Real?

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"Todos mentem! "

Harry sente algo "bater" com força em seu abdômen, mas não abre os olhos, apenas pensa no que ele falou sobre todos. Tom, nunca havia mentido para o pequeno, pelo menos, não que ele soubesse, até hoje nada do que ele contou era mentira :

—Se você não levantar em quinze minutos ele vai estar aqui... Anda Harry levanta!— a voz de Tom ressooa pela mente de Harry ainda nublada do sono.

Ele ergue seu corpo de forma rápida causando dor de cabeça, procurando pelo armário, mas ele não estava lá. O moreninho olha de novo, e apenas vê  uma coruja de penas extremamente escuras,  olhos amarelos que pareciam ler almas e um papel preso na pata, ela havia pousado em cima dele, isso explica a forma como acordará, e estendia o papel em sua direção.

O olhar atordoado do garoto se concentrava na porta que estava entreaberta, ela havia sido trancada antes de dormir, então, como a coruja entrou? Os pensamentos são atrapalhados por um pio da mesma, ela continuava da mesma forma que antes, mas agora virava a cabeça levemente para o lado.

Delicadamente o papel é pego e aberto, parecia uma carta e exalava um cheiro amadeirado e delicado, a letra era charmosa e extremamente fácil de entender e parecia ter sido escrita com tanto carinho que o Potter não conseguia ler sem antes apreciar tamanho ato.

"Querido Harry,
Espero que tenha gostado da coruja, ela agora é sua e será nossa forma de comunicação, tudo que precisar basta escrever em um papel e mandar que ela entregue a mim.
No pé da sua cama tem alguns presentes para você, então se apresse e os abra antes de alguém estragar seu momento.
Voltarei a noite, como sempre.
Atenciosamente,
Tom."

Os olhos verdes se arregalam, não podia acreditar, na verdade, não queria acreditar. Tom é real e lhe deu presentes, isso era quase impossível de acreditar, até segundos atrás ele jurava que o mais velho era só uma criação de seu cérebro para acabar com sua solidão e abrir os olhos para as verdades, mas agora segurava uma carta escrita pelo mesmo.

Não querendo perder mais tempo, o garoto ofereçe seu braço para a coruja, que não se nega a subir, se levanta ligando a luz e vai até a porta trancando-a , respirando fundo ele se vira vendo uma pilha de presentes, dez pra ser exato, todos embrulhados com papéis das cores prata e verde, ele pega o de cima e desembrulha, agora Harry entendia o porquê de Duda gostar de ganhar tantos presentes, o som da embalagem ao abrir é indescritível, uma caixa de madeira leve com cobras talhadas na tampa, mas Harry não perde tempo seu tempo apreciando o belo trabalho feito na caixa, abrindo a tampa ele se segurou para não gritar, tinha uma cobra enrolada mas o encarando, ela ergue o corpo e se apóia nele para continuar subindo e aconchega sua cabeça sobre o cachos revoltos:

—*Como vai pequeno Harry?*— o animal sibila.

—*Você fala?!*— questiona assustado.

—*Claro que falo, você também fala e eu não questiono isso.*— sibila ácida se pendurando de forma que pudesse olhar para o garoto.

—*Bem... Qual seu nome?*— pergunta mantendo um tom brando.

—*Meus pais e o Tom me chamavam de Annie, mas Tom disse que você poderia mudar.*

— explicou calmamente voltando ao seu aconchego e abrindo a boca em um bocejo, provavelmente estivera dormindo.

—*Annie, você tem um nome muito bonito...*— comenta sorrindo estendendo a mão como Tom o ensinará.

—*Não vai abrir os outros?*— Annie questiona sonolenta se deliciando com o curto carinho.

—*Depois de te achar acho que tenho medo do que vai ter no próximo!*— a criança diz com tom divertido.

Batidas leves na porta são ouvidas, coisa que não é normal, e Petunia apenas pergunta se o garoto já esta acordado, com uma resposta positiva ela pede que ele me levante, um papel cai na frente do moreninho que olha para cima e para os lados:

—*É uma mensagem para você. *

— a cobra diz ainda sonolenta.

—Sua tia vai ser mais gentil ao te acordar...— lê sorrindo —Obrigado Tom...

O Potter rapidamente calça seus sapatos, e abre a porta vendo a tia sentada em uma das cadeiras da cozinha lendo algo, ele olha para a coruja que agora estava em seu ombro e Annie que se encontrava parcialmente enrolada em si.

Um grito de Petunia acorda não só a ele como aos outros moradores da casa, logo podia-se ouvir passos rápidos na escada, Harry fecha a porta rapidamente e corre para a cozinha, a coruja plana e pousa no encosto de uma das cadeiras, já Annie continuou como estava, provavelmente apreciando o pavor da mulher esguia:

—Panquecas, ovos e bacon para o café?— pergunta calmo —Vou considerar isso um sim!

A criança pega os ingredientes para o café, mas outro grito quase o faz derrubar os ovos, Annie pareceu irritada enquanto saia do seu conforto para olhar o produtor de tal som:

—*Bolo de banha falante!*— ele a ouve sibilar.

—*Annie!*— a repreende, rindo em seguida.

—O que significa isso, garoto?— Petunia questiona tentando manter a voz neutra, aquilo era estranho.

—O que?— ele se faz de desentendido.

—Não se faça de inocente garoto!— Valter esbraveja entrando no cômodo.

—Mas eu não fiz nada...

—Não importa. Tem uma cobra de dois metros e uma coruja dentro da minha casa, não venha me dizer que não fez nada.— Petunia completa —Se ela tivesse picado meu amado Duda...— choraminga segurando as bochechas do filho.

—Coloque os animais para fora, garoto.— o tom do patriarca era ameaçador.

—Não.— o moreninho abraça a parte de Annie que se enrolava em seu pescoço.

—Porque não faz logo o que meus pais mandaram.— Duda se intromete —Coloca logo esses animais imundos pra fora.

—O único animal imundo que eu vejo aqui é você seu bolo de banha falante!- grita enfurecido mostrando sua indignação nós olhos.

Ele estava ofegante e continuava a encarar Duda, mas logo desviou o olhar ao sentir um impacto contra seu rosto que o fez cair:

—*Ah, mais eu arranco essa sua mão gorda na base da mordida!*

— Annie sibila enfurecida —*Você vai ver...*— sussurrava avançando lentamente.

Quando se dão por si, Annie estava com o bote armado na direção do patriarca, a tensão no ar era notória, ela mostra os dentes eram vários e grandes, se perguntassem a qualquer um diriam que ela era uma piton, mas então Harry viu uma gota de veneno pingar:

—*Annie não...*— diz apreensivo.

Todos vêem ela recuar, mas ainda encarando o homem, ela esfrega a cabeça contra a bochecha boa do garoto e se enrola novamente em seu corpo :

—Termine seja lá o que estava cozinhando, arrume a casa e se tranque no seu armário depois do almoço, vai ficar sem comer essa semana entendeu?

—Sim senhora.— o Potter murmura abaixando a cabeça enquanto levanta.

—*Não devia deixar eles te rebaixarem assim.*— dizia Annie levemente triste.

Ele não respondeu, apenas terminou suas tarefas e se trancou em seu armário com ela e a coruja.

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