Dragon In The Dark | Dramione

24

Quando todos chegaram à sede pouco antes das sete da manhã, Draco teve certeza de que nunca tinha visto tanto medo. Embora tivesse tomado banho e esfregado o sangue do rosto, do cabelo e do corpo, ele ainda se sentia como se estivesse revestido dele. Ele ainda podia sentir o cheiro e o sabor do aroma acobreado cada vez que inalava. E ao passar por entre a multidão de pessoas sonolentas e confusas a caminho da sala de jantar, ele teve certeza de que elas também podiam sentir o cheiro.

Algumas pessoas o cumprimentaram, perguntando se ele estava bem, mas ele não respondeu. Mesmo depois de meia hora de Oclusão no chuveiro, suas paredes ainda estavam tão fracas que ele temia que a menor coisa as transformasse em pó. Ele sentou-se em sua cadeira típica da sala de jantar e esperou o início da reunião. Quase todo mundo ainda estava na sala, discutindo calmamente as possíveis razões para a reunião improvisada de manhã cedo. Draco fechou os olhos, cuidadosamente adicionando camadas às suas paredes mentais e fazendo o seu melhor para enterrar Granger em um canto distante de sua mente.

— Você está bem?

Ele abriu os olhos. Ginny sentou-se na cadeira ao lado dele, com os olhos arregalados de preocupação.

— Harry me contou o que aconteceu — ela murmurou, virando-se para olhar ao redor da sala. — Não acredito que você conseguiu sair vivo.

Draco cerrou a mandíbula e se concentrou em um ponto singular na parede oposta. Suas paredes eram finas e precárias, tremendo com o esforço de conter as ondas de emoção dentro dele. Ele não podia permitir que Ginny o distraísse.

— Hermione está bem? Eu não a vi na sala.

— Ela não está ferida — Draco disse, seu peito se contraindo dolorosamente. As paredes dentro dele estremeceram, curvando-se sob a pressão de sua angústia.

— Isso é bom. Pobre Cho. É tão horrível o que aconteceu com ela.

Draco piscou, seus olhos se voltando para Ginny enquanto as palavras dela deslizavam através de suas paredes, como uma flecha disparando pelas fendas para perfurar seu coração. Ele mal havia pensado em Cho desde que a encontraram morta. Ele estava tão concentrado que não se permitiu reconhecer adequadamente a morte dela. Algo semelhante à culpa e à dor caiu sobre ele.

Cho estava morta. Ela tentou alertá-los sobre o perigo, mas foi assassinada antes que pudesse avisá-los. Ele se perguntou se sua chave de portal teria funcionado para ela se ela tivesse tentado. Se ela os tivesse deixado para trás e levado sua chave de portal de emergência para um local seguro, ela estaria viva. Talvez ela conseguisse levar ajuda para a casa dos Longbottom a tempo. Em vez de um massacre, poderia ter sido uma batalha.

Ele balançou a cabeça, forçando sua dor por Cho para o lugar onde ele mantinha Pansy, William e seu pai. Enquanto ele estava fazendo isso, ele empurrou Granger para baixo também. Não tão profundo quanto os outros, mas baixo o suficiente para que ele não sentisse a dor da perda dela tão acentuadamente. A última coisa que ele precisava era perder o controle das emoções durante a reunião; para permitir que eles subam à superfície e explodam dele como um animal selvagem solto de uma gaiola.

Ele se concentrou nas paredes, tentando ao máximo preencher as rachaduras rapidamente. Mas ele manteve a flecha em seu coração, onde ela pertencia. Era justo com Cho.

Os membros da ordem começaram a entrar em fila e a ocupar seus lugares, alguns segurando xícaras fumegantes de café ou chá, alguns conversando nervosamente com os vizinhos, outros sentados em silêncio enquanto reprimiam bocejos e esperavam a oportunidade de voltar a dormir.

Granger foi uma das últimas a entrar. Ela havia tomado banho e usava roupas limpas que Draco só podia adivinhar que ela havia pegado emprestadas de Ginny, mas seus olhos ainda estavam fundos e sua pele estava fantasmagoricamente pálida. Seus olhos permaneceram baixos enquanto ela caminhava para seu lugar normal na mesa em frente a Draco.