CAPITULO 19

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• K i e r a •


Quando se é uma princesa acabamos aprendendo o ler as pessoas, cada mínimo e sutil gesto é notado. O motivo? Muita gente se aproxima de nós por conveniência, por interesse e afins, estamos cercados de cobras prontas para dar o bote.
Por isso sei que Tayler está nervoso ao meu lado, inquieto e ansioso. Sei disso porque enquanto ele dirige seus dedos não param de batucar o volante mesmo que não esteja tocando música alguma no rádio,  ele se remexia desconfortavelmente no banco e algumas vezes abria a boca para dizer algo mas fechava no segundo seguinte.

O silêncio foi a terceira pessoa naquele carro durante toda a viagem, até que eu decidi falar quando o vi entrar em um estacionamento vazio.

_Onde estamos?

_Em um lugar especial.

_Não vejo nada de especial em um estacionamento vazio com uma lanchonete abandonada.

Ele sorriu de canto, por ser mulher E princesa eu sei que deveria sentir medo ou receio de onde aquilo iria terminar, mas o que ele disse em seguida fez a tranquilidade se instalar em meu peito. Tayler parou o carro, tirou o cinto e me olhou com aqueles olhos tão  azuis quanto o céu no verão, sorriu novamente e disse: " Coisas especiais não são visíveis aos olhos"

Eu confiava nele, por mais que soubesse quão filho da mãe foi para minha irmã, eu sabia, não, eu sentia que ele gostava mesmo dela. E só por isso o acompanhei até a construção de uma lanchonete antiga, suas janelas estavam tampadas por madeiras, no chão havia um bocado de lixo, o letreiro apagado com lâmpadas quebradas podia se ler "thrown food".

_Como predente entrar?

Tayler parou em frente a porta trancada e se ajoelhou, tirando do bolso um pedaço de fio metálico, piscou para mim como se fosse óbvio. Pude perceber seu cenho se franzindo e seus dentes mordiscando o lábio enquanto enfiava o arame na fechadura e fazia certa pressão. Eu estava quase pedindo para que desistisse de bancar o 007, já que parecia que ele não fazia ideia do que estava fazendo, além do mais, eu tinha assuntos inacabados em casa.

Mas como passe de mágica e após um "crac" a porta se abre e ele me olha sorrindo.

_Madame, bem vinda ao meu mundo. -ele se levanta abrindo a porta por completo me dando passagem para entrar.

_Bom, seu mundo é uma bagunça e precisa de reparos urgentes. -digo entrando, meus olhos percorrem o local sentindo o cheiro de poeira, meu nariz automaticamente pinica.

Maldita alergia.

Ouço sua risada abafada atrás de mim, eu me viro para olha-lo, ele parecia mais bonito a luz da lua, porque sim, o lugar não  tinha iluminação, a pouca luz entrava por brechas na janela.

_Por que estamos aqui? -pergunto colocando as mãos nos bolsos do moletom.

Ele parecia outra pessoa, não estava vestido do personagem de capitão do time, o popular do colegio. Era apenas um garoto triste na frente de sua ex melhor amiga.

_Eu precisava por a cabeça no lugar.

_E por que eu estou aqui? -pergunto.

_Porque você me faz sentir em terra firme, Emma. - Tayler vai até uma máquina de jogos e aperta um botão que a faz ligar. Mesmo com a camada grossa de poeira e a tinta desbotada eu conseguia ler o nome do jogo na lateral "Pac-man". Eu lembrava desse jogo, joguei algumas vezes quando criança, meu pai dizia que era um clássico. Eu gostava de clássicos.

_Como isso ainda funciona?  - pergunto me aproximando dele.

_Não sei, mesmo abandonado ainda tem eletricidade, as lâmpadas estão quebradas, mas ainda tem eletricidade. - Tayler coloca uma ficha que eu não tinha ideia de onde surgiu - Vamos jogar?

TROCA QUASE PERFEITAOnde histórias criam vida. Descubra agora