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37. Tudo sobre ela

08 de Maio de 2019. New York.                                                               

                     Harry

Observava de longe, ela brilhava naquele tapete, todos os holofotes virados para ela, e ela se aproveitava daquilo, estava confiante e esbanjava poder, o que ela sempre foi. Ainda não tinha me visto, e eu não me sentia pronto, será que devíamos nos falar? Será que ela falaria comigo? 

Nós estávamos longe, mas eu seguia ela com o olhar, ela estava na ponta da mesa e eu estava na outra ponta no jantar. Jared comentou sobre isso comigo.

Amanda estava toda sorridente, era sua segunda vez no baile, mas ela tinha o brilho no olhar como uma criança curiosa em um ambiente pela primeira vez. Seu vestido era magnífico, usava August Getty. 

Eu caminhava para a entrada do beachwood cafe, era a primeira vez que vinha sozinho aqui depois de Amanda. Mas o que eu podia fazer? Era uma das minhas preferidas em Nova Iorque.

Tentava controlar minha mente para ela não ir em busca das memorias que tive aqui, mas ao me esforçar para isso, não tinha como fugir. Aqueles dias no começo de 2018, tão longe mas carregava um sentimento tão bom, aquele sentimento que talvez eu nunca mais pudesse sentir.

Eu tentei não chegar perto, eu queria respeitar seu espaço e sua decisão, mas aquela pergunta rodeava minha cabeça. Atravessava aquelas pessoas com suas roupas extravagantes que não se importavam em dançar com elas. 

Eu vi ela de novo, dançava com as meninas e sempre com um copo de bebida na mão. Não pude evitar sentir ciúme e saudade, eu era egoísta, queria que eu fosse o motivo dos seus sorrisos agora.

Se estivéssemos juntos ainda, teríamos vindo juntos? Como um casal?

Sentei na mesa de canto da cafeteria, esperava o meu pedido chegar, peguei meu caderno que sempre me acompanhava, ele tem sido meu melhor amigo esses tempos. 

Pensava no processo do álbum, já tinha começado a escrever e gravar, mas ainda faltavam músicas, as que eu tinha não combinavam com o que eu estava pensando.

Sei que Anna me zoou pelas músicas que havia escrevendo. 

Ela disse:

"- Esse álbum é seu ou dela? "

É dela, sobre ela, é tudo para ela.

Quando meu bolinho chegou junto com o café e vi aquela cereja, é impossível não lembrar do que ela disse um dia:

"- Baby, você já reparou que querida em francês, chéri, como você me chama, soa como o nome da fruta em inglês."

" - É por isso que você comprou esses brincos de cereja? "

" - Para eu sempre lembrar de você quando não estivéssemos perto."

Pensava em um jeito de ir até o banheiro sem ter que passar por ela, poucos centímetros longe seria o suficiente para eu enlouquecer. E eu já estava com uma boa dose de álcool no organismo, coragem não faltava.

Caminhei o mais rápido e focado do que nunca. Mas quando é para algo acontecer...

- Ai!

Alguém que estava bêbado me empurrou e eu acabei me desequilibrando e batendo em alguém.

- Ok, não sabia que tinha tanto ódio de mim assim. - Ela brinca.

Tanto tempo sem ouvir aquela voz...

- Eu não quis, eu não...

As palavras fogem da minha boca.