CAPÍTULO 4

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K i e r a

Quando eu acordei as 6hrs em Genovia decidida a vir para a cidade natal da minha mãe, jamais pensei que encontraria minha irmã gêmea em uma biblioteca. Mas estou me adiantando demais, vamos voltar ao momento em que percebi que precisava vir para Nova York.

Tudo começou na noite de ontem, por não conseguir dormir tomei a decisão de andar pelo palácio e acabei encontrando o meu pai sentado no banco de madeira que fica no centro do jardim dos fundos. Era pra lá que ele ia quando precisava pensar.

_Me conte sobre ela. -peço e ele sorri saudoso, eu me alinho em seu abraço. Claro que já ouvi a história de amor dos meus pais umas mil vezes, mas não cansava de escutar e eu poderia pedir outras mil que ele a contaria como se fosse a primeira vez, porque meu pai amava falar dela.

_Bom, como a senhorita sabe, nos conhecemos na praça central, era verão então o céu estava limpo e ensolarado, eu estava tentando ser normal, não chamar a atenção no meio da multidão quando eu a vi.

_Como ela era? -pergunto observando um sorriso apaixonado surgir em seu rosto.

_Deslumbrante, de longe a mulher mais graciosa que eu já vi em toda minha existência.

Eu sou apaixonada pela forma que ele a descreve, toda vez usando um adjetivo melhor que da última vez.

Aqui vai uma lista dos meus favoritos: 1. extraordinária;
2. arrebatadora;
3. fascinante;
4. inesquecível;
5. esplêndida;

_ Ela se apaixonou por mim sem saber que eu era o sucessor do trono, e quando soube era tarde demais, já me amava o suficiente para não se importar com o sangue real que corria em minhas veias. Não foi fácil para ela, era muita pressão e estar com uma plebeia não era bem visto, ainda mais se tratando de uma estrangeira. Sua vó só aceitou quando descobrimos a gravidez. Eu a pedi em casamento bem aqui, nesse banco, olhando as estrelas prometi que a amaria até o meu último suspiro e que tudo daria certo.

_Mas não deu. - Eu digo notando a tristeza em sua voz, não queria que ele relembrasse daquela noite em que tudo deu errado, então decido mudar de assunto- É isso que eu quero papai. Um amor avassalador que mesmo com o passar dos anos eu ainda me lembre com clareza todos os detalhes de cada minuto que passamos juntos.

_Eu sei onde quer chegar, Kiera. Mas mesmo seu casamento sendo arranjado, vocês podem ser muito felizes juntos. Foi assim entre eu e Sabrina.

_Você a amava? - pergunto me referindo a condessa "barra" madrasta.

_Eu aprendi a ama-la com o tempo. O amor é uma construção continua entre duas pessoas que estão dispostas a fazer dar certo. Eu entendo seus medos, porque já foram os mesmos que meus, mas eu nunca pediria para fazer algo que a deixaria infeliz. Eu sei que Willian será bom para você.

Eu nunca duvidei do amor que meu pai sentia por mim, ele sempre tentou me proteger de tudo, até mesmo da possibilidade de ter o coração partido, e eu sempre fui grata por tê-lo, mesmo me perguntando como seria minha vida se eu não fosse filha dele, mas sim de um cara qualquer que minha mãe se apaixonou na faculdade, por exemplo.

Foi naquele momento, enquanto olhava as estrelas que eu percebi que precisava pelo menos uma vez na minha vida, saber como é ser normal, mais uma na multidão, então como um estalo me veio a ideia de vir para Nova York, andar por lugares onde minha mãe provavelmente andou.

Achei que fazendo isso o máximo que aconteceria seria me sentir próxima dela, mas me levou inesperadamente até aqui.

_Você não pareceu surpresa em me ver. -Emma quebrou o silêncio após minutos de constrangimento - Sabia sobre mim?

_Sim, mas não que estava viva. -digo e ela franze a testa confusa - Segundo meu, quer dizer, nosso pai, você teve complicações após o parto e faleceu horas depois. Tanto ele quanto min...nossa mãe sofreram muito com a perda, talvez seja por isso que ela nos abandonou na semana seguinte deixando apenas uma carta de despedida.

_Minha mãe nunca abandonaria uma filha. - ela diz na defensiva. - E como pode ver, eu estou bem viva.

Silêncio.

Aquela situação era tão estranha, eu me sentia desconfortável, quer dizer, nós não deveríamos estar nos abraçando, comemorando o fato de termos irmãs?

_ Já pela sua reação, acredito que sua mãe nunca tenha lhe falado sobre mim. - ela nega com a cabeça -Nem sobre nosso pai? -e novamente ela nega com a cabeça, dessa vez desviando o olhar. Eu sabia bem o que ela estava fazendo, estava tentando controlar o impulso de chorar na frente de alguém.

_Talvez sua mãe não seja sua mãe de verdade. -a garota que acompanhava Emma disse, chamando nossa atenção -Quer dizer, claramente a história não bate, quem nos garante que Emma não foi roubada por alguém que hoje a chama de filha?

_Isso explicaria o fato dela nunca ter te contado sobre sua real origem. -digo cautelosa, era evidente que aquela história havia mexido com minha irmã. - Você tem foto dela? - pergunto e ela assente, pega seu celular e começa a deslizar o dedo na tela sem parar - Meu pai tem uma foto da minha mãe no escritório dele, eu já vi tantas vezes que gravei cada centímetro do rosto dela, mesmo que tenha se passado 16 anos, não é possível que tenha mudado tanto.

_Como seu pai disse que sua mãe se chamava? - Miranda pergunta ao mesmo tempo que Emma solta um "achei" baixo e me entrega o aparelho.

_Rachel. -digo e ao olhar a imagem na tela era sem dúvidas nenhuma a mesma mulher da foto que meu pai mantinha na mesa do escritório. - É ela. -Emma toma o celular da minha mão e bloqueia a tela, agora em seu rosto tinha um brilho de irritação. Eu não queria tocar nessa ferida que estava abrindo nela, mas tínhamos que ter mais informações - O que ela te contava sobre seu nascimento e seu pai?

_Que se conheceram em uma viagem que ela fez, se apaixonaram perdidamente, ela abriu mão da sua vida aqui por esse amor, que não era bem aceito porque ele tinha "poder", - ela faz aspas com os dedos - acabou engravidando e iam se casar. - okay, até ai as historias batem - Deu a luz a mim, somente a mim e uma semana depois viu seu grande amor a traindo, então ela decidiu ir embora e me levou junto. Ela imaginou que ele viria atrás, até porque eu era filha dele, mas não. Ele nunca nos procurou.

_Meu pai com certeza procurou ela... Isso não está fazendo o menor sentido. Alguém claramente está mentindo e a gente tem que descobrir. -digo firme.

_Isso aqui tá parecendo aquele filme com a Lindsay Lohan. - Miranda diz em tom de brincadeira e nós duas a olhamos - Só falta agora vocês trocarem de lugar e darem uma de detetive.

Se estivéssemos em um desenho animado essa seria a hora em que lâmpadas acenderiam sob a nossas cabeças. Emma me lança um olhar de cúmplice e sorri de canto, um sorriso travesso que eu reconhecia bem, porque era o mesmo que eu dava quando estava prestes a por um plano em prática.

_Eu conheço esse olhar, e o que vem depois dele, não é bom. - a garota dona da pele cor de chocolate diz, em seu rosto posso ver um rastro de medo surgir.

_Pode dar certo. -digo a minha irmã gêmea.

_Eu estava brincado por ser uma ideia ridícula. Eu claramente estava sendo irônica. - Miranda sussurra.

_Se não der, pelo menos vai ser divertido. -Emma responde.

_Vocês não estão me escutando né?

_Vamos tentar? - pergunto erguendo minha mão direita.

_Por favor Emma, não aperta não.

Emma sorri e em seguida ergue a mão apertando a minha.

_Depois não digam que eu não avisei.


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