CAPITULO 6

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● E m m a ●


Se me perguntassem como estou me sentindo eu diria: "Não sei.", acho que eu ainda estava anestesiada sobre tudo o que aconteceu nessas últimas horas, o fato de provavelmente minha vida inteira não ter passado de uma grande mentira havia me atingido em cheio, pensar que tudo poderia ter sido diferente... Eu ainda estava na fase de negação, por diversas vezes segurei as lágrimas enquanto Kiera me fazia perguntas, o que mais me doeu foi não saber responder a maioria.

E se não bastasse tudo isso, ainda tinha Miranda. Não é que a gente nunca brigue, mas é raro acontecer e na última semana os desentendimentos eram frequentes, seu humor sempre ficava uma merda quando estava lidando com algum tipo de pressão, mas eu não a perguntei sobre o assunto, acredito que na hora certa ela me diria.

Confesso que eu estava nervosa, quando cheguei no aeroporto de Genovia havia um homem fardado no saguão, ele era moreno, bem mais alto que eu, provavelmente tinha o dobro da minha idade, ao me aproximar ele sorriu e soltou um "Aprontando, Princesa?" que eu respondi com um sorriso amarelado, ele levou minhas malas e durante a viagem inteira eu fiquei pensando em mil possibilidades de dar merda, trocava mensagens sem parar com Kiera que me tranquilizou o máximo possível, até um mapa do Palácio ela desenhou e me mandou um link do site oficial que tinha uma "visitação online". Era um Google maps, só que dentro do castelo. Mesmo assim quando o carro entrou no território real, beirando meia noite eu não estava me sentindo confiante.

Fisicamente  eu era Kiera, mas tirando a casca, tínhamos costumes diferentes, qualquer um poderia descobrir facilmente.

_Chegamos. -diz o guarda ao estacionar bem em frente ao Palácio, ele pega minha mala e abre a porta, e eu fico uns cinco minutos olhando para aquele lugar, eu me sentia dentro de um filme da Disney, literalmente. - Não vai descer? -o guarda pergunta, me tirando dos meus delírios. - Vou levar sua mala ao seu quarto, seu pai está te esperando.

E assim ele me deixa adentrando no lugar eu apenas sigo seus passos, e por incrível que pareça por dentro era mais lindo ainda, o branco das colunas de marfim constrastavam com o piso de madeira e as obras de arte espalhadas por todas as paredes, aquele lugar transbordava  cultura, era como morar em um museu particular de um cara rico.

_ Além de ir para outro país sem minha permissão ainda chega tarde da noite. - A voz grossa e raivosa ecoa pelo lugar fazendo meu coração estremecer, respiro fundo tentando controlar minhas emoções, a partir daquele momento eu tinha que ser Kiera Tremblay e como ela disse: "Uma princesa não demonstra medo ou incerteza. Ela é firme e corajosa".

Então reunindo toda coragem que poderia haver nesse corpo de 1.64m eu me viro em direção de onde a voz veio, no início das escadas de mármore estava um homem vestindo uma calça moletom cinza e um roupão vermelho, ele devia ter 1,83m, seu cabelo era loiro, seus olhos tinham um tom azul celeste, sua barba estava por fazer e em seu rosto havia uma expressão de raiva.

_Pai. - A palavra sai sem querer de meus lábios, meu coração estava acelerado e eu sentia meu nariz pinicar, o choro estava entalado em minha garganta.

Quantas vezes eu fantasiei o momento que encontraria meu pai? Quantas vezes eu o moldei segundo os poucos detalhes que minha mãe contava sobre ele?

_Kiera, você sabe o quanto sua atitude foi irresponsável? -ele pergunta, e eu apenas assinto tentando controlar a minha vontade de abraça-lo. Apenas alguns passos me separavam do cara que eu quis encontrar a minha vida inteira e que segundo minha irmã chorava pela minha morte toda vez que Kiera comemorava mais um ano de vida.

Que se foda o protocolo de princesa durona!

Corro em sua direção o abraçando, no momento em que meu corpo se choca contra o dele, minhas lágrimas vêem a tona, e meu corpo se estremece com os soluços que tomam conta de mim.

TROCA QUASE PERFEITAOnde histórias criam vida. Descubra agora