2- Be Normal

1.2K 116 112
                                    

Roseanne

— Isso é realmente necessário para as pacientes? Eu sei que isso aqui é um manicômio e tals, mas pra que um tratamento de choque e estrup...

— Peço que retire o que disse, isso não é estrupo, senhorita Park.

— Me acha boba? Qual é, vocês forçam as pacientes terem relações sexuais e me dizem que isso não é estrupo? Haha, conta outra.

— Por que se importa? É apenas um dos tratamentos, Roseanne. Isso é preciso. Se suas famílias as deixaram aqui tem um motivo: temos que arruma-las, e é isso que estamos fazendo. Estamos livrando essas mulheres dessa doença.

— Aish! Não sabia que homossexualidade era algum tipo de doença... — Murmurrei enquanto apoiava meu queixo na palma da minha mão.

— O que disse, senhorita Park?

Neguei com a cabeça fazendo Young-chul continuar com aquela reunião idiota, batia meus dedos levemente sobre a mesa de madeira enquanto ouvia Young-chul com uma expressão tediosa. Ele sempre discordava de tudo, mas eu não podia fazer nada, já que eu estava apenas seguindo a maldita linhagem da família Park.

Uma família tediosa e sempre de modo ridículo tentando ser melhores que os outros.

— Eae, Chaeng! Precisa de alguma ajuda com a nova paciente?

— Não, Sorn. Eu quero ganhar a confiança dela primeiro. Me parece que a paciente 1996 é a mais nova entre todas as outras, ela ainda está muito assustada e ainda não sabe o que está acontecendo direito então imagine quando ela descobrir que não irá sair daqui tão cedo.

— Tudo bem, chefinha! Te vejo no refeitório.

Assenti com a cabeça dando um pequeno sorriso para a garota logo depois, coloquei meu jaleco e comecei a caminhar pelo grande corredor cheio de quartos ouvindo os choros dolorosos das garotas. Umas estavam aqui a poucas semanas, outras a alguns anos porém todas ainda em choque, ainda não se conformavam com tal situação. De abandono como se fossem algum bicho com algum tipo de praga. Suas famílias achavam o simples ato de amar alguém do mesmo sexo que você uma monstruosidade, uma doença, uma praga que somente um manicômio poderia curar. Tristes e ridículos pensamentos.

Por Deus, se eles souberem como sou diferente poderia ir direto ao inferno sem passagem para o céu.

Parei em frente a porta de um quarto, soltei um pouco de ar pelos meus lábios ao ler o número "1996". Pela pequena janela da porta eu pude ver ela sentada num canto do quarto enquanto abraçava suas pernas, ela estava tão encolhida que parecia um bolinho, mas um bolinho triste. Senti um leve aperto no meu coração ao vê-la nessa situação, podia ver o medo em seu olhar mesmo com sua franja quase cobrindo seus olhos conseguia ver o pavor da garota.

Abri a porta do seu quarto e entrei se aproximando lentamente dela, seu olhar que antes era voltado para o chão me fitaram e junto a isso a garota soltou um grito doloroso, meus ouvidos doeram mas eu não me importei. Seus olhos que antes transmitam medo, agora transmitiam raiva, ela se levantou andando em minha direção e suas mãos se fecharam, ela começou a desferir alguns socos em meus peitos, ombros e barriga. Seria doloroso se não fosse tão deprimente. Ela não era a primeira a me bater, mas seus socos doíam comparado com os das outras "pacientes".

Peguei seus pulsos assim que sua força diminuiu pelo cansaço, levei ela até a cama a empurrando no colchão um pouco desconfortável, amarrei suas mãos e seus pés e ela começou a se debater e a gritar, seus gritos eram tão altos que pensava que ela poderia estourar suas cordas vocais por um momento. A única coisa que eu fiz foi ficar a observando com um leve aperto em meu coração. Aos poucos ela foi se cansando fisicamente e então começou a chorar, suas lágrimas desciam rapidamente pelo seu rosto, suas bochechas já estavam vermelhas de tanto gritar e chorar.

1996 - Chaelisa Ver. (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora