça começa a trabalhar sem parar - Se eu fosse outra pessoa, iria gostar de mim?

_Como assim? - ele diz rindo.
_ Se eu não fosse a Emma, se eu fosse outra garota, um pouco mais insegura, um pouco mais...
_Emma, eu gosto de você pelo que você é. Pelo que sempre foi comigo nesses anos todos.

Eu não tinha chances. Tive certeza com essa resposta.

_Você ainda gosta do Tayler? - ele pergunta quando viramos na minha esquina. E eu balanço a cabeça que sim, porque era a resposta que Emma daria. A Emma ainda gosta do Tayler e eu duvido que exista alguém que a faça desgostar. - Foi o que eu imaginei.

A vida é uma droga, não é? O garoto que havia conseguido despertar algo em mim era apaixonado pela minha irmã, e eu não podia fazer nada.
Ele para em frente a minha casa e se vira ficando na minha frente, um nó se instala em minha garganta quando meus olhos percorrem os seus detalhes. Ele se aproxima, segura meu rosto em suas mãos e deposita um beijo em minha testa.

_Boa noite, Emma. - e antes que ele se afaste por impulso eu o abraço. Posso ouvir seu coração pulsar forte enquanto retribui o gesto.
Por fim me afasto sorrindo.
_Obrigada por hoje. Você é muito importante pra mim, John.
Ele sorri, dá um passo para trás e faz uma referência a mim, eu prendo o riso.
_Ao seu dispor, madame. - ele assume sua postura normal - Sempre.
Por mais que eu não queira, entro em casa e ao fechar a porta a última imagem que tenho e dele parado na calçada esperando que eu feche a porta.

_Como foi, filha? - a voz de Rachel ecoa pela sala, ela estava jogada no sofá assistindo uma série nova. Eu me sento ao seu lado.

_Foi bom. -digo. - Tayler não apareceu, simplesmente não foi e não atendeu o telefone.

_Sinto muito.

_Não sinta, talvez tenha sido melhor assim. -Ela não diz nada, apenas passa a mão na minha coxa - Mãe, - Rachel volta a me olhar - já teve um segredo que não podia contar nem para quem ama?

Ela continua me olhando, me analisando ou pensando em uma resposta plausível.
_Ja.
_ E o que você fez em relação a isso?
_Tento pensar que seja melhor a pessoa não saber, que estou fazendo isso para protegê-la.
_Para protegê-la ou se proteger da forma que ela vai agir se descobrir a verdade?

Silêncio.

_Emma, eu...

_Preciso dormir, mãe. - digo me levantando, talvez fosse aquele momento que ela diria toda verdade, mas talvez eu não estivesse pronta para ouvir. Talvez eu quisesse adiar porque nunca tive uma mãe e talvez fosse egoísmo meu, mas eu queria aproveitar um pouco mais.
É tão errado assim?

_Tudo bem. - ela beija minha testa - Eu te amo, querida. -sussurra e eu a abraço sentindo meu nariz pinicar.

Se a culpa for toda dela, será que eu conseguiria perdoa-la?

***

Você piscou e eu voltei logo com dois capítulos. Obrigada pelo carinho gente, fico tão feliz em saber que ainda estão aqui!

TROCA QUASE PERFEITAOnde histórias criam vida. Descubra agora