Lalisa.
Acordei meio tonta de um dos melhores sonos que eu já tive dês que cheguei aqui, aquela havia sido a primeira vez que havia dormido tão bem minhas lembranças eram quase nítidas outras por sua vez eram mais vagas, mas eu sei que dor nos braços de Chaeyoung. Me sentei na cama olhando o sol forte vindo do lado de fora daquele lugar, acho que tinha dormido demais, pela posição do sol era meio-dia ou quase meio-dia.
Ouvi o barulho das chaves passando pela porta, aquele barulho já virou um dos meus favoritos tirando o som da chuva. Meu coração disparou esperando ver Chaeyoung, mas não era ela, era um enfermeiro. Por que não era Roseanne? O homem segurava um saco preto e grande assim como aqueles que põe lixo, ele jogou aquele saco em minha direção e logo depois cuspiu no chão como se tivesse nojo de estar ali, com nojo de mim como se eu fosse um bicho que ele odiava só de pensar.
-Anda logo com isso! Você já dormiu demais que as outras, não faça eu ter que parar o meu precioso trabalho para te esperar, garota! -Olhei o saco remexendo nele para ver o que tinha dentro , vi um tipo de um uniforme azul, uma camiseta e uma calça comprida. Lembrei que no dia que foi ao jardim todas as outras pacientes usavam aquela mesma roupa com a diferença que cada uma tinha um número, o meu estava destacado no bolso da camiseta, o meu número era "1996" e ele era bordado no tom preto. -Vamos logo com isso, garota! Eu não tenho o dia inteiro para você apenas se vestir!
-Eu não vou me vestir com você aqui me olhando. -Respondi de costas, sem nem ousar a olhar para aquele homem mas ele apenas deu uma gargalhada falsa.
-Se vestir na minha frente não vai ser nada comparado com o que você ainda vai passar, bonitinha.
Meu corpo todo se tremeu e meu estômago se embrulhou, a vontade de vomitar se instalou no meu corpo ao ouvir ele falar aquilo. Aonde estava Chaeyoung? Eu queria ela, ela não me trataria desse jeito. Eu quero ela, não ele. Foi humilhante, ridículo, e totalmente nojento ter que me despir na frente daquele cara nojento. Eu sentia seu olhar queimando sobre minhas coxas e pernas quando tirei a minha calção, até escutei aquele assovio ridículo vindo dele. Nojento, definitivamente nojento. Me virei para o homem e meus olhos passavam por todo o local procurando Chaeyoung, eu só queria ela ali.
-Nada mal, bonitinha. -Ele sorriu de canto de forma nojenta, acho que não me cansaria de chamar ele de nojento. -Vamos, lindinha.
O segui de cabeça baixa até o local, era um refeitório, tão silencioso que nem parecia que tinha várias mulheres aqui. Sinistro. Ao aparecer no local todas as mulheres me olharam ao mesmo tempo, me deixando envergonhada, constrangida e desconfortável. Fui guiada até uma fila onde me entregaram mais uma daquela gororoba nada gostosa que Chaeyoung me deu um dia. Me sentei num lugar vazio entre duas mulheres, o único som que conseguia ouvir era dos talheres nos pratos e das mastigadas, não dava pra ouvir nada mais além daquilo.
-Não coma isso, menina. -A garota que estava do meu lado direito sussurrou olhando para a colher que eu já levava para a boca me assustando levemente. -Se quiser ficar viva... Não coma isso. -Chaeyoung me disse o total contrário.
-Por quê?
-Tem algumas substâncias nessa gororoba que estão nos matando aos poucos. -Ela se afastou na hora que um enfermeiro passou do nosso lado, vi por baixo da mesa que ela segurava uma sacola, a qual ela colocou no nosso meio e ali me mostrou que jogava a comida fora. -Apenas faça o que eu faço, esta bem?
Observei quando ela levava a colher até a boca e depois jogava tudo na sacola, eu a imitei o mais sutil e paciente possível e quando percebo não tinha mais nada no prato. A mulher de levantou me olhando, ela fez um sinal com a cabeça para eu a seguir, e assim eu fiz parando na frente de dois enfermeiros que bloqueavam a porta, a mulher cujo eu ainda não sabia o nome mostrou a sua bandeja vazia e logo eles deixaram ela passar, fiz o mesmo e lá estávamos nós, no jardim. Não havia muitas mulheres lá, mas elas olharam para a gente, a garota por fim se virou para mim e deu um sorriso meio torto.
-Minatozaki Sana! -Ela estendeu a mão, olhei o seu gesto, não a deixando no vácuo porém apenas toquei sua mão rápidamente.
-Lalisa Manoban.
-Eu sei quem você é... Quer dizer, sem querer ser fofoqueira mas todas aqui sabem quem é você. A primogênita de Marco Brüschweiler Manoban, todos sabem quem você é.
-O seu sobrenome... Ele não me é estranho... -Murmurei enquanto brincava com os meus dedos tentando me lembrar da onde havia ouvido falar em seu sobrenome, mas desisti quando ela me chamou a atenção novamente.
-Não querendo ser curiosa mas... Esta aqui a quantos dias?
-Quatro...
-Ah... Você ainda não... Não passou pelo projeto vinte e dois... -Ela disse num praticamente sussurro.
-Sana... O que é esse projeto? -Ela trancou a mandíbula, apertou as mãos e fechou os olhos, ela ficou tão tensa que me assustou um pouco.
-Você precisa sair daqui Lalisa. Você não pode passar por isso, você não deve perguntar para ninguém sobre esse projeto, não pergunte para nenhuma enfermeira ou enfermeiro ok? -Fiz um sinal positivo com a cabeça. -Eu estou planejando algo para fugir daqui a um tempo, mas não achava ninguém de confiança para mostra-lo por completo. Nenhuma mulher tem coragem de fugir daqui e eu já quase fui entregue para os enfermeiros por culpa de uma garota... Você não iria fazer isso certo?
-Não... Eu quero sair daqui também, Sana! Me leve junto com você? Por favor!
-Hey, calma! O plano ainda está na metade, você tem que me ajudar com isso e principalmente ter paciência.
-Tudo bem! Eu te ajudo com tudo que você precisar, mas por favor me tire daqui!
Ao terminar de falar, tapei meus ouvidos assim que uma sirene estrondosa tocou, vi alguns enfermeiros correndo em nossa direção, nos agarrando pelo o braço e correndo pelo o longo e grande corredor, fui separada de Sana e jogada em meu quarto, senhor trancada sem ao menos ter entendido e me despedido de Sana. Além de claro, estar com fome.
Senti algo estranho no bolso da minha calça, passei minha mão por ela e então de la tirei uma barrinha de cereal de banana, com o número "1994 Sana", eu sorri abrindo aquilo com tanta velocidade que pensava que poderia derrubar a barrinha naquele chão podre. Fechei os meus olhos em deleite ao sentir a granola e o resto dos ingredientes da barrinha em minha boca, aquilo bastava por enquanto. Quando tudo me pareceu calmo a porta se abriu, dessa vez me mostrando Roseanne, com uma feição exausta, enjoada, apavorada mesmo que ela parecesse estar calma, seus cabelos loiros estavam levemente grudados em sua testa, ombros e costas. Ela se virou me olhando, pelos seus movimentos eu podia jurar que ela estava chorando, tive quase certeza quando ela soluçou. Eu me levantei, nas pontas dos pés me pus atrás dela tocando suas costas mas tirei minha mão automaticamente quando ela se remexeu.
-O que foi? -Ela negou com a cabeça. -O que foi, Chaeyoung? -Insisti na pergunta, esperando que ela respondesse, eu queria ouvir a sua voz.
-Eu tenho que te tirar daqui, Lisa. Eu preciso te tirar daqui. -Ela sussurrou me surpreendendo com o apelido. -Projeto vinte e dois, esse é o problema, Lalisa...
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1996 - Chaelisa Ver. (G!P)
FanfictionSua sexualidade não era uma doença, ela não estava louca, ela apenas amava alguém. Adaptação!! História original: @cadela_da_Lisa Capa por: @namusics 🏆: #1 em Lichaeng #3 em Lalisa #7 em Rosé