Capítulo 5

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Ratatouille: É uma clássica receita francesa, típica da região de Provença, criada no século XVIII por camponeses que precisavam aproveitar melhor os vegetais maduros do verão. Tem como ingredientes principais a berinjela e o tomate, entre outros legumes assados, cortados em rodelas e cobertos com molho de tomate. Pode ser servido quente ou frio.

Abril

Lizbeth

– Como está o trabalho?

Eric e eu estamos sentados um ao lado do outro no parapeito de uma das janelas do primeiro andar do colégio.

– Tudo certo. As pessoas são legais e eu estou atraindo clientela por causa do meu cabelo. Na semana passada um cara voltou meia hora depois de sair. – Nós dois rimos, apesar do sorriso dele ser bem mais discreto que o meu.

– Não acho que ele voltou por causa do cabelo. – Ele me olha com a sobrancelha arqueada.

– Só lamento por ele, mas foi engraçado. Ganhei uma gorjeta e tanto e quem sou eu para recusar.

Já se passaram duas semanas desde que me mudei e comecei a trabalhar. Nesse período acabei ficando muito próxima de Eric, apesar de ainda não conseguir conversar normalmente com os outros.

Já Tristan... bem, digamos que poderia estar pior. Simplesmente não nos falamos mais que o necessário.

Dois garotos do último ano passam por nós e um deles pisca para mim, me fazendo ficar vermelha e desviar olhar para o pátio, através da janela.

– Ainda não sei como você consegue conversar comigo, Liz. – Começo a me abanar e ele ri um pouco mais, mostrando os dentes. – Você poderia entrar em combustão se um cara se aproximasse demais.

– Engraçadinho. – Resmungo. – Isso é raro. Eu quase não te vejo sorrir tão abertamente. – Ele diminui o sorriso e limpa a garganta.

– É meu jeito.

– Eu sei, e não foi você mesmo quem disse que tem relacionamentos que não podem ser explicados? Como você espera que do nada eu tenha respostas do porque não quero me abanar perto de você, apesar de toda essa sua maravilhosidade, que está atraindo pessoas do sexo feminino para o corredor?

Encaro o fluxo de alunos, e de fato muitas garotas estão paradas no corredor e conversando encostadas nas paredes à nossa volta, em grupos e dando risadinhas enquanto piscam na nossa direção.

– Na verdade, – continuo – tem um cara te olhando também. Acho que maravilhosidade não é a palavra. – Penso por um momento. – Você é gostoso. – Ele solta uma risada baixa e debochada. – Com esse número de pretendentes, você definitivamente tem que ser gostoso. Acho que eu deveria agradecê-los por terem aberto minha mente limitada em relação a você.

– Eu acho que você deveria respirar um pouco, Liz.

Eu coro, mas meu sorriso é verdadeiro.

Eric olha pela janela e não sei dizer o que está pensando. Ele é um mistério e apesar da nossa aproximação recente, ainda não sabemos muito um sobre o outro. Ele não me pergunta nada e eu também não, mas sei que se eu quiser falar, ele vai ouvir.

Penso por um instante e engulo o bolo que se formou na minha garganta.

– Sabe, minha mãe morreu faz três anos.

Sinto seus olhos em mim, mas continuo olhando pela janela. O jardim dos fundos da escola é grande, bancos e mesas de pedra fincados na grama e alunos e professores andam de um lado para o outro sem pressa, aproveitando o calor agradável que se aproxima.

Strawberry & Coffee [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora