I invite you

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Quando entrei na minha casa senti todas as minhas barreiras sendo levantadas, uma a uma. Eu sabia que aquele encontro era inevitável, mais cedo ou mais tarde aconteceria, eu não estava preparado, por mais que eu soubesse que aconteceria eu fui tolo o suficiente para achar que demoraria mais tempo.

Quando eu fechava os olhos eu ainda conseguia ver o estado em que Nick me deixou, as marcas pelo meu corpo. Eu ainda conseguia ouvir as palavras carregadas de ódio que foram despejadas contra mim. As promessas quebradas. Eu podia sentir todo o sentimento de abandono e incapacidade se apossando sobre mim novamente.

E no meio de todo esses sentimentos bagunçados eu pensei em algo. Na verdade, em alguém. Como eu olharia para ele novamente? Ou como explicaria pra ele toda a situação? Como contar que fui insuficiente para alguém mesmo dando o meu melhor? Eu não poderia falar sobre isso, ele talvez fosse embora também. E eu não poderia julgá-lo, no lugar dele eu provavelmente faria o mesmo.

Depois de muito choro e muitos pensamentos conflituosos, decidi tomar banho. Fazer uma tarefa que não exigisse tanta energia do meu cérebro era uma boa, e talvez quem sabe me jogar de cabeça em um livro, até que eu seja completamente envolvido ao ponto de não sentir nada na vida real.

E assim eu fiz, tomei um banho demorado, coloquei uma roupa confortável e fui em direção ao quarto ler. Antes que eu pudesse escolher um livro ouvi algumas batidinhas na porta. Minha primeira reação foi hesitar, eu não queria ver ninguém naquele momento. Eu estava mentalmente exausto, só queria fingir que não existo por um momento. Mas com receio da pessoa continuar insistindo, decidi abrir a porta.

No primeiro instante não entendi nada, não havia ninguém na porta. Se eu tivesse perdido meu tempo e o resto da minha energia eu passaria horas xingando mentalmente quem que tivesse batido na porta. Mas antes de entrar eu vi uma coisa que me chamou atenção.

Peguei as coisas do chão e fechei a porta. O que era aquilo? Eu estava olhando maravilhado e aí mesmo tempo incrédulo. Era uns chocolates preso a um post it que tinha uma mensagem escrita e alguns girassóis.

Andando vagarosamente como se eu estivesse com medo de algo acontecer e eu ter que tirar minha atenção daquelas coisas, me encaminhei até o meu quarto. Me sentando rapidamente na cama, e que bom que fiz isso, pois tenho certeza que em algum momento do trajeto da porta até minha cama minhas pernas certamente falhariam.

Com muita delicadeza peguei o post it e li o que estava escrito. E aquilo foi como um soco na boca do estômago e ao mesmo tempo um cafuné caloroso. E pra minha surpresa e felicidade, quem os mandou foi Louis. Reli novamente o que estava no papelzinho azul, tentando processar cada palavra, tentando entender o que ele estava me falando.

Ao mesmo tempo em que eu estava lendo, uma voz no meu subconsciente gritava e implorava para que eu ouvisse-a. Essa voz me dizia para pensar em como Louis foi atencioso comigo. Primeiramente me tirando de uma situação desagradável em que eu estava, e logo após me dando apoio no banheiro, e agora com todo esse gesto. Ele comprou essas coisas, ele quis que eu ficasse bem, independente se ele estava presente comigo, ele quis se certificar. E aquilo aqueceu meu coração.

Meus pensamentos voaram para hoje de manhã, quando cheguei a conclusão de querer algo com ele. Mas como eu iria explicar o que eu estava propondo quando nem eu saberia dizer?

Decidi fazer a única coisa que me ajudaria no momento. Coloquei os girassóis em um jarrinho com água, guardei os chocolates, colei o post it em cima da cabeceira da minha cama e me deitei, logo pegando no sono. Poderia não parecer, mas dormir me ajudava bastante, eu descansava a mente e quando acordava estava com a mente e o coração mais leve.

E assim como previ, quando acordei pude notar a diferença. Consegui sentir que estava mais leve, talvez pelo sonho que tive com o Louis. Nós dois em um piquenique, deitados observando o céu, de mãos dadas. E eu tive a minha direção, eu poderia ter aquilo, então me levantei rápido, um pouco rápido demais já que cheguei a cambalear e fui atrás do meu celular. E antes que eu perdesse a coragem enviei uma mensagem pro Louis.

Não esperando por sua resposta de volta, peguei um lençol e corri desengonçado para o quintal, voltei pra casa peguei o jarro com os girassóis e os chocolates e voltei para fora, posicionando tudo no seu devido lugar. Eu esperava que aquilo tivesse ficando no minino fofo. Louis chegou quando eu estava colocando uma caixinha de som do lado do lençol.

- Eu bati na porta, mas acho que você não ouviu, então testei a sorte pra vê se a porta estava aberta... e estava. Desculpa se fui introm- decidi interromper a falação nervosa dele.

- Louis, está tudo bem. Eu já estava terminando e ia lá pra sala te esperar. E sabe... você pode entrar aqui quando quiser.

- Quando quiser ? - Ele questionou meio atônito.

- Vem aqui. - digo dando algumas palmadinhas no lençol para que ele venha se sentar ao meu lado.

Ele vem e se sentar, me viro ficando cara a cara com ele. E tudo que consigo fazer é encará-lo. Olhar seu narizinho, olhar os dedos quase cobertos pelo moletom, o seu cabelo impecavelmente arrumado, me fazendo querer escorregar meus dedos entre eles e bagunçá-los inteiro. Sua boca, que eu poderia beijar por horas, e finalmente seus olhos, eu poderia me afogar neles facilmente.

Balanço um pouco a cabeça voltando um pouco pra realidade e me pergunto será que ele percebe o que faz comigo? O quanto meu coração tá acelerado? O quanto minha respiração tá descompassada? Estou me perdendo novamente em devaneios quando sinto sua mão fazendo um carinho leve na minha bochecha e volto finalmente para ele e percebo que está me perguntando se estou bem.

- Estou bem, desculpe, eu só estava um pouco distraído. - Respondo e sinto minhas bochechas queimarem, tenho certeza que estou corando. - Te chamei aqui porque preciso te falar umas coisas.

- Eu fiz algo errado? Fui inconveniente? Você quer um espaço? É isso não é? - Ele fala um pouco rápido mexendo as mãos. E eu decido dar um fim no seu sofrimento, por mais que eu ache extremamente fofo esse gesto de nervosismo dele.

- Eu quero ficar com você! - Digo rapidamente, como se estivesse arrancando um curativo.

- Ficar... comigo? - ele fala como se estivesse processando a ideia, e quando eu faço que sim com a cabeça ele continua. - Ficar em que sentido? Tipo, você quer ficar sério? Ou ficar tipo, ficantes?

- Eu não sei, e eu sinto muito por não ter essa resposta. A única coisa que eu sei é que em meio ao caos que eu sou, eu quero ficar com você. Eu quero você por perto. Eu sinto que minha vida com você é mais bonita. E se você não se importar com minha bagunça, eu te convido a ficar. Te convido a me conhecer por completo, conhecer a minhas manias, os meus trejeitos, conhecer meus amigos, a família que eu tenho. E agora, eu te convido a me beijar... Até eu me esquecer o meu nome, eu quero me entorpecer de você Louis.

E a única resposta que obtenho da parte dele é um selar de lábios. Sua boca na minha é forte, rígida, mas assim como ele veio rápido, ele voltou. Desgrudou sua boca na minha e antes que eu pudesse reclamar, ele beijou minha bochecha, depois minha testa, logo após o meu pescoço, e assim finalmente voltou a minha boca. Dessa vez ele se demorou mais ali, para a minha felicidade.

Ele novamente separou sua boca da minha e repetiu a mesma trilha de beijos que fez antes e foi aí que eu entendi. Ele realmente estava me entorpecendo, e ele fazia isso tão bem. Tão bem ao ponto que eu só conseguia sentir ele. Sua boca na minha pele, sua puxando de leve meu cabelo da nuca, sua outra mão na minha cintura me puxando mais pra si. Eu só sentia o seu perfume, o seu toque, ele por inteiro. Eu estava de olhos fechados, mas eu conseguia vizualizar perfeitamente cada movimento em que ele fazia. Ele era incrível.

- Eu aceito o seu convite. Eu aceito tudo com você Harry... - Ele diz em meio ao beijo.

E assim foi o começo de um novo momento para mim. E para o Louis também. Nossa noite foi cheia de carícias, beijos, suspiros, e uma música do joji tocando ao fundo.
Em algum momento eu olhei para as estrelas e desejei só uma coisa :
Eu, ele, e mais nada.
Apenas a gente observando a galáxia.

" I don't want a friend (just me)

I want my life in two (my life in two)

Just one more night

Waiting to get there

Waiting for you (all night)

I'm done fighting all night (waiting for you)

When I'm around slow dancing in the dark

Don't follow me, you'll end up in my arms

You have made up your mind

I don't need no more signs"

I can't break [l.s]Onde histórias criam vida. Descubra agora