1- I'm Not Crazy

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Lalisa.

— ME SOLTEM! ME PONHAM DE VOLTA NO CHÃO AGORA! MAMÃE, MANDE ELES ME COLOCAREM NO CHÃO!

— Eu tenho que fazer isso, filha. É o melhor que eu posso fazer... Eu sinto muito, mas você está doente!

— Ela está louca! Doente e louca. Levem-la daqui agora mesmo! — Meu pai gritava autoritário para os dois caras que me segurava enquanto apontava para uma van branca que me assustava apenas de olhar, parecia ser amedrontador lá dentro, não queria nem pensar como seria no lugar que pretendiam me levar.

— PAPAI! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NEM SEI O QUE EU FIZ!

Me colocaram uma camisa de força a alguns minutos atrás e aquilo limitava meus movimentos, mas eu me debatia, ou pelo menos tentava. Meu pescoço e minha cabeça já doíam de tanto me debater. Minha voz já estava ficando escassa, minha garganta doía de tanto gritar e tentar explicar para eles que eu não era louca, eu não era doente...

— Mamãe... Você sabe que eu não estou doente... Acredita em mim, por favor...

— Nem tente novamente fazer a cabeça da sua mãe, Lalisa! Você tem... Não, você precisa se tratar! Eu sinto nojo de você, sua doente mental. O que estão esperando seus idiotas?! Andem! Levem-la para longe de mim e da minha mulher!

A porta daquela van foi fechada junto aos meus gritos. Porque eles não acreditavam em mim? Deus o que eu havia feito de errado? A minúscula janela da van me dava a visão de meus pais, que se afastavam aos poucos conforme a van se movimentava. Meus gritos não adiantavam de mais nada, percebi que era melhor eu parar de gritar antes que minha voz acabasse de vez.

— Não adianta tentar fugir, princesa. Você não tem para onde ir. — Um dos homens falou, senti meu estômago embrulhar rapidamente como se fosse vomitar ali e agora mesmo ao ouvir sua voz, um velho nojento e desgostoso que me olhava com pura maldade no olhar, eu conseguia sentir aquilo. — Bom, acho que já podemos começar o tratamento aqui mesmo.

Meus olhos se arregalaram e transmitiam medo ao ver as mãos do homem começarem a abrir seu cinto, eu queria gritar mas não iria adiantar em nada. Ninguém iria me ouvir além de mim mesma e esses dois caras nojentos. O homem veio em minha direção abaixando seu zíper rapidamente, voltei a gritar e a me debater. Por que eu? O que eu tinha feito de errado? Por que eu tinha que passar por isso?

— Andrew! Não faça isso, quer foder com a nossa vida também?! Já estamos chegando seu idiota. Guarde esse seu pinto ou eu dou um tiro nele e em você! Mas que porra parece que só pensa em transar.

Pela minúscula janela daquela van, eu pude ver uma casa enorme, uma casa sombria que me dava medo e arrepiava todos os pelos da minha pele, aquela não era a minha casa, mas eu queria voltar para a minha casa. Os dois caras me amarraram em uma maca e me empurraram até um quarto onde eu só conseguia ver branco. Todas as paredes eram brancas, era tudo branco mas tão branco que chegava a doer meus olhos. Eu fui jogada no chão, como um saco de lixo, como uma doença totalmente contagiosa, como um nada. Me tiraram daquela camisa de força e depois saíram daquele quarto e me trancaram... Quarto? Será que eu poderia chamar aquilo de quarto? Fui até o chão e me encolhi ali, com a minha cabeça entre as minhas pernas enquanto as abraçava com meus braços. Estava tão em choque que não conseguia mais chorar nem gritar, eu não sabia o que estava acontecendo e aquilo me assustava.

Ouvi um barulho de um molho de chaves se debatendo uma nas outras, a porta se abriu me dando a visão de uma mulher que segurava um copo de leite e um prato, ela me olhou, suas sobrancelhas estavam franzidas e seu olhar tinha um pequeno brilho de pena, ela tentou se aproximar de mim mas em engatinhei até o outro lado do quarto e comecei a tremer com medo dela me machucar.

1996 - Chaelisa Ver. (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora