CAPÍTULO 8

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• E m m a •

Kiera tinha uma rotina que eu odiava com todas minhas forças: acordar antes das 7hrs da manhã.
Por que acordar tão cedo quando suas aulas já haviam terminado e não tinha nenhum compromisso marcado? Mesmo que Luzia tivesse me acordado com o maior carinho do mundo, eu estava de péssimo humor.

A propósito, Luzia era a "camareira" de Kiera, pela forma que ela se referia a mim pude perceber que tinham um laço de amizade entre as duas, enquanto eu vestia minha roupa e ela arrumava minha cama me perguntou sobre a viagem, o que respondi com " Foi incrível, conheci monumentos históricos, fui a uma biblioteca, conheci duas meninas simpáticas e voltei para casa." Ela me contou que meu pai e minha vó brigaram quase o dia todo por causa da minha fuga, o que fez eu me sentir mal de certo modo.
Quando acabamos ela foi comigo até o jardim, onde havia uma mesa de ferro tingida de branco, meu pai já estava sentado e conversava com uma senhora que eu reconheci dos quadros.

_Vejam só quem está nos dando o prazer de finalmente se juntar a nós. -seu tom era amargo, o que me fez hesitar.

_Mamãe, por favor não comece. -meu pai disparou. - Bom dia, querida. Dormiu bem?

Eu abro minha boca para responder mas a voz de minha vó volta a ecoar pelo jardim.

_É por isso que essa menina faz o que dá na telha. - Eu a olho confusa, na minha cabeça eu tinha a imagem de uma doce mulher que graciosamente governou um país por décadas. - Precisa parar de mimar ela, você está criando a futura Rainha de Genovia. Ela precisa entender que seus atos têm consequências, Robert. - Ela sequer olhou para mim, meu pai por outro lado respirava fundo tentando não perder a paciência.

_Eu sei bem o que estou criando, então deixa que da educação de minha filha eu cuido.

_Oi. -digo balançando a mão, trazendo a atenção dos dois a mim, eu odiava ser ignorada - Eu estou bem aqui e posso ouvir o que estão falando.

_ É disso que estou me referindo, a conduta certa seria se desculpar pela fuga irresponsável e não ser irônica. -minha vó diz voltando a olhar para o meu pai, novamente fingindo que eu não estava ali.

_Já chega! -ele branda claramente irritado - Kiera, sente-se e tome seu café a gente conversa depois - eu obedeço pegando o copo vazio a minha frente - E quanto a você mamãe, não vou repetir, deixe que da educação de minha filha, cuido eu. Agora se não se importam, quero me alimentar em paz.

Dito isso um silêncio se estendeu sobre nós, e a tensão era grande, eu podia notar a fúria que minha vó sentia, mas meu pai continuava sua refeição com plenitude, decido então fazer o mesmo e ao olhar para aquele banquete meu estômago ronca, tinha de tudo um pouco naquela mesa: bolos, frutas, suco, chá, café, pães, patês, geleias, biscoitos, etc. A minha vontade era de atacar tudo aquilo, mas eu precisava manter a classe e pensar "o que Kiera comeria", os olhos de gavião de minha vó já estavam gravados em mim, eu não podia me dar o luxo de vacilar.

Avisto no centro da mesa um jarro com suco pela metade, o tom amarelado me faz supor que seria de laranja, hergo meu tronco e me inclino levemente sobre a mesa a fim de alcançar o objeto quando ouço a voz de meu pai

_Príncipe Willian, que bom que se juntou a nós. Sente-se. -ouço meu pai dizer.

E o que aconteceu depois disso foi como um efeito dominó desastroso.
Eu consegui pegar o jarro e comecei a despejar o líquido em meu copo, mas aí quando ergui meus olhos para conhecer o tal príncipe permaneci imóvel. Ele sorriu para mim e foi como se meu mundo começasse a desmoronar.

TROCA QUASE PERFEITAOnde histórias criam vida. Descubra agora