Sirena
Meus olhos abriram lentamente, havia um acesso em meu braço, um escalpe estava preso ligado a um soro que estava pendurado em cima de mim. Minhas costas não estavam doendo mais, mas eu ainda sentia uma leve ardência em meus pulsos e em meus tornozelos. Só então tentei me mexer e senti uma pequena dor nas minhas costas. É se mover não tinha sido uma boa ideia.
Havia alguém deitado no sofá, mesmo de costas reconheci quem estava ali dormindo. Nicolas. Ele tinha me resgatado. Eu não sei se tenho coragem de falar com ele depois da Lisa contar a ele sobre minha impossibilidade de engravidar.
Ele se mexeu no sofá e rapidamente fingi que estava dormindo. Pude ouvir ele se aproximando da minha cama segundos depois. Senti sua mão em meu rosto e me mexi na cama, acho que ele sentiu que eu estava acordada.
- Fingir que está dormindo não é o seu forte - suas palavras me fizeram abrir os olhos e sorrir.
- Ultimamente não ando sendo muito forte.
- Fico feliz que esteja tão bem ao ponto de brincar - Seus dedos passaram em meu rosto em uma carícia, encarei suas íris azuis. Os olhos que eu tanto amava.
- Sobre o exame...
- Por que não me contou? - Ele parecia magoado, não por não poder ter filhos, mas por ter escondido.
- Eu não consegui - Falei a verdade. Quando pensei em finalmente contar, eu tinha visto os papéis na mesa sobre minha mãe. E isso me abalou totalmente.
- Quando descobriu?
- Eu tinha dezessete anos. Meu pai tinha decidido que era hora de eu me casar, já tinha até um noivo em mente. Então como ele não confiava nem um pouco em mim, fui me consultar com uma ginecologista. A Maya, uma amiga nossa, lembra dela? - Ele assentiu - Meu enxame alertou sobre a impossibilidade. E ela falou comigo, disse que havia uma chance. Eu faria o tratamento e possivelmente com o tempo, talvez eu poderia. Um mês atrás eu fui novamente falar com ela. Mas, o tratamento não adiantou.
Nicolas apertou minha mão quando comecei a chorar. Eu nunca planejei ser mãe, não estava nos meus planos. Mas saber que eu não poderia engravidar, me desarmou por completo.
- Sirena - Balancei minha cabeça.
- Nesse mesmo dia, meu pai me expulsou de casa. Nesse mesmo dia, minha mãe morreu.
- Eu sinto muito - Ele beijou minha mão e pela primeira vez o vi chorar.
- Me afastar de você era a melhor opção naquela época. Então quando Manuel me chamou para a famíglia eu não recusei. Ele cuidou de mim, e me ensinou a sobreviver na máfia. Os homens da famiglia não aceitavam muito bem uma mulher com a equipe deles. Manuel confiava em mim e isso os assustava e os irritava - Nicolas estava atento a cada palavra minha - Quando Logan assumiu o poder todos já pensavam em que assumiria a Camorra. Quando Manuel me tornou capo da Camorra - Ri sem humor algum.
- Eles tentaram te matar - Assenti.
- Não foi uma, e muito menos duas vezes. Quando enfim eu assumi meu cargo, ter o respeito de todos levou um tempo. Manuel pediu para que eu montasse uma equipe, e assim veio as bajulações. Sirena isso, Sirena aquilo - Revirei meus olhos. O tanto de sorrisos falsos na época ainda me davam nojo. Nicolas sorriu.
- Só quiseram estar perto de você por conta da promoção.
- Eu sabia. E no fim, não escolhi nenhum deles. Quando Igor Ivers me capturou, passei três dias presa. Sem comida e sem água. Mas no fim, eu escapei. E Igor perdeu o emprego.
- Tudo isso aconteceu enquanto a gente tava separado, tá vendo o que acontece? - Ele brincou e eu bati em seu braço rindo.
- Eu senti sua falta - Admiti.
- Eu também.
- Como soube que eu tinha sido raptada? - Me sentei sem mexer meu braço direito. Eu não vou mexer nisso e acabar perdendo esse acesso. Detesto agulhas, e não quero que venham me furar novamente. Agora estou acordada. Observei ele meio que corar. Agora eu estava curiosa.
- Eu vim pra cá mesmo antes de saber. Vim te convencer a voltar pra mim - Ele falou meio sem jeito. Não éramos bons com palavras. Não sabíamos nem o que o amor era direito. Não vivemos vidas boas onde possamos nos lembrar com carinho. Mas mesmo que as estações estejam mudando, ele continua ao meu lado.
- Eu teria aceitado, sabe.
- Teria? - Assenti. Tudo o que eu queria era apenas ele. Sem mentiras. Sem complicações.
- Eu te escolheria mil vezes se fosse possível. Porque eu sempre te amei e me neguei a isso. Sempre foi você - Admiti. E como se eu tivesse tirado um peso das minhas costas. Eu o amava tanto que não sabia explicar.
- Eu sabia que te amava mesmo antes do primeiro beijo. Antes do primeiro toque. Não importava com quantas mulheres eu ficasse eu não conseguia te esquecer. Até que eu desisti do sexo casual. Era injusto comigo e com as mulheres que eu ficava. E quando você me beijou pela primeira vez, no meio de todo o grupo e de uma mulher histérica - Ele riu abaixando a cabeça - eu soube que não importava o que acontecia, eu nunca te esqueceria.
- Naquela noite algo mudou. E nós sabemos muito bem disso - Naquela noite os meus sentimentos despertaram e eu só podia sentir ele e todo o amor que eu tinha por ele.
Ele me beijou e eu finalmente me senti em casa depois de tantos anos. Um beijo que despertou em mim um sentimento de libertação, por finalmente poder dizer o quanto eu o amava. Alí, naquele momento, no meu quarto na mansão da Camorra, me perguntei o que eu faria sem ele. Que talvez o destino tenha nos dado esse tempo. Só esse tempo para que possamos ser felizes. Porque não éramos como os contos de fadas que tinham um final feliz. Minha irmã está por aí, viva e viria atrás de mim, e não desistiria até que me visse morta.
As rachaduras que há nela não foram concertadas, e não seriam.
- Você está na minha cabeça sempre - Falei contra seus lábios.
- E você na minha.
- Eu te amo Nicolas - Falei, ele sorriu e me beijou novamente.
- Eu também te amo.
- Não fala também, parece que está concordando comigo - Ele riu e me abraçou.
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Queria poder dizer que vai ficar tudo bem. Mas não posso.
Talvez em junho desse ano eu traga Amor e Ruína, quem me segue no Instagram ou no Tiktok já viu o video falando dele. Mas só trago ele depois que eu terminar Delamanth .
Espero que tenham gostado desse capítulo ❤️ e prepare os corações.
Até logo. Bjs. Ana
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Um desejo incontrolável
Romance2° livro da série "Um grupo em Nova York" Paige teve que aprender desde de muito nova a lutar. E quis ficar longe de seu pai logo o possível, a levando trabalhar para a máfia italiana, Logan liderava com firmeza e era um ótimo capo, até Nova York p...