📃As cartas do Capitão Parakul📃

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Nanon estava com a cabeça encostada no ombro de Ohm quando as nuvens começaram a escurecer, um vento frio soprou balançando as copas das árvores. Os garotos recolhem as coisas do piquenique e descem o caminho íngreme. Mas antes de conseguirem chegar em casa, as gotas começam a cair, o lugar mais próximo era o farol do Capitão Parakul, onde mais uma vez eles se abrigaram.

- Bem, parece que o Capitão Parakul sempre acaba salvando a gente - Ohm diz assim que fecha a porta atrás de si.

- Acho que ele também tem o espírito livre e apaixonado - Nanon sorri mostrando as covinhas, as quais Ohm havia tocado mais cedo.

Nanon como da última vez sentou-se na poltrona de frente para o mar, já Ohm se sentou em um banquinho de madeira ao seu lado.

- Pode parecer estranho esse lugar ainda estar limpo e os móveis inteiros desde a morte do Capitão, mas na verdade são os filhos da irmã dele que mantém tudo limpo - Nanon olha para Ohm - Eles me deixaram ficar aqui o tempo que eu precisasse para esfriar a cabeça, agora é o meu lugar favorito.

- Isso parece incrível - Ohm só consegue dizer isso, o brilho nos olhos de Nanon tiraram toda sua concentração.

- Tem uma coisa que eu quero te mostrar, é uma pintura que o senhor Napat fez - Ohm sabia que já tinha ouvido esse nome em algum lugar, só não lembrava de onde.

A pintura era de uma beleza rara, os traços, a textura da tinta seca a anos. "Tesouro Parakul" era o título pintado em preto no céu perto das nuvens. Os olhos de Ohm descem até o final da tela, onde ele encontra as seguintes palavras:

"Nosso amor é mais forte que eles, querido. Sei que está chateado, mas não desista disso, não desista de nós.

Ass: A pessoa que te espera na
janela todas as noites
- Napat."

- Sei que isso vai parecer patético, mas pode me explicar quem era o senhor Napat? - Ohm pergunta com os olhos ainda na pintura - Meu pai nunca nos contou sobre as histórias daqui, bem só algumas travessuras de quando era pequeno.

Nanon então dá alguns passos e se abaixa, ele abre um alçapão e retira um baú pequeno. Ohm se senta a sua frente no chão, em posição de lótus, Nanon gira a chave lentamente.

- Eu vou te contar uma história, talvez a do maior tesouro que o Capitão já teve - Ele tira alguns papéis velhos de dentro do baú.

"Há muito tempo atrás, um jovem capitão encontrou um tesouro, ele valia mais que qualquer ouro já encontrado". Nanon entrega uma foto para o mais alto, era uma foto do Capitão Parakul III. Ele continua. "O tesouro que o rapaz encontrou foi outro jovem, ele era alto, tinha cabelos castanhos e sedosos, ele escrevia poemas sobre o amor, apesar de dizerem que poetas não sabem amar. O jovem Capitão se apaixonou perdidamente pelo jovem e mesmo que tenha demorado para conquistar o Sr.Napat, os dois se prenderam desesperadamente um ao outro". Ohm olhava fixamente para Nanon enquanto o mesmo contava a história. "Mas era um amor proibido, não só por serem dois garotos mas também porque as famílias tinham uma rixa antiga, então todas as noites o jovem capitão saia do farol e se estreitava pelas árvores até a casa do rapaz, o rapaz lhe esperava na janela onde conversavam e se amavam até o sol começar a aparecer". "Os pais deles descobriram mais tarde que os filhos se encontravam, eles foram separados e proibidos de se verem, mas o amor deles era mais forte". Nanon olhava os papeis no baú com os olhos brilhando de esperança. "Eles começaram a trocar cartas, uma por noite durante um mês até o Capitão atingir a maioridade. Ele corajosamente caminhou até a casa da família e pediu para iniciar o cortejo do filho mais velho da família, o Chefe da família Napat ficou espantado, mas depois de várias declarações de como o jovem Parakul não viveria sem seu amado filho e sabendo o quanto o filho sofreu com essa separação aceitou o pedido".

- Eles viveram no farol até a morte os abraçar - Nanon ergue os olhos e entrega as cartas para Ohm - Essas são as cartas trocadas.

Ohm pega os envelopes com os carimbos de cera já abertos. Ele passa os olhos pelas cartas, encontrando palavras de um amor que permaneceria intacto.

"Toda vez que olho para a janela lembro-me de ti, dos teus cabelos recortando a noite, a sua pele brilhante perante a lua. Lembro-me do teu toque percorrendo pelo meu corpo nu, os lençóis não têm mais teu cheiro, o que me deixa aborrecido". Dizia o trecho de uma carta dedicada ao Capitão.

"Napat você realmente me deixou louco, louco por você... Pelos seus jeitos e manias, pelos sorrisos gentis e ao mesmo tempo perversos. Lembro-me de ti a minha espera na janela toda noite, das conversas em tua cama e de como me olhava. Espero que um dia possa lhe ver novamente, sem medos e receios".

- Esta é uma carta que nunca chegou nas mãos do destinatário - Nanon segurava um papel, mas não um papel como todos os outros falando de como o amor deles venceria. Era uma carta de despedida.

Ohm então levanta e senta-se ao lado de Nanon. Eles abrem a carta juntos, Nanon parecia nervoso então Ohm colocou sua mão sobre a dele.

A carta dizia:

"Querido Napat...

Oh meu amor, sinto ter de dizer isso mas, não fomos fortes o suficiente... Não sabe o quanto me doei lhe escrever isso, peço que não chore por mim, não derrame uma lágrima sua por eu ser um tolo, covarde e sabe-se lá Deus o que. Sei que está chateado e que me odeia neste instante, não posso me perdoar por machucar tanto o amor da minha vida, jamais sentirei seu corpo ao meu, não ouvirei sua voz e não verei seu sorriso travesso de novo. Espero que não venha até o farol, onde mais de uma vez me derramei em lágrimas pelo nosso amor, pois não estarei aqui, estarei velejando pelos mares a quilômetros de quem amo para que não se machuque mais... Lembre-se Napat, eu sempre amei você e sempre amarei."

Com um enorme pesar no
coração e todo o meu carinho
- Parakul.

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>>> N/P: 1060

>>> VOLTEI!¡ desculpem a demora, bloqueio criativo :/

Talvez o amor não seja tão ruim - OhmnanonOnde histórias criam vida. Descubra agora