Capítulo 1 - Sentimentos

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Pessoal qualquer erro de ortografia por favor me avisem para corrigir. Espero que gostem do começo. E dêem sugestões.

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MARIE:

A cidade me sufoca, o confinamento dos prédios, o barulho irritante dos carros, a correria das pessoas, os cheiros nauseantes. Eu quero o isolamento de minha casa, não quero estas pessoas esbarrando a mim, não quero ninguém perto, todos que já se aproximaram foram afastados ou me traíram, principalmente minha própria espécie.

Preciso vir a cidade eventualmente, minhas empresas precisam de mim e hoje especialmente tive um trabalho na AIPP - Agência de Investigação e Proteção Paranormal. Os tolos gostam de me manter por perto, mas foi bom ter uma distração. Ainda tenho de pensar sobre o que eles me propuseram. Mas não agora, mais tarde talvez.

June ficou sabendo que eu vinha para a cidade e me pediu para passar na casa dela e por incrível que pareça eu vou. Ela é minha melhor amiga, a única que conseguiu se aproximar e ficar. Os outros, bem... são só outros, pessoas que querem se aproximar para conseguir algo da rica e reclusa Marie Blacktorne. Tolos, se quisesse algum deles perto não faria este esforço para ficar fora dos eventos e da mídia.

Poucos sabem como eu me pareço, June é uma destas pessoas. Certamente minha amiga vai tentar me tirar da toca hoje, ela é persistente e amo isso nela. Por ela estou aqui enfrentando o caos da cidade em vez de aproveitar a minha casa isolada no meio de 500 acres de terra ao pé das Ozarks. Quero deixar minha loba correr e caçar até se sentir exausta mas minha loba decidiu que precisávamos de uma matilha e escolheu June como a nossa matilha.

Me lembro bem da empolgação de June quando descobriu que eu sou uma shifter lobo. Ela certamente não é como as outras pessoas. A maioria teria corrido apavorada com ao se deparar com a minha besta, ela não se parece com um lobo comum, sou maior que o maior dos lobos cinzentos. Eu sou uma Dire Wolf, um lobo de aproximadamente 250 kg porém aperfeiçoado, eu sou muito mais forte e extremamente veloz e ágil. Mas June brinca comigo como se fosse um filhotinho de cachorro, minha loba e eu deveríamos ficar ultrajadas mas o carinho é tão sincero que não conseguimos. Eu deveria ser a alfa de nossa pequena matilha mas é June que sempre consegue o que quer.

Afinal é June que consegue aplacar nossa dor, a dor de ter sido traída por minha matilha, a dor de ser afastada de minha família, dos poucos amigos. Jamais vou perdoá-los pelas ameaças e pelo que sofri. Nunca poderei me esquecer dessa dor que me dilacera diariamente.

Mas eu os surpreendi, hoje tenho mais dinheiro e influência do que eles sonhariam. O que eles consideram uma maldição é o que me fez forte e uma sobrevivente, é o que me dá poder. Preciso ter mais um pouco de paciência e em breve poderei buscar o que me pertence e esquece-los para sempre. Quando isto acontecer eles não poderão negar o que é meu. Esse é um dos motivos que colaboro com a AIPP eventualmente, preciso deles ao meu lado.

Hoje, no entanto, é dia de cuidar de minha matilha, ou melhor, ceder aos caprichos da June. Ela conquistou meu coração quebrado e concertou algumas fissuras. Nos conhecemos a muito tempo e June gosta de lembrar deste período e de como ela juntou meus pedaços. Na época eu tinha muita mágoa e raiva não controlada, eu era um belo pedaço de encrenca. Acho que fui um desafio para ela. Tenho boas lembranças dela nos tirando dos problemas. Ninguém nunca resistiu ao olhar de cachorro perdido da June, ou ao seu sorriso inocente e ela sempre soube usar estar armas em seu favor.

Vai ser bom encontrar minha amiga, faz duas semanas que não a vejo. E minha loba precisa deste contato. June tem idéias interessantes para passar o tempo e algumas vezes perigosas. Mas hoje preciso disso para me distrair dos problemas que a AIPP está trazendo a minha porta e o que isso pode significar.

Bem... finalmente cheguei o prédio da June, se gostasse de ambientes urbanos este seria um local agradável, é um prédio de 4 andares com uma bela arquitetura colonial em uma sossegada área residencial de Little Rock. A vizinhança é bastante agradável e composta basicamente de idosos e jovens casais com filhos pequenos. As vezes penso que a June é a energia mais vibrante e perturbadora deste local e acreditem às vezes minha amiga pode ser muito perturbadora.

E lá está minha saltitante amiga, de pé em pé pulando no saguão do prédio a minha espera e 1, 2, 3...

- Marie!!!!!

Lá vem o furacão...

- Oi June! Quais os planos de tortura que essa cabecinha fértil maquinou para nós hoje?

- Marie.... - fala ela fingindo inocência - como você pode pensar assim de mim. Quando já utilizei algum dos meus aperfeiçoados métodos de tortura em você?

- Bem... eu poderia pensar em uma ou duas vezes. - Risos.

- Ah June... que é isso, você sabe que não é assim. Deve ter sido pelo menos uma ou duas dúzias de vezes. - E caimos na gargalhada.

- Vamos amiga, precisas trocar essa roupa e depois vamos sair. Precisamos tirar esse seu disfarce de nerd e nos arrumarmos para deixar alguns gatos babando. Além disso é um evento beneficente para a nova ala infantil do hospital e você tem que abrir a carteira também.

- June você sabe que não gosto de mídia! - Disse já preocupada em vincularem minha imagem ao meu nome.

- Sim, sim, calma loba. A mídia está totalmente fora por exigência de alguns convidados, nomes não podem ser exigidos por ninguém e as doações serão anônimas. Então tranquilize seu coração. A propósito o evento é de gala.

- Ótimo então a gente não vai. Eu não trouxe nada adequado...

- Nem termine... usei sua chave de emergência e fui na sua cobertura e busquei algumas opções. Sabia que se te avisasse antes você ia fugir.

Eu já sabia que era batalha perdida, quando a June planeja algo para nós ela pensa em todos os detalhes para não me deixar escapar e me deixar tranquila em relação as minhas preocupações. Então levantei minhas mão de modo a mostrar que me rendi e disse: - Ok, você venceu!!!

- Isso! Isso! Nós vamos nos divertir muito! - disse minha saltitante amiga.

Subimos no apartamento da June para deixar a minha mala antes de sairmos para comer um lanche. O evento seria as 22h e são somente 17h então temos tempo. Só espero que não me arrependa deste evento. Estou com uma sensação estranha.

Lua NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora