Ainda era cedo quando Selene acordou, mas sua ansiedade já começava a bater na porta. Ela desejou não ter que passar por esse dia, mas sabia que isso não era uma opção.
Quando a mãe de Selene morreu, ela achou que nunca mais fosse conseguir dormir, comer, ou fazer qualquer outra coisa. Foi um período muito difícil. As coisas se tornaram mais fáceis com o tempo, mas ainda sim, essa data sempre a deixava muito sensível.
Gigi acordou com a movimentação de Selene, já que a morena estava claramente inquieta, virando-se de um lado para o outro na cama.
—Foi mal por te acordar. – Selene se desculpou.
—Está tudo bem. – Gigi moveu-se de modo que ficasse mais próxima de Selene, encarando seus olhos, lindos olhos, que pareciam ainda mais pequenos de manhã. – Você se arrependeu da última noite?
Mas o que? Selene puxou a cintura de Gigi para si, aproximando seus corpos que ainda estavam nus. — Por que eu me arrependeria da melhor noite da minha vida? – Selene queria ser bem clara a respeito de tudo dessa vez, não queria deixar espaço para qualquer mal-entendido.
O rosto de Gigi se tornou uma maçã de tão vermelho que ficou. Ela viajou em sua própria imaginação por alguns segundos, lembrando de tudo o que fizeram. Aquilo realmente tinha sido real? Porque ela poderia jurar que foi um sonho.
—A melhor noite da sua vida, huh? – Ela deu um sorriso tímido. — Você só está parecendo inquieta, achei que pudesse estar arrependida e sem saber como me falar.
— Não tenho nada do que me arrepender. – A mão de Selene alcançou o rosto de Gigi e por ali ficou, acariciando, mapeando. – Eu só estou ansiosa, sabe? Não tem nada a ver com você, é só sobre... hoje.
Gigi moveu sua mão até onde a de Selene estava pousada em seu rosto e a segurou firme. — Eu sei que nada que eu diga vai te fazer se sentir melhor, mas eu não vou sair do seu lado, tá? Para o que você precisar.
Selene sabia no fundo do coração que aquilo era verdade, que Gigi podia não ter o melhor jeito com as palavras, mas suas atitudes mostravam o quanto ela se importava. Sempre mostraram.
— Obrigada por isso. – Selene aproveita a proximidade e cola seus lábios nos de Gigi, um beijo rápido, mas significativo. Um beijo que dizia que as duas estavam na mesma página, seja lá o que estivesse realmente acontecendo entre elas.
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Enquanto Selene observa o cemitério, era como se ninguém estivesse ao seu redor. Quantas daquelas pessoas, que ali estavam enterradas, tiveram seus sonhos interrompidos? Quantas viveram sua vida ao máximo e quantas já não aguentavam mais viver? Onde suas almas estariam agora? Apesar de não ser uma pessoa religiosa, Selene acreditava em alma, acreditava que nada era por acaso e que as pessoas vinham para a Terra com alguma missão a ser cumprida.
Infelizmente, sua mãe já havia cumprido a dela.
Com ela, Selene aprendeu sobre o amor e sobre a dor. O amor de alguém que te apoia incondicionalmente e faria tudo por você, a dor de saber que a pessoa que você mais amava no universo não vai mais voltar.
Alguns de seus parentes faziam orações em frente ao túmulo, outros colocavam oferendas no pequeno altar que foi montado próximo a ele, assim como pedia a tradição. No altar, havia diversos objetos que pertenciam à sua mãe, e entre as oferendas havia algumas comidas das quais ela mais gostava.
Selene se aproximou do altar, e sobre ele colocou um girassol, já que era a flor favorita de sua mãe. Ela costumava dizer que as pessoas deveriam ser mais como os girassóis, que escolhem sempre seguir a direção do sol, até mesmo quando ele está escondido atrás das nuvens.
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Andi e Emília
RomansaApós ter que lidar com uma situação complicada em seu país, a atriz brasileira Gigi Grigio vai ao México para assumir um dos papéis principais numa série musical de um grande serviço de streaming. Ela está determinada a focar apenas em seu trabalho...