Paige
Já perdi as contas de quantas vezes bati meu pé no chão.
Os ponteiros do relógio parece que pararam. Ignorei meu celular desde que cheguei. Havia uma mulher sentada no sofá do outro lado, ela estava do lado de sua namorada, as duas olhavam um folheto sobre adoção de bebês e sorriam uma para outra. A cena me deu uma pintada de esperança.Talvez eu poderia sim, ser mãe. Minha imaginação me trouxe uma imagem linda de uma menina loira, talvez até com um sinal dele, o que eu amo tanto, abaixo da orelha. Ou menino, de olhos claros com o mesmo sorriso dele. Ergui minha cabeça quando a técnica parou na minha frente.
"Senhorita Cassani?". Assenti e ela fez movimento para que eu a seguisse.
Assim que entrei na sala, observei Maya sentada em sua mesa. Um porta retrato com uma foto sua ao lado de seu marido e seu filho, Arthur. Sua beleza negra era a coisa mais linda e quando sorria parecia iluminar o mundo inteiro, Maya o adotou com dois anos de idade, logo após descobrir que não poderia ter filhos. Arthur parece ter iluminado a vida desse casal que são meus amigos há tantos anos.
"Sirena!". Maya falou meu nome animada.
"Aqui em Nova York, sou Paige".
"Paige? Na Espanha era Juliana". Ela lembrou. Peguei um cubo em sua mesa para acalmar meus nervos.
"Não, Juliana era no Brasil, na Espanha eu era Carina". Ela riu jogando seu cabelo loiro para trás. Entreguei para ela o envelope com os resultados dos meus exames. Exames que eu vinha fazendo deles dos meus dezesseis anos, de três em três anos para ser mais exata, para saber se o tratamento que eu fazia a nove anos vinha fazendo efeito. A única pessoa que sabia sobre isso era a Cecília. Maya parou de rir e ficou séria observando o envelope.
"Faz tudo que eu pedi?". Assenti.
"Sabe que seu tratamento acabou esse ano?". Assenti novamente.
Ela começou a ler as folhas que eu não tinha entendido nada, e nem tive coragem de pesquisar na internet. Maya abaixou as folhas na mesa depois de um tempo.
"Sinto muito Sirena". E foi aí que meu coração se partiu.
"O tratamento estava progredindo, mas não adiantou". Ela me olhou triste. "Você não pode ter filhos"
"Eu sei como é essa dor, mas...". Eu me levantei de uma vez. Eu não queria nenhuma consolação. Sai da sala o mais rápido possível.
Andei pelas ruas no automático, lágrimas não derramadas deixavam minha visão embaçada. Uma mulher estava fazendo seu filho rir, o beijando por todos os lugares. A vida parecia estar rindo de mim.
Como eu contaria isso ao grupo?
Como eu contaria isso ao Nicolas?Ao subir para meu apartamento, sem cumprimentar o porteiro, minhas lágrimas começaram a cair.
Eu quero que esse vazio desapareça
Não sei como reagir a isso. Não fui treinada para isso. Despenquei assim que entrei no meu quarto. O apartamento estava vazio, totalmente solitário. Gritei enquanto eu chorava. Minhas mãos tremiam enquanto eu as colocava em meu ventre.
Eu não quero ser mãe.
As palavras que eu vivia dizendo a minha mãe pareciam bater em meu rosto.
Meu celular aptou com uma notificação do grupo das meninas.
Cecília: Alguém sabe da existência da Paige?
Ana: Não, também queria saber.Eu poderia esconder isso delas. Mas essa dor só iria me consumir, mais e mais.
Eu: No meu apartamento. Venham todas!
Recebi vários emojis de carinhas assustadas. Eu tenho certeza que as coisas vão funcionar bem. Eu queria que esta fosse a verdade. Eu bebi um bourbon direto da garrafa quando a trupe invadiu.
"Paige?". Escutei a voz da Beatrice. Levantei meu braço. Eu tinha me sentado no chão.
"O que está fazendo aí no escuro?". Ana me perguntou, alguém acendeu a luz.
"Adivinhem pessoal!". Gritei. O álcool já estava me afetando.
Jade, Cecília, Ada, Beatrice, Kiara, Allie e Ana sentaram no chão ao meu lado. Fiz cara feia para Allie quando ela tomou a garrafa da minha mão, tomou um gole e não me devolveu.
"Eu não posso engravidar". Falei. Allie se engasgou com o álcool. Senti meu rosto molhar novamente com lágrimas E de repente eu senti todas elas em cima de mim, me abraçando, eu nem me importei com o sufocamento.
"Não machuquem a gravidinha!". Gritei para que não machucassem a Ana.
"Eu pensei que....". Cecília começou. Balancei minha cabeça.
"O tratamento falhou". Dei de ombro triste.
"Eu sinto muito". Kiara pegou no meu pé. Allie me devolveu a garrafa.
"Não era pra ser". Tentei me confortar.
"Vai contar para o Nicolas?". Ana me perguntou.
"Eu não sei". Minha voz falhou.
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Sabe a dor? Ela dói.
Quero guardar a Paige em um potinho, pq ela ainda vai descobrir muita coisa. Ops, pequeno spoiler.
Espero que tenham gostado desse capítulo.
Até logo. Bjs. Ana
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Um desejo incontrolável
Romance2° livro da série "Um grupo em Nova York" Paige teve que aprender desde de muito nova a lutar. E quis ficar longe de seu pai logo o possível, a levando trabalhar para a máfia italiana, Logan liderava com firmeza e era um ótimo capo, até Nova York p...